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A China quer as Lajes
19/11/2012
Há poucos meses, sugerimos aqui
(como ironia e para sublinhar os limites estreitos do quadro
financeiro-económico em que Merkel e amigos puseram a Europa a definhar)
que os responsáveis portugueses deveriam antecipar as ordens de Merkel e
do ‘Bild’ para “vender as ilhas” e começarem já a trabalhar nesse
cenário. Mal adivinhámos na altura que o trágico da realidade vai bem à
frente da nossa ironia. Não que Cavaco, Passos, Gaspar & Cª
antecipem o quer que seja mas sim porque alguém o faz. Não são os
portugueses que pensaram em vender as ilhas… São os chineses que
pensaram em comprá-las! A começar pela Terceira, nos Açores, a da Base
das Lajes! O ‘Bild’, entretanto, não deu a notícia deste interesse
chinês… Pena que assim seja.
No
fim de Junho passado, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao fez por
arranjar, no regresso de uma viagem à América do Sul, uma “escala
técnica” nas Lajes. Durante 4 horas, Wen Jiabao visitou (e também os
homens da sua comitiva…) a base e a ilha. As campaínhas de alarme
tocaram nas grandes capitais europeias e em Washington.
Bizarro…
A delegação chinesa partira do aeroporto de Santiago do Chile e a
viagem normal de regresso à China seria, simplesmente, um atravessar do
Pacífico. Como é, aliás, habitual os chineses fazerem. Então,
perguntou-se alguma gente, o que levou Wen Jiabao a mais que duplicar o
percurso de regresso? Olhando para o percurso, a resposta parece
simples. A alteração do percurso de regresso tinha apenas como
objectivo encontrar um pretexto para esta “escala técnica” que não era
tal mas sim a oportunidade para Jiabao inspeccionar a base e a ilha…
Essa era a única razão para o seu avião não estar no Pacífico mas no
Atlântico.
Em
Washington, houve imediatamente quem interpelasse o Pentágono sobre os
seus planos para ‘desinvestir’ nas Lajes (decisão que de um ponto de
vista técnico-militar pode fazer sentido mas que de um ponto de vista
estratégico é muito questionável). Com o já alto desemprego existente na
Terceira (10%) e dado que a base assegura 5% dos empregos da ilha, a
conclusão em certos círculos de Washington é que Portugal terá de
encontrar um novo ‘inquilino’ para as Lajes. Como também é conhecido que
Pequim escolheu Portugal como a sua grande porta de entrada na Europa
Ocidental e no Atlântico, as contas não foram difíceis de fazer quando
Wen Jiabao desembarcou nas Lajes.
A
Base Aérea nº4 é uma grande atracção para Pequim. Se lá puser o pé, a
China pode patrulhar as zonas norte e centro do Atlântico, pode mesmo
cortar o tráfego aéreo e marítimo entre a Europa e os EUA (que vingança
para quem tem o poderio naval americano no estreito de Taiwan e em todo o
chamado mar da China…) e também negar o acesso ao Mediterrâneo.
Uma,
apenas uma, das ilhas portuguesas do Atlântico chega para fazer ‘tocar
campaínhas’ de Pequim a Washington passando pela Europa e por Moscovo…
Para evitar mais alarmes, o Pentágono que faça o favor de proibir Merkel
de dar ‘ordens’ para “vender as ilhas” e mandá-la portar-se bem. Talvez
que Putine também possa ajudar nisso… É que pode haver alguém que siga a
‘ordem’ à risca… “Quantos milhões são precisos para tomar conta desse
partido no governo?”, perguntava, já há tempos, um ‘jornalista’ oriental
aos seus convidados na mesa de um restaurante de Lisboa. Não foi
possível ouvir a resposta.
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