Lubango, cidade do sul de Angola, assinala 89 anos
Os portugueses da Madeira fundaram, em Janeiro de 1885, a colónia de Sá da Bandeira, que a 31 de Maio de 1923 atingia a categoria de cidade, depois do comboio ter escalado a urbe, vindo do Namibe.
Lubango - Lubango - Com olhos postos no restauro do seu prestígio, a “Cidade Jardim de Angola”, o Lubango, completa nesta quinta-feira 89 anos desde a sua elevação a esta categoria, quando a primeira locomotiva do Caminho-de-ferro de Moçâmedes (CFM) venceu o deserto do Namibe e chegou ao planalto da Huíla.
Passados 89 anos depois da sua elevação a cidade, no ano de 1923, o Lubango tenta, aos poucos, reaver a sua antiga imagem, intenções que não dependem somente das autoridades administrativas locais, mas também do contributo dos seus filhos, para que se torne verdadeiramente numa das urbes mais prósperas do país.
A actual imagem da cidade do Lubango está beliscada. A urbe precisa de ver restaurada toda malha rodoviária interna, fachadas dos edifícios, passeios, jardins e espaços de lazer, reposição da sinalização horizontal, imprimir uma nova dinâmica no sistema de saneamento e impor disciplina aos citadinos.
Os jardins do casco urbano, que muito dinheiro público consumiram para a sua reabilitação, em 2005 e 2006, estão em quase estado de abandono, a administração municipal não consegue dar resposta aos desafios que lhe são impostos, pois é débil o funcionamento dos serviços comunitários.
A nomeação pelo governador, Isaac dos Anjos, quarta-feira, de um novo administrador, Silvano Leví, formado em gestão urbana, pode ser um catalisador das esperanças por dias melhores por parte dos habitantes de uma das mais belas cidade de Angola.
Na capital huilana, nem tudo são problemas. Concebida para pouco mais de 50 mil habitantes, a urbe suporta actualmente mais de um milhão, distribuídos em quatro comunas (Arimba, Hoque, Quilemba e Huíla), o que dificulta a prestação de alguns serviços básicos com eficácia, como é o caso do saneamento, água e energia eléctrica.
É com olhos no futuro que o governo local projectou, há dois anos, o crescimento da cidade para duas zonas distintas: as centralidades da Eywa, projectada para quatro mil fogos habitacionais, e a da Quilemba, com 11 mil, projectos de iniciativas público-privadas.
Este mega projecto funcionou como uma verdadeira “arma” para combater as construções anárquicas no casco urbano, possibilitando, deste modo, a implementação de programas de requalificação que vão mudando a imagem da cidade, a exemplo da construção da nova marginal do Mukufi, com uma extensão de 18 quilómetros e com duas faixas de rodagem.
A instalação de um renovado sistema de distribuição de água, electricidade, assim como de postes de iluminação pública são outras acções em execução que, actualmente, dão uma imagem arranhada à urbe, em função das escavações verificadas um pouco por todo município, mas que, em dois meses, os seus habitantes poderão sentir os benefícios.
O Lubango ainda vive sérios problemas no fornecimento de energia eléctrica, cujo processo de distribuição é feito à base de restrições, há mais de quatro anos, já que a única fonte de geração é a barragem hidroeléctrica da Matala, actualmente em reabilitação, necessitando de uma central térmica para cobrir o défice, pois a cidade precisa de mais de 100 megawatts de energia, contrastando com os cerca de 26 disponíveis actuais.
O abastecimento de água deixou de ser um problema grave na cidade do Lubango, há dois anos, devido aos investimentos feitos no sector, estando actualmente a ser abastecida pelas nascentes da Senhora do Monte, onde a captação é feita através de cinco furos, com capacidade para produzir 95 mil litros de água/hora e pela central de captação da Tundavala com um caudal estimado em 300 mil litros/hora, onde está a ser instalado um novo sistema de distribuição para a cidade, em execução há cinco meses e que deve estar concluído em finais de Junho deste ano.
Na saúde, o município está bem servido, conta com uma rede sanitária com mais de 100 unidades, onde o realce vai para o Hospital Geral Agostinho Neto, com 520 camas, uma central de referência que assume agora o papel do Hospital Universitário.
Na educação, o Lubango assumiu desde 2007 o signo de “Cidade do Conhecimento”, denominação que caiu como uma luva, pois, para além das melhores condições climáticas para estudar, conta com uma rede escolar, do ensino de base ao superior, constituída por mais de cinco mil instituições, capazes de responder às necessidades actuais.
Lembra-se que foi uma das primeiras cidades do interior a possuir ensino de segundo grau (liceu), não só o Liceu Nacional Diogo Cão, mas também a Escola Industrial e Comercial Artur de Paiva e o Instituto Agrícola do Tchivinguiro.
A chamada "Sá da Bandeira", até 1975, acolhe a sede da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, que, com outras cinco privadas, perfazem uma rede de seis instituições de ensino superior, onde estudam perto de 15 mil citadinos.
A localização geográfica do Lubango, sudoeste do país, limitado pelos paralelos 13 graus e 15 minutos e 16 graus e 30 minutos a sul, assim como pelos meridianos 13 graus e 30 minutos e 16 graus a leste, torna-o num dos pontos de confluência de todos que desejam cruzar Angola.
O Monumento de Cristo Rei, as Fendas da Tundavala e Bimbe, as Águas Cristalinas da Cascata da Huíla, a Serra da Leba (esta última embora pertencente ao município da Humpata, o seu sucesso é feito a partir do Lubango) são, sem sombra de dúvidas, os cartões de visita desta urbe localizada a cerca de 2. 400 metros de altitude.
Pólo de desenvolvimento da província da Huíla por excelência, o Lubango é limitado a norte pelos municípios de Quilengues e Cacula, a leste por Quipungo, a sul pela Chibia e a oeste pela Humpata e Bibala (Namibe).
O seu clima é tropical de altitude, a temperatura média anular ronda aos 20 graus centígrados, sendo Julho o mês mais frio e Novembro o mais quente. A média pluviométrica anual é superior a 1000 milímetros, o que faz com que a vegetação predominante seja baseada em árvores carnudas que surgem no meio de ervas rasteiras, próprias de regiões de transição para o deserto.
A etnia predominante é o subgrupo étnico Ovamuila, do grupo Nhaneka-Humby, que vive disperso em pequenas aldeias.
O primeiro contacto europeu com pessoas da região data de 1627. Embora a soberania portuguesa tenha começado apenas em 1769, mas foram os holandeses que deram os primeiros sinais de povoamento europeu, por volta de 1880. Os portugueses da Madeira fundaram, em Janeiro de 1885, a colónia de Sá da Bandeira, que a 31 de Maio de 1923 atingia a categoria de cidade, depois do comboio ter escalado a urbe, vindo do Namibe.
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