segunda-feira, 30 de maio de 2011

RESTAURAR PORTUGAL - I Caminhos para Sair da Crise [Esboço para um Manifesto]


RESTAURAR PORTUGAL - I
Caminhos para Sair da Crise
[Esboço para um Manifesto]
José JPeralta

O objetivo deste ensaio é apontar caminhos para
sair da crise que  assola o país, propondo a
Restauração da identidade genuína de Portugal.

I
REFORÇAR A IDENTIDADE NACIONAL

1. A grave crise econômica e ética que abala Portugal, (e outros países, pelo mundo a fora), precisa ser considerado, com certo repúdio a governos perdulários e entreguistas, que vêm inviabilizando as finanças e o civismo do país e inquietando a nação.
O país foi levado a uma  constrangedora condição política, econômica e social, por governos irresponsáveis e fracos, manchando a dignidade da Nação.
Temos de nos envergonhar de governos golpistas  e não do país ou do povo, que deles são vítimas.
Portugal é um país de muita grandeza, que muitas pessoas das novas gerações desconhecem. A história do país real foi-lhes sonegada. A pequenez é de alguns cidadãos fracos e não do povo, que sofre as consequências. 
Portugal é um país de grande projeção na história da humanidade. E um país pelo qual todo o globo se preocupa, porque todo o globo recebeu de sua presença alguns benefícios. Os portugueses tem grande responsabilidade por seu país diante dos outros povos que lhe querem bem. O que aqui se fizer ou deixar de fazer a muitos interessa. Mas interessa fundamentalmente aos 260 milhões de Lusófonos que vivem nos quatro cantos do mundo.

2. Durante mais de 35 anos, o país, com sua identidade épica, de quase 900 anos, vem sendo ocultado ao povo, na ânsia de descaracterizá-lo e transformá-lo numa nação amorfa, manipulável, humilhando seu orgulho natural de uma nação sempre vitoriosa, de dimensões planetárias.
A história do país, há 35 anos vem sendo escamoteada.
Os jovens perderam a visão conjuntural de seu país.
Dos muitos desafios com que o país se depara, referimos cinco que trazem outros: a baixa competitividade da produção econômica do país; a baixa taxa de natalidade; a educação de baixa produtividade e os desperdícios  de divisas; a perda de valores éticos e humanísticos. Estas são as armadilhas que precisamos superar.
Outros desafios decorrem da perda valores éticos e humanísticos:
A falta de alguns princípios que vão sendo esquecidos:
O  primado da honra e da honestidade, da generosidade e da alteridade, do valor do trabalho e da responsabilidade, da busca da competência e de melhorias contínuas, da convivência e dos valores espirituais, da solidariedade e da sustentabilidade ambiental, da educação séria e sólida.


3. Em meio a essa situação, precisamos recuperar o orgulho nacional, e superar a desilusão e a desconfiança geral, em má hora forjada, nos gabinetes golpistas ou despreparados. Depressão não é solução.
Precisamos recuperar o orgulho nacional, com a altivez natural, como convém. Recuperando a autoconfiança, virá a solução, que não é teórica; é prática.
O país está em crise de identidade, capitaneado por mentes medíocres e “apátridas”.
Frente a frente, com a crise e suas artimanhas, ainda pensamos com Tagore: “Mais vale acender um fósforo do que maldizer a escuridão”.
Devemos nos revoltar e reagir com veemência ao menosprezo, com que vêm, sendo tratados e levados ao esquecimento os monumentais feitos heroicos da nação e seus heróis extraordinários, ao nível dos melhores que produziu a nossa humanidade. Mas, por outro lado, devemos compactuar alguns conceitos: reagir não é agredir, nem humilhar ninguém; devemos respeitar a dignidade de todos, como seres humanos, ainda que hajam com indignidade, em algumas circunstâncias. Só não podemos elogiar atos indignos, mas lastimá-los e até repeli-los, quando ofensivos e ajudar a saná-los... Leia mais: Restaurar Portugal – Caminhos para sair da crise (clique)
[Texto em Construção]
Jose Jorge Peralta <josejorgeperalta@gmail.com>

domingo, 29 de maio de 2011

Inscreva-se como orador ou participante presencial no 16º colóquio da lusofonia

Caro Colega,

Inscreva-se como orador ou participante presencial no 16º colóquio da lusofonia (de 30 setembro a 5 de outubro ilha de Santa Maria, Açores). Percorra na nossa página imagens da ilha e leia os textos de Daniel de Sá e Chrys Chrystello sobre a ilha.
Leia sobre os 3 autores convidados DANIEL DE SÁ, VASCO PEREIRA DA COSTA E EDUARDO BETTENCOURT PINTO,  além de outros escritores presentes.
Neste colóquio inserido no programa de Turismo Cultural da ilha iremos levá-los aos quatro cantos da ilha ao longo dos vários dias, teremos um  roteiro literário com Daniel de Sá e várias sessões culturais além das palestras.
Depois dos luxos orientais do 15º colóquio em Macau regressamos à simplicidade e naturalidade ancestral dos Açores na ilha-mãe.
Saiba tudo em

http://www.lusofonias.net/encontros%202011%20sta%20maria/index.htm
-- 
J. CHRYS CHRYSTELLO, Presidente da Direção
COLÓQUIOS DA LUSOFONIA (AICL, Associação [Internacional] Colóquios da Lusofonia) - NIPC 509663133
  Sede: Rua da Igreja 6, Lomba da Maia 9625-115, S. Miguel, Açores, Portugal
Contactos: (+351) 296446940, (+351) 919287816/ 916755675
Página web:  www.lusofonias.net
Correio eletrónico: lusofonia.aicl@gmail.com / lusofoniazores@gmail.com 
Blogue: http://coloquioslusofonia.blogspot.com/ 
YAHOO GRUPO: LUSOFONIA-AICL@yahoogroups.com  /SUBSCREVER: LUSOFONIA-AICL-subscribe@yahoogroups.com
aderir AICL: http://www.lusofonias.net/menu%20do%20site.htm
XVI Colóquio SANTA MARIA - AÇORES 2011 http://www.lusofonias.net/encontros%202011%20sta%20maria/index.htm
XVII Colóquio LAGOA - AÇORES 2012 http://www.lusofonias.net/encontros%202012%20Lagoa/index.htm


 COLÓQUIOS DA LUSOFONIA (AICL, ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL COLÓQUIOS DA LUSOFONIA)  
www.lusofonias.net

História Geral de África em 8 volumes grátis. Preciosidade para guardar

8 volumes da edição completa.
Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.
Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Download gratuito (somente na versão em português):
    • ISBN: 978-85-7652-123-5
    • ISBN: 978-85-7652-124-2
    • ISBN: 978-85-7652-125-9
    • ISBN: 978-85-7652-126-6
    • ISBN: 978-85-7652-127-3
    • ISBN: 978-85-7652-128-0
    • ISBN: 978-85-7652-129-7
    • ISBN: 978-85-7652-130-3

quinta-feira, 26 de maio de 2011

quem tem medo da lusofonia

Quem tem medo da lusofonia?

Walter Filipe, que também se apresenta como Jamba Kaji, é um jovem angolano que estuda em Portugal. Ele e mais outros jovens, oito no total, acabam de editar um livro de poemas com o título Um Abraço Quente da Lusofonia. Segundo o organizador do livro, o objectivo é congregar, «numa só obra, poesia, sentimentos e a abordagem de vários países que fazem a lusofonia, mas com a sua diversidade própria». Como jovem empreendedor, viajou para Luanda com 50, certamente em bagagem de mão, dos 500 exemplares produzidos. Outros tantos foram levados a Maputo por outra integrante do projecto, Tânia Tomé, apresentada na sessão de lançamento pelo poeta Eduardo White, como «um poema, um poema vivo que canta e encanta». Anunciava-se na altura que o livro seria igualmente lançado em Cabo Verde, Guiné—Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor e Brasil.
O lançamento deste livro, nos moldes em que se anuncia, é um facto importante. Esta compilação de poemas não foi patrocinada pelo Instituto Camões. Não podemos portanto dizer que por detrás dela haja qualquer intenção de proteger a língua portuguesa. Este trabalho colectivo resulta do esforço de sete jovens que vivem e estudam em Portugal, e que têm em comum, entre outras coisas, o uso da língua portuguesa.
Não é de todo acidental que estes jovens se encontrem em Portugal. Portugal é o único sítio onde se pode pensar a língua portuguesa, ou o conjunto de países de língua portuguesa como um todo. E isso justifica-se, por exemplo, por já haver aí uma genealogia de ideias semelhantes. Há mais de 50 anos, Mário Pinto de Andrade, na altura estudante de Filologia em Lisboa, reuniu os poemas de companheiros seus, entre os quais Francisco José Tenreiro, Noémia de Sousa, Agostinho Neto, num livro a que chamou Antologia Poética de Expressão Portuguesa. A inspiração vinha de Paris, onde, quatro anos antes, em 1949, Léopold Sédar Senghor tinha editado em França a primeira antologia de poetas negros.
Não é necessário explicar as intenções do gesto de Mário de Andrade. Por trás da poesia havia um projecto político para a formação de movimentos políticos que conduziriam à independência das colónias portuguesas. Desde esta altura, Lisboa tem-se mantido o centro da identidade lusófona. Antes pela exaltação do império, agora pela celebração da lusofonia. É inegável que existe em Lisboa uma aproximação natural dos falantes da língua portuguesa, que não portugueses, mesmo quando não partilham a mesma raça e cultura. As diferenças nacionais diluem-se em virtude da discriminação a que todos estão submetidos. E faz todo o sentido pensar nesta diluição como necessidade de resistência à discriminação, no sentido em que a metrópole torna homogéneos todos os ex-colonizados, arrumando-os nas categorias de “pretos”, “negros”, “imigrantes”.
Tornei-me sensível a isso pela minha experiência pessoal. Foi em Lisboa que me assumi como negro e africano, algo que até à altura em que deixara Luanda me tinha preocupado muito pouco. Na residência do Lumiar, com estudantes de outras proveniências (santomenses, caboverdianos, guineenses e moçambicanos), vivi momentos de fraternidade, digamos, lusófona. Nas festas dançávamos todos kizomba, e nos saraus, cantávamos Apili, Dju di Galinha, Eliza Gomara Saia, Sodade. Foi pois com espanto que, anos mais tarde, ao viajar por Cabo Verde e pela Guiné-Bissau, em recolha de material para escrever O Fazedor de Utopias, não me tenha sentido particularmente acarinhado por falar a mesma língua – quando encontrava, claro, pessoas que a falavam à-vontade.
No entanto, o discurso por detrás da lusofonia alimenta-se da ficção de que o simples facto de haver uma língua comum entre os povos que outrora formavam as colónias portuguesas potencia um sentimento de fraternidade. Esta ideia é capaz de ter vindo da antropologia contemporânea à época colonial, mais especificamente do que ficou conhecido por hipótese Sapir-Whorf: a sistemática relação entre as categorias de gramática da língua que uma pessoa fala e o modo como esta pessoa entende e interage com o mundo.
Este princípio encontra-se igualmente imbuído na obra de Gilberto Freyre, antropólogo brasileiro, instruído em várias universidades americanas, entre as quais a de Columbia, com Frantz Boas e Ruth Benedict. No seu livro Casa Grande e Sanzala, obra-prima tanto das ciências sociais como da imaginação brasileira, Freyre explica que o povo brasileiro resulta do cruzamento entre o português, o africano e, em menor grau, o índio. A mestiçagem é celebrada, apesar da violência inerente a todo o processo, como um encontro fraterno entre povos de três continentes nos trópicos brasileiros. Salazar, que era um homem de cultura e erudição, interessou-se logo pelas ideias deste teórico. Eram para si a melhor maneira de explicar o colonialismo português, contrapondo-o ao da França e Inglaterra. Num gesto de propaganda, convida Gilberto Freyre a visitar as colónias portuguesas. Pretendia-se que Freyre chegasse a conclusões semelhantes àquelas a que tinha chegado sobre os portugueses no Brasil. As reflexões saíram em forma de diário no livro Aventura e Rotina.
Mário de Andrade, Amílcar Cabral e outros nacionalistas empenharam-se na desconstrução deste mito, como forma de contestar a dominação colonial. O Estado Novo foi até às últimas para justificar o seu ponto de vista. Para se furtar às críticas da comunidade internacional, cada vez mais tonitruantes, já nem se falava em colónias, mas sim em províncias ultramarinas, apresentadas como verdadeiras sociedades multirraciais. Mas os nacionalistas da África Lusófona perderam a batalha ideológica, uma vez que o grosso do ideário do luso-tropicalismo ainda fermenta o discurso português sobre o passado colonial. A lusofonia foi construída sobre este conceito, celebrando o encontro entre colonizados e ex-colonizados, a mestiçagem, como se no seu subtexto não houvesse também silêncios, consentimento, violência, intolerância, genocídios e o ocaso de muitas culturas.
fotografia de Miguel Seabra Lopes, mindelo fotografia de Miguel Seabra Lopes, mindelo
E enganam-se todos aqueles que pensam que a apropriação de tais discursos está apenas circunscrita aos meios políticos, e que os seus objectivos são facilmente discerníveis na relação entre Portugal e as suas colónias, nomeadamente o de tornar privilegiadas as trocas comerciais. Este discurso já se infiltrou em alguns meios académicos. Boaventura Sousa e Santos surge na tradição do Gilberto Freyre quando, em Entre Próspero e Caliban: Colonialismo, Pós-Colonialismo e Inter-Identidade, resgata alguns aspectos da teoria do mestre brasileiro, filtrando-a no jargão da literatura pós-colonial, para afirmar que só um português, tirando partido da sua qualidade de subalterno na Europa, estaria talhado para realizar nos trópicos uma experiência de aproximação com os povos antigamente dominados.
A colectânea de poemas dos jovens lusófonos vai um pouco nesta linha. Não estamos perante um projecto político, muito menos académico, cujo fim confesso é a reciclagem do passado colonial. Estamos sim perante o esforço singular de um grupo de jovens lusófonos, muito provavelmente fora de qualquer um daqueles circuitos, mas que não deixam de ser indiferentes à dimensão pragmática que a evocação da palavra lusofonia confere, sobretudo num contexto português, fascinado ainda pelo seu passado, e ansioso por ouvir palavras de lisonja da boca dos ex-colonizados.
retirado do livro Poligrafia: das páginas de jornais angolanos, Casa das Ideias

Universidade de Aveiro conduz reestruturação curricular do Ensino Secundário Geral de Timor-Leste

Novo 10º ano arrancará em Janeiro de 2012

Universidade de Aveiro conduz reestruturação curricular do Ensino Secundário Geral de Timor-Leste

http://uaonline.ua.pt/upload/img/thumb_img_c2_12102.jpgOs programas curriculares do 10º, 11º, e 12º anos do Ensino Secundário Geral de Timor-Leste estão a ser desenvolvidos por uma equipa sediada na Universidade de Aveiro, coordenada pela docente do Departamento de Educação e antiga Vice-Reitora da UA, Prof. Isabel Martins.


A esta equipa, que reúne maioritariamente professores do ensino secundário e superior e envolve docentes de nove Departamentos da UA, cabe a elaboração do plano curricular do Ensino Secundário Geral, a construção dos programas das diversas disciplinas e, ainda, a elaboração dos respectivos manuais escolares para alunos e guias didácticos para professores.

Depois de em Abril de 2010, o Ministro da Educação de Timor-Leste, Doutor João Câncio Freitas, ter estado na UA e anunciado para 2012 a entrada em vigor do novo currículo do 10º ano nas Escolas Secundárias de Timor-Leste, o trabalho de construção do plano curricular de todo o ensino secundário e a elaboração dos programas das 14 disciplinas que compõem o currículo do 10º ano foi já discutido, em Díli, com as equipas timorenses homólogas.

Tendo por objectivo dotar os alunos timorenses de competências ao nível das ciências, tecnologias e matemática, ciências sociais e humanidades, de comunicação em línguas e ainda de competências digitais, sociais e cívicas, o plano curricular do ensino secundário timorense oferecerá duas vias alternativas de estudo: uma em Ciências e Tecnologias; outra, em Ciências Sociais e Humanidades.

A componente geral, comum a todos os alunos, é constituída por quatro disciplinas: Português, Inglês, Tecnologias Multimédia, e Cidadania e Desenvolvimento Social. As componentes específicas integram, cada uma delas, cinco disciplinas; a saber: Física, Química, Biologia, Geologia e Matemática para via das Ciências e Tecnologias; Geografia, História, Sociologia, Temas de Literatura e Cultura, e Economia e Métodos Quantitativos para a via das Ciências Sociais e Humanidades.

Para além das disciplinas da responsabilidade da UA, caberá ao Ministério da Educação de Timor Leste, em articulação com a equipa portuguesa, a concepção de programas, manuais escolares e guias para os professores das disciplinas de Tétum, Educação Física e Desporto, Religião e Moral e de uma língua estrangeira opcional.

«No final de 2010, estivemos em Timor para apresentar e discutir com as autoridades timorenses e com as equipas homólogas, os programas das disciplinas do 10º ano, os exercícios constantes nos manuais dos alunos e os guias dos professores», explica a Prof. Isabel Martins, salientando a preocupação da equipa com três dimensões: «a especificidade dos temas e conteúdos que integram cada uma das disciplinas; os aspectos didácticos do processo de ensino-aprendizagem; e a clareza do próprio texto escrito em língua portuguesa».

Destacando a competência e o empenho com que todos os membros da equipa estão envolvidos neste trabalho de reestruturação curricular, a Prof. Isabel Martins lembra ainda que na deslocação a Timor vários foram os contactos estabelecidos com entidades governamentais e civis, na tentativa de melhor se conseguir apreender a realidade timorense.

Terminada a fase de averiguação e validação das propostas apresentadas e respectivos reajustes falta agora apenas concluir os manuais dos alunos e os guias dos professores. «Os recursos didácticos produzidos serão apresentados em formato de colecção», adianta a Prof. Isabel Martins, esclarecendo: «todo o material será entregue até finais de Março. A edição será da responsabilidade do Ministério da Educação de Timor-Leste, a quem competirá encontrar os parceiros para essa edição».

O programa de todas as disciplinas do novo currículo do 10º ano, bem como os respectivos manuais escolares para os alunos e guias didácticos para os professores estarão, assim, prontos a tempo do arranque do próximo ano lectivo, a iniciar em Janeiro de  2012. Subsequentemente, até 2014, serão implementados os currículos do 11º e do 12º anos.

Uma formação secundária adequada à realidade timorense mas com qualidade internacional que garanta o acesso a qualquer universidade é a principal preocupação da equipa que está a conduzir toda a reestruturação do Ensino Secundário Geral de Timor-Leste; uma acção financiada pelo Fundo de Apoio à Língua Portuguesa (IPAD) e pela Fundação Gulbenkian.



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empenho de Timor Leste na educação em português

É gratificante" ver o empenho de Timor Leste na educação em português

É gratificante" ver o empenho de Timor Leste na educação em português

Para Luís Amado é "pessoalmente muito gratificante, ver o Ministério da Educação timorense tão empenhado no aprofundamento das relações no setor da Educação, ao fim de uma década de trabalho político em prol do desenvolvimento de Timor-Leste".

20-05-2011 Díli, 19 mai (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, que hoje iniciou uma visita oficial a Timor-Leste, com uma deslocação a Maliana, onde visitou um dos pólos da Escola Portuguesa, disse ser "gratificante" ver o empenho daquele país na educação em português.
Transportado de helicóptero a Maliana, após ter aterrado no Aeroporto de Díli, procedente de Portugal, Luís Amado foi recebido naquela cidade, quase na fronteira com a Indonésia, por grupos tradicionais, em cerimonial de boas-vindas, e pelas autoridades locais.
Acompanhado do ministro da Educação de Timor-Leste, João Câncio Freitas, Luís Amado percorreu as salas de aula, cumprimentou os professores portugueses ali colocados e acompanhou os trabalhos escolares das crianças.
Em Maliana localiza-se um dos quatro novos pólos da Escola Portuguesa, cuja criação foi solicitada pelo ministro da Educação a Portugal, uma aposta localmente controversa, pelos meios disponibilizados pelo Governo timorense, a braços com grandes carências na sua própria rede escolar.
"Esta é uma iniciativa do Governo de Timor-Leste, que Portugal, através do Ministério da Educação e da cooperação portuguesa, apoiou. É com grande satisfação que vejo que há uma chama muito viva, relativamente à relação com Portugal, através dos traços da sua identidade, da cultura e da história", comentou Luís Amado aos jornalistas.
Os quatro novos pólos da Escola Portuguesa abrangem o ensino desde o pré-escolar ao secundário, e conferem aos alunos as mesmas habilitações que as escolas em Portugal.
Para Luís Amado é "pessoalmente muito gratificante, ver o Ministério da Educação timorense tão empenhado no aprofundamento das relações no setor da Educação, ao fim de uma década de trabalho político em prol do desenvolvimento de Timor-Leste".
O ministro da Educação, João Câncio Freitas, disse esperar que, no âmbito da consolidação da Língua Portuguesa e do ensino de qualidade em Língua Portuguesa, sejam estabelecidas escolas do mesmo tipo nos distritos que ainda faltam".
Além de Díli, a Escola Portuguesa tem pólos nos distritos de Same, Baucau, Maliana e Oecusse, que estão no seu primeiro ano de atividade, lecionando os quatro primeiros anos de escolaridade.
Gradualmente, em cada ano letivo, a escolaridade será aumentada até atingir o 12º ano, à semelhança do processo que foi seguido pela Escola Portuguesa de Díli.
É o Estado português que suporta os vencimentos dos professores e promove a sua respetiva colocação, cabendo ao Governo timorense o encargo com as instalações escolares e as residências dos docentes.
A primeira Escola Portuguesa em Timor-Leste surgiu de uma conversa entre os então primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, e de Portugal, Durão Barroso, a 20 de maio de 2002, aquando da cerimónia da Restauração da Independência, em Díli.
MSO
Lusa/Fim

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Academia Brasileira de Letras sobre os livros didáticos de Língua Portuguesa

Nota oficial da Academia Brasileira de Letras sobre os livros didáticos de Língua Portuguesa

"O Cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos Fundamental e Médio com a chancela do Ministério da Educação, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil.

Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona. A posição teórica dos autores do livro didático que vem merecendo a justa crítica de professores e de todos os interessados no cultivo da língua padrão segue caminho diferente do que se aprende nos bons cursos de Teoria da Linguagem. O nosso primeiro e grande linguista brasileiro, Mattoso Câmara Jr., nos orienta para o bom caminho nesta lição já de tantos anos, mas ainda oportuna, a respeito da qual devem refletir os autores de obras didáticas sobre a língua materna: "Assim, a gramática normativa tem o seu lugar no ensino, e não se anula diante da gramática descritiva. Mas é em lugar à parte, imposto por injunções de ordem prática dentro da sociedade. É um erro profundamente perturbador misturar as duas disciplinas e, pior ainda, fazer linguística sincrônica com preocupações normativas" (Estrutura da Língua Portuguesa, 5). O manual que o Ministério levou às nossas escolas não o ajudará no empenho pela melhoria a que o Ministro tão justamente aspira."

17/5/2011

Português Enquanto Língua da “Moçambicanidade”

Moçambique: Português Enquanto Língua da “Moçambicanidade”

Moçambique: Português Enquanto Língua da “Moçambicanidade”

“o idioma português não é a língua dos moçambicanos. Mas, em contrapartida, ela é a língua da moçambicanidade.”

18-05-2011 No passado dia 5 de Maio comemorou-se em Maputo o Dia da Língua Portuguesa e Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Um dos grandes escritores contemporâneos africanos de literatura de expressão portuguesa, e o mais consagrado de origem moçambicana, Mia Couto, considera que 36 anos após a sua independência, com cerca de 40% da população a falar português, “apenas uma das nações de Moçambique já vive na lusofonia”, e defendia, em 2001, que “o idioma português não é a língua dos moçambicanos. Mas, em contrapartida, ela é a língua da moçambicanidade.”

Instrumento de dominação ou troféu da independência?
Se em 1975, cerca de 80 por cento dos moçambicanos não falavam português, fala-se hoje mais português em Moçambique do que se falava na altura da Independência.
Há 30 anos, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), ainda na guerrilha anticolonial, viu no idioma lusitano uma arma para a unificação do país e a construção da Nação. Aquele instrumento que servira a dominação colonial se convertia, nas mãos dos nacionalistas, no seu contrário - um troféu de guerra, um pilar de afirmação.
Numa série de artigos no blog Moçambique para Todos, sobre o livro “Descolonização e Independência em Moçambique – Factos e Argumentos” de Henrique Terreiro Galha, é citado o líder revolucionário e primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, em finais de 1975, num comício no Estádio da Machava, na então cidade de Lourenço Marques (hoje cidade de Maputo):
  • outros dirão mas a língua ainda é portuguesa. É preciso utilizar a língua do inimigo. A língua portuguesa agora já mudou de conteúdo, não é aquele português que era falado pelo senhor Governador em Moçambique. Deve ser o nosso português de moçambicanos.
Galha acrescentava ainda que:
  • O português era o único veículo de comunicação entre as diversas etnias. Foi uma decisão difícil, tomada a contra-gosto. Num seminário realizado em Mocuba (Zambézia), no início de 1975, com a presença de Joaquim Chissano, foi salientado e relembrado, como tarefa dos grupos dinamizadores, “a necessidade de transformar (sic) a língua portuguesa, de instrumento de despersonalização e opressão, em veículo de comunicação do Povo.”Placa de aviso na Zambézia "Cuidado com crocodilo N'Gona" Imagem do Jornal @Verdade.
Placa de aviso na Zambézia "Cuidado com crocodilo N'Gona" Imagem do Jornal @Verdade.

Um português particular
Embora os dados existentes ilustrem que a maioria dos moçambicanos se comunica através das 43 línguas nacionais, a língua portuguesa é considerada como um dos elementos de Unidade Nacional.Segundo Mia Couto “o governo moçambicano fez mais pela língua portuguesa que séculos de colonização (…) seu próprio interesse nacional, pela defesa da coesão interna, pela construção da sua própria interioridade”. Num debate realizado no Centro Cultura Brasil-Moçambique a propósito do 5 de Maio o ministro da Cultura, Armando Artur, reafirmou que a língua portuguesa faz parte do património linguístico de Moçambique, coabitando com as línguas nacionais:
  • Com o advento da Independência Nacional, ela viu o seu prestígio mais reforçado com a sua adopção como um elemento de Unidade Nacional, passando, deste modo, a ostentar o estatuto de língua oficial em Moçambique.
O governante e escritor moçambicano acrescentou que cada vez mais os moçambicanos apropriam-se da língua portuguesa através de um processo de interacção, entre esta e as línguas nacionais, atribuindo-lhe marcas e aspectos próprios, que se consubstanciam em novas palavras e novas expressões.

A expressão "Andar fora é maningue arriscado" significa "trair é muito arriscado". Maningue é uma palavra tipicamente moçambicana, que quer dizer "muito" e vem de "many", do inglês. Todos os países que fazem fronteira com Moçambique tem o inglês como suas línguas oficiais. Imagem de Amanda Rossi, usada com permissão.
A expressão "Andar fora é maningue arriscado" significa "trair é muito arriscado". Maningue é uma palavra tipicamente moçambicana, que quer dizer "muito" e vem de "many", do inglês. Todos os países que fazem fronteira com Moçambique tem o inglês como suas línguas oficiais. Imagem de Amanda Rossi, usada com permissão.

Porém este elemento de Unidade é questionado por vários quadrantes da sociedade. Já em 2009, num comentário a um artigo do blog Moçambique para Todos, Elisio Fonseca apontava:
  • Em nome da “unidade nacional” o nosso governo colocou um manto sobre a nossa cultura, menosprezando o ensino das línguas, hostilizando todos os nossos valores culturais. Há linguistas que consideram isto um erro tremendo. Para eles, a capacidade de um adolescente moçambicano em aprender uma língua estrangeira, seja o português ou o inglês, mede-se pelo domínio que tem da língua nativa. Sem esta base sólida, argumentam, torna-se mais difícil essa aprendizagem. Mas o erro foi feito, e hoje reflecte-se no nível do português falado entre muitas camadas da nossa sociedade.
Max Coutinho, do blog Etnias um exemplo de “inexactidão recorrente” que reflecte esse “nível” mencionado por Fonseca no uso da língua oficial:
  • Os cidadãos de Maputo, tanto em solo nacional como na diáspora, confundem os verbos Ir (deslocar-se de um lugar para outro para lá ficar; afastando-se) e Vir (transportar-se para cá).
Fátima Ribeiro, Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, comenta:
  • O Português falado em Moçambique é diferente do falado noutros países lusófonos. Nós estamos a construir o nosso Português que tem várias influências das nossas várias línguas maternas e também do inglês. É um Português que, em termo de vocabulário, gramática e estrutura, é diferente naturalmente.
A decisão de Moçambique em ratificar o Acordo Ortográfico, que pretende unificar o português falado nos países que o têm como língua oficial, tem estado em análise há mais de dois anos. Na blogosfera, muitos questionam se “vale a pena gastar 111 milhões USD para alterar a língua”, como Eduardo Quive, do blog Quivismo, num relato aprofundado sobre o debate do 5 de Maio.
Ao mesmo tempo, nos últimos anos, Moçambique tem vindo a introduzir as línguas nacionais no sistema de ensino para o desenvolvimento da educação no país. Presentemente, existem 300 escolas a leccionar em duas línguas e estão a ser testadas mais 16 línguas nacionais.

Sobre a lusofonia e outras línguas faladas nos países de língua portuguesa, leia também os seguintes artigos que o Global Voices publicou em 2011:
Declaração de amor à língua portuguesa, na sua multiplicidade de falares, Fevereiro de 2011
Cabo Verde: O Crioulo no Dia da Língua Portuguesa
, Maio de 2011



FOTO: "Não ao estigma!" Mural bilingue em Nampula. Foto de Rosino no FLickr (CC BY-SA 2.0)

FONTE: PT.Global Voices

domingo, 15 de maio de 2011

Aluno não precisa seguir regras para falar corretamente (!?)

Aluno não precisa seguir regras para falar corretamente (!?)

Um livro de português distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) para quase meio milhão de alunos defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixe de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada, dependendo da situação.

Na semana em que o Jornal Nacional tem discutido os maiores problemas do Brasil na educação, os argumentos da autora do livro e as reações que provocaram estão na reportagem de Júlio Mosquéra.

A defesa de que o aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta está na página 14 do livro “Por uma vida melhor”. O Ministério da Educação aprovou o livro para o ensino da língua portuguesa a jovens e adultos nas escolas públicas.

Ele apresenta a frase: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", com a explicação: "Na variedade popular, basta que a palavra ‘os’ esteja no plural". "A língua portuguesa admite esta construção".

A orientação aos alunos continua na página 15: "Mas eu posso falar 'os livro'?". E a resposta dos autores: "Claro que pode. Mas com uma ressalva, ‘dependendo da situação a pessoa corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico’”.

Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a intenção é mostrar que o conceito de correto e incorreto deve ser substituído pela ideia de uso adequado e inadequado da língua. Uso que varia conforme a situação. Ela afirma que não se aprende o português culto decorando regras ou procurando o significado de palavras no dicionário.

“O ensino que a gente defende e quer da língua é um ensino bastante plural, com diferentes gêneros textuais, com diferentes práticas, diferentes situações de comunicação para que ess desenvoltura linguística aconteça”, declarou ela.

O Ministério da Educação informou em nota que o livro “Por uma vida melhor” foi aprovado porque estimula a formação de cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade. Segundo o MEC, é preciso se livrar do mito de que existe apenas uma forma certa de falar e que a escrita deve ser o espelho da fala.

O Ministério da Educação disse que a escola deve propiciar aos alunos jovens e adultos um ambiente acolhedor no qual suas variedades linguísticas sejam valorizadas e respeitadas, para que os alunos tenham segurança para expressar a "sua voz".

A doutora em sociolinguística Raquel Dettoni concorda que é preciso respeitar o falar popular, que não pode ser discriminado. Mas ela enfatiza que a escola tem um objetivo maior, que é ensinar a língua portuguesa que está nas gramáticas.

“Se a escola negligencia em relação a este conhecimento, o aluno terá eternamente uma lacuna quando ele precisar fazer uso disso no seu desempenho social. Nós não podemos desconsiderar que a função social da escola, com relação ao ensino de língua, de língua portuguesa, é em principio, prioritariamente ensinar os usos de uma norma mais culta”, destacou.

O Ministério da Educação informou ainda que a norma culta da língua portuguesa será sempre a exigida nas provas e avaliações.
FONTE: Gazeta Web

“O português tem futuro no território”

“O português tem futuro no território”

Por Filipa Queiroz | 13 Abr 2011 | Enviar por email
Linguistas defendem papel de Macau na promoção da língua portuguesa
Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara aplaudem o desenvolvimento do ensino do português na RAEM e defendem o papel unificador do Acordo Ortográfico que esperam ver ser implementado em breve no território
O ensino do português em Macau está de boa saúde e recomenda-se, pelo menos é essa a visão de João Malaca Casteleiro. O professor e linguista português da Academia de Ciências de Lisboa foi um dos oradores da sessão da tarde de ontem do 15.º Colóquio da Lusofonia. Na sua apresentação sobre os “28 anos de Labuta pelo Ensino do Português em Macau e na China”, Malaca Casteleiro fez um balanço “muito positivo” da evolução não só do ensino como da promoção do idioma luso no território, frisando a importância do apoio chinês nessa tarefa.
“O português é uma língua desejada e promovida pelos chineses. A China está muito empenhada e envolvida nas relações comerciais com os diferentes países de língua portuguesa, nomeadamente a África e o Brasil”, explicou o linguista em entrevista ao Hoje Macau à margem do Colóquio. Malaca Casteleiro frisou que há milhares de alunos a aprender português em Macau, o que confirma o reconhecimento do ensino da língua como factor de identificação cultural no território. “Embora não seja uma língua de comunicação na rua, é importante esta ligação e esta presença.”
Malaca Casteleiro garante que a “inevitável” expansão da língua inglesa na RAEM, nomeadamente nas instituições de ensino, não constituiu uma ameaça à língua de Camões. “O português já teve este papel no passado, seguido do francês e a partir da Segunda Guerra Mundial foi a vez do inglês se sobrepor e generalizar.” O académico considera que em Macau há espaço para a convivência das três línguas – o chinês, o português e o inglês. Casteleiro frisou que o estímulo da educação trilingue desde tenra idade é muito importante e deve ser estimulada nos estabelecimentos de ensino.
Evanildo Bechara, responsável pelo vocabulário ortográfico no Brasil e outro dos oradores do painel de ontem, confessou-se comovido. “Hoje [ontem], na cerimónia de abertura, assistimos a um facto que chega a ser emocionante, vimos macaenses com um mês de curso intensivo de português a recitar poemas e cantar canções com emoção e justa pronúncia do português, o que representa um grande esforço da juventude no sentido do estudo do idioma luso”, confessou o académico de 83 anos em entrevista ao Hoje Macau.
O linguista e membro da Academia de Letras do Brasil considera que “o português tem futuro no território, não só como componente cultural, histórica e política mas também, e mais do que tudo, comercial”. “Hoje os países de língua oficial portuguesa representam um peso importante na comunidade comercial do mundo, estando a China em primeiro lugar como exemplo dessa audácia de ocupar o primeiro lugar do lado económico do mundo”, apontou Bechara.
Uma questão ortográfica
Em Macau o português que se aprende nas instituições de ensino ainda não é aquele revisto pelo Acordo Ortográfico ratificado em 1990 pelos governos português e brasileiro. Tão pouco o português que se escreve neste jornal, e em todas as publicações e documentos do território, fizeram desaparecer o “p” da palavra “óptimo” ou o “c” da palavra “acção”. Mas o autor da “Moderna Gramática Portuguesa” considera que esse dia pode estar próximo. “Faz todo o sentido. Você nunca faz uma reforma para complicar. Quando faz uma reforma em sua casa, os objectivos são a simplificação e funcionalidade. Este Acordo atinge esses dois propósitos.” Evanildo Bechara acrescentou que “numa região que é historicamente de encontros entre o Oriente e o Ocidente, Macau pode representar uma grande ajuda na implementação do acordo dada a sua voz cultural, responsabilidade histórica e trabalho profundo junto à China ou com a China, no sentido de preparar professores para a língua portuguesa.”
É sabido que a implementação do Acordo Ortográfico não tem decorrido da mesma forma no Brasil e em Portugal, onde continua a merecer cerradas críticas. Mas Evanildo Bechara desdramatiza. “Toda a adopção do Acordo é precedida de brigas homéricas, isso aconteceu em 1911, depois em 1915, depois em 1930, depois em 1943, depois em 1945, de modo que em 1990 já estava com a experiência calejada dessas brigas”, justificou o linguista. Bechara recordou que a primeira “briga” começou entre monárquicos e republicanos em 1911 – a primeira reforma ortográfica em Portugal foi publicada no Diário do Governo a 12 de Setembro desse ano – e, como qualquer mudança de hábitos, continua a ser recebida “com perplexidade”.
A velha questão
Contrariando a opinião de muitos, apoiada por pesquisas que indicam que o Acordo Ortográfico alterou 1,6% do vocabulário de Portugal e 0,5% do vocabulário do Brasil, Bechara defende que os brasileiros são quem tem de fazer as maiores cedências, nomeadamente no que toca à acentuação das palavras. “Quem faz esses comentários não leu o Acordo, cuja base remonta a 1945 e volta às técnicas e usos da escrita do português de então”, justifica. “Na ortografia de Portugal há um abuso no emprego das consoantes que não se pronunciam e que ocupam muito espaço no léxico português. Isso é uma dificuldade para as crianças que são obrigadas a escrever uma letra que não ouvem”, explica. O linguista acredita que a reforma vai ser “definitiva” e valiosa. “É um grande marco deste momento da lusofonia para que cheguemos a uma unidade ortográfica que é fruto da maturidade política, cultural e económica dos países de falam língua oficial portuguesa.”
João Malaca Casteleiro, que participou na redacção do Acordo Ortográfico, garante que a sua entrada em vigor é “irreversível” apesar da “hesitação e atabalhoamento” que têm impedido a implementação pacífica da reforma em Portugal, entretanto agravada pela situação financeira do país. “Não há recursos, de modo que não se podem fazer omeletas sem ovos. Mas já existe o reconhecimento de que investir na língua portuguesa é também investir na economia e relações culturais e promoção do país no estrangeiro”, desenvolve.
Deste lado do globo, na óptica de Malaca Casteleiro a ausência de crise e manifesto empenho da China no estímulo ao ensino do português apresenta-se como um sinal positivo que o linguista espera ver ganhar forma brevemente com a ratificação do Acordo que, vinca, “foi feito a pensar nas novas gerações”.
Colóquios passam pela Livraria Portuguesa
Por volta das 18h de hoje, a Livraria Portuguesa junta-se ao 15º Colóquio da Lusofonia com o lançamento de três obras de autores que estão em Macau para participar no evento. Vasco Pereira da Costa traz a sua colectânea de poesia “Fogo Oculto”, dedicado às ilhas como espaços geográficos e às recordações que deixam. Anabela Mimoso, autora que se dedica aos escritores açorianos do final do século XIX e à literatura infanto-juvenil, apresenta “Os Búzios” e Chrys Chrystello lança o segundo volume de “ChrónicAçores”, obra que, segundo o autor, “continua a fazer a sua circum-navegação, da Austrália a Timor, Macau, Bragança e Açores”. A académica Concha Rousia fará ainda uma apresentação das últimas obras da Academia Galega da Língua Portuguesa, todas escritas na variante galega portuguesa.
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Escrito por Filipa Queiroz em 13 Abr 2011. Arquivado sob Destaque, Sociedade. Pode seguir todas as respostas sobre esta entrada através de RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta, ou trackbacks a esta entrada

SE ATÉ A GALIZA...

Se até a Galiza…

Por Gonçalo Lobo Pinheiro | 26 Abr 2011 | Enviar por email
Macau está em processo lento de adopção do Acordo Ortográfico
Até Dezembro de 2012 o processo de transição para adopção do Novo Acordo Ortográfico tem de ficar finalizado. O Hoje Macau ouviu o presidente da Comissão para o Ensino e Investigação da Língua Portuguesa do IPM, Li Changsen, que apela as autoridades do território para que revejam a lei. As instituições que ensinam o português podem ser a alavanca
O Novo Acordo Ortográfico é para ser implementado. Essa é a grande conclusão da conferência “Implementação do Novo Acordo Ortográfico em Macau: Implicações Oficiais e Pedagógico-didáticas” que teve lugar na semana passada no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e promovido pela Comissão para o Ensino e Investigação da Língua Portuguesa. Na ocasião, o professor João Malaca Casteleiro fez uma retrospectiva da longa história de negociações sobre a elaboração de ortografia da língua portuguesa entre os países lusófonos e apresentou as características do novo acordo da ortografia.
Li Changsen, presidente da Comissão, afina pelo mesmo diapasão de Malaca Casteleiro. Para o professor especialista em português no território, Macau “tem de seguir esta nova norma e implementá-la até 31 de Dezembro de 2012”, altura em que se finaliza o período de transição para as novas regras ortográficas. “Trata-se de uma grande novidade de relevante significado em Macau. O primeiro passo tem de ser dado pelas instituições de ensino da língua portuguesa como o Instituto Politécnico de Macau, a Universidade de Macau e a Escola Portuguesa, que é onde se ensina o português”, afirmou Li Changsen ao Hoje Macau.
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado internacional assinado em 16 de Dezembro de 1990, em Lisboa, com os diversos países representantes da língua de Camões e que contou até com uma delegação da Galiza, onde se pretende aplicar o documento com a mesma eficácia que em países como Portugal, Brasil ou Angola. Mas falta Macau. O problema, segundo o académico do IPM, é a lentidão com que no território o acordo pode ser aplicado, mas deixa a promessa. “O IPM tudo fará para promover cursos para os seus docentes no sentido destes aprenderem as regras no novo acordo. Só assim é que depois se pode ensinar os alunos”.
Li Changsen não esquece que a China também tem uma palavra a dizer, porque Macau, “apesar de ser uma região autónoma, agora pertence à China, e pelo que vejo da política vinda no continente o português é uma aposta de futuro”. “Há uns anos havia três cursos de português nas milhares de universidades da China e agora há mais de 30 cursos da língua de Camões. Penso que é suficientemente elucidativo da importância do português para a China”, justificou o professor.
“É premente que Macau adopte as novas regras até ao fim do prazo de transição. É muito útil para todos e para a China que isso aconteça pois todos os países lusófonos já o estão a usar”, explicou o professor do IPM.
Uma questão do Ocidente
E o Novo Acordo Ortográfico é benéfico? Li Changsen acha que sim e dá como exemplo a China. “Isso da ortografia é uma questão que só se resume às línguas ocidentais. No Oriente é diferente mas mesmo assim a China, com uma língua tão ancestral como se sabe já mudou os seus caracteres de tradicionais para simplificados.”
Seja como for o Novo Acordo é para seguir em frente e Macau não deve perder o autocarro. “Se a Galiza também o vai seguir Macau não tem qualquer tipo de desculpa”, finalizou o académico. Sendo o português uma das línguas oficiais da RAEM, o Governo de Macau “deverá tomar uma posição explícita sobre o assunto ainda que já não haja um vínculo a Portugal mas os outros países também não têm qualquer tipo de vínculo a não ser na língua falada”.
Apesar de tudo, o académico aceita que Macau não possa ser um dos signatários do acordo mas, por outro lado, defende que seja respeitado no território todas as estipulações do documento, “pois além de facilitar os contactos com os países da língua portuguesa” – que o Governo Central tanto almeja -, “a aplicação do novo acordo em Macau demonstrará o estrito cumprimento da Lei Básica e a maior atenção à comunidade portuguesa”.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado internacional firmado em 1990 que tem por objectivo criar uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. Foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990. Depois de obter a sua independência, Timor-Leste aderiu ao Acordo em 2004. O processo negocial que resultou no Acordo contou com a presença de uma delegação de observadores da Galiza. Faltou sempre Macau…
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Escrito por Gonçalo Lobo Pinheiro em 26 Abr 2011. Arquivado sob Destaque, Sociedade. Pode seguir todas as respostas sobre esta entrada através de RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta, ou trackbacks a esta entrada

1 Comentário para “Se até a Galiza…”

  1. Elves Rabelo
    Concordo plenamente com tudo. Macau é um território de língua portuguesa e como os demais, tem que seguir o Acordo.
    Espero que a língua de Camões cresça 1000% em Macau e na China.
    Quero também que haja mais interação entre Macau e os outros países lusófonos (principalmente o Brasil), pois sei que Macau vai crescer muito!
    Elves Rabelo de Fortaleza-Brasil.

lusofonia e sinologia

Macau – sinologia para a lusofonia

Por Luis Sá Cunha | 30 Set 2010 | Enviar por email Para Wu Zhiliang, é claro e indiscutível que “o maior valor da existência e sobrevivência da região é o factor cultural, o seu legado histórico e cultural”, que, assim, “tem a responsabilidade de promover o intercâmbio luso-chinês”.
A recorrente repetição do discurso é sempre sintoma da esterilização do verbo que, devendo enchê-lo, apenas o incha. Falam pouco as gerações ativas e realizadoras, falam muito, as estéreis. Como alguém disse, os portugueses ficaram desempregados depois de terem ido à Índia. Há séculos só falamos do passado, por isso Vasco Graça Moura nos dizia há anos que Portugal devia projetar-se ao futuro “sem utopias de retrovisor”.
Durante vinte e cinco anos nos enfastiámos com o saturado discurso do encontro de culturas em Macau, tema obrigatório dos milhentos discursos ouvidos na terra que foi, de facto nos seus começos e durante dois séculos, o centro de acolhimento e distribuição dos agentes culturais que protagonizaram o maior fenómeno de compenetração cultural alguma vez realizado na História, no juízo de Joseph Needham, o maior sinólogo do século XX.
E, no entanto, Macau sempre continuou ancorada à sua vocação e destino, no mesmo sítio, no encruzamento das mesmas inalteráveis coordenadas geográficas, animada das mesmas potencialidades. Na nossa vocação, caráter e destino como comunidades seremos sempre escravos da geopolítica. Sempre aguardaremos as “condições objetivas” favoráveis da passagem a ato das nossas potências, na linguagem aristotélica, como a nau envergada espera no porto a chegada dos ventos de favor. Cabe aos homens atualizar nos tempos transientes o que está em latência, renovar o mesmo de outras formas e modos. Eis que sopram já agora os ventos da renovação, Macau enfrentada ao seu destino intemporal.
UMA ESTRATÉGIA
Há anos aguardávamos com alguma frustração e impaciência que, depois de plataforma de trocas comerciais da RPC com os países lusófonos, Macau se transformasse, simultaneamente, num verdadeiro e ativo centro de intercâmbios culturais nos dois sentidos, em continuada e renovada concretização das suas potencialidades. A entrevista que o novo presidente da Fundação Macau deu à Lusa (e aqui publicada neste jornal) foi, em anos, a mais notável declaração pública de intenções e o mais claro e rasgado desígnio de estratégia cultural para Macau, na sua radiação para o exterior, a que pudemos assistir. Wu Zhiliang, historiador, com perfeito domínio do Português, profundo conhecedor de Macau, das suas constantes e vocações, acumulando larga experiência na vida institucional da terra, veio falar com clareza e rasgo: não só deixou o desenho das linhas teóricas como avançou logo com gestos e atos iniciadores da concretização dos projetos, com a convicção de quem sabe que está certo e em sintonia com as mais altas instâncias do poder.
Basta-nos para acreditar. Para ele é claro e indiscutível que “o maior valor da existência e sobrevivência da região é o fator cultural, o seu legado histórico e cultural”, que, assim, “tem a responsabilidade de promover o intercâmbio luso-chinês”. Para estimular colaborações, Wu Zhiliang falou na procura de parcerias para a realização de iniciativas culturais em vários domínios, enfatizando a necessidade de promover a tradução e a edição de obras em Português e Chinês.
Convém, e é a simples razão destas linhas, não deixar, porém, a concretização desejada à disparidade desorientada, convindo apontar igualmente alguns sinais à navegação, noutros termos, adiantar igualmente um esboço de estratégia para a acção, no respeito da espontaneidade das iniciativas concorrentes.
UM CENTRO DE SINOLOGIA
Falar em intercâmbio luso-chinês será falar, legitimamente e em primeiro lugar, na privilegiada relação entre a China e Portugal, forjada no longo convívio de séculos e ratificada nos tratados bilaterais. Mas hoje e cada vez mais, considerar a Língua é considerar o seu espaço, no caso o “ continente” da lusofonia. Força de razões históricas e afetivas, Macau tem uma específica motivação para o cultivo das relações com Portugal mas, como agente intermediário da RPC, o seu mapa de ação serão todas as geografias e comunidades onde as pessoas se conversem em Português.
A lusofonia é um dos quatro ou cinco espaços linguístico-culturais em expansão e ascensão no mundo (de parelhas com a projeção político-económica), a RPC tem uma parceria estratégica com Portugal e tem na geopolítica global uma relação de complementaridade estratégica com o Brasil. Aspirando a transformar-se na maior potência mundial, a China sabe que as relações internacionais de protagonismo têm que ir escorar-se na cultura, porque o comércio é uma guerra latente. A política é o universo dos acidentes, a cultura o universo das essências.
A China – a sua história e traves-mestras da sua cultura e civilização – é grandemente desconhecida no mundo e muito especificamente nos espaços de língua portuguesa e também espanhola, o que, entre outras desvantagens, conduz à incompreensão de muitas das linguagens e atitudes usadas pelos dirigentes da RPC, sobretudo em situações sensíveis, confrontadas com mundividências ocidentais. Não há, ainda hoje, à semelhança do que têm as línguas inglesa e francesa, uma sinologia de língua portuguesa. A Espanha despertou há quinze anos para esta lacuna, com o governo de Madrid a orçamentar verbas nunca vistas a duas universidades para o rápido desenvolvimento dos estudos sobre a China. Hoje assistimos à invasão crescente das universidades norte-americanas por jovens estudantes chineses, à queda das línguas europeias nos currículos em favor do mandarim.
Portugal teve a primeira sinologia do mundo, foi através de alguns portugueses que a Europa primeiro conheceu o grande e fascinante Império do Meio (Gaspar da Cruz, Frei José de Jesus Maria, Álvaro Semedo), Macau foi base importante e decisiva de toda o operação das trocas culturais Europa-China em Pequim. As emergências de testemunhos sinológicos em Português, ao longo dos séculos, por desgarradas e dispersivas, fruto de assomos individuais sem continuidade, não justificaram o poder falar-se de uma sinologia portuguesa, em contraste com outros povos europeus.Por intimação da grande história, os portugueses viajaram e experimentaram mais e escreveram menos, os outros viveram menos e escreveram mais.
Macau tem agora a oportunidade histórica de promover a recuperação do tempo perdido, porque reúne as condições históricas para se erigir como um centro de sinologia para a lusofonia. Um projecto destes teria aliás eficácia redobrada, com facilitada extensão para o universo da latinidade, dada a semelhança linguística e o aproveitamento dos trabalhos de base (estudos, interpretação, tradução, enquadramentos, etc.) e a realização de encontros e seminários de formação. Macau, de novo, reencontrar-se-ia com o seu destino de protagonista da globalização, reeditando em novos moldes o seu papel do Século XVI, quando também foi base das comunicações da China e do extremo oriente para a América do Sul.
O jogo será uma diferença mas nunca um fator de identidade. É um expediente. Mas a componente lusófona, assim considerada e fundamentada, será indiscutivelmente uma das faces da personalidade de Macau e da imagem que projetará para o mundo
CULTURA PARA A IDENTIDADE
Vimos, há anos, a tentativa de vulgarização da medicina tradicional chinesa pelo mundo. As coisas andaram, muito à cúria de iniciativas individuais, com muita superficialidade e demagogia, também, pelo meio. A China continua muito distante do mundo, o que permite os erros e equívocos e convida às adulterações. Assistimos recentemente, na imprensa mais divulgativa, à promoção do feng shui, sem cabal enquadramento explicativo das suas raízes e fundamentos, sem se alertar que é prática geomântica em abandono na China há muito (com rara excepção de Macau).
Mas a China forneceu ao Brasil um contributo cultural decisivo para forjar a sua identidade imediatamente a seguir à proclamação da sua independência, instilando-se na sociedade, hábitos e práticas culturais que deram à nova nação uma componente oriental. É enorme e surpreendente a lista daqueles contributos. Atendendo às fortes relações que a China vem tendo com jovens nações, sobretudo em África, também em génese histórica de própria identidade, algumas já com forte presença migratória, como é o caso de Angola, é pertinente considerar-se a bondade do que atrás dissemos sobre a oportunidade do desenvolvimento de uma sinologia de língua portuguesa.
Macau tem condições e potencialidades únicas para ser operadora de um grande movimento cultural com repercussões vastas no mundo, como centro de sinologia e de estudos sinológicos para o universo de língua portuguesa, instituindo aqui esses estudos sistematicamente, instituindo um curso superior de estudos lusófonos, apoiando projetos estratégicos editoriais orientados para aqueles objetivos, incentivando e apoiando outras associações da sociedade civil vocacionadas para a organização de serviços e iniciativas linguístico-culturais etc.. E Macau teria, com poucos custos, um gesto de grande magnetização do seu protagonismo neste campo, se centralizasse num só edifício na cidade vários serviços, instituições e representações vocacionados para a promoção dos intercâmbios com o universo lusófono, nos campos diplomático, comercial e cultural. Não há ainda em Macau representações consulares de todos os países lusófonos. Não temos dúvidas de que este gesto seria catalizador de novas participações e entusiasmos, definitiva achega para a transformação de Macau em centro eficaz de intercâmbios entre os mundos chinês e lusófono. O jogo será uma diferença mas nunca um factor de identidade. É um expediente. Mas a componente lusófona, assim considerada e fundamentada, será indiscutivelmente uma das faces da personalidade de Macau e da imagem que projetará para o mundo, tanto mais futura quanto radica na sua perene vocação.
[ilustração de Carlos Marreiros]
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Escrito por Luis Sá Cunha em 30 Set 2010. Arquivado sob Destaque, Opinião. Pode seguir todas as respostas sobre esta entrada através de RSS 2.0. Você pode deixar uma resposta, ou trackbacks a esta entrada

2 Comentários para “Macau – sinologia para a lusofonia”

  1. Zemanel
    Aqui o Nibor tem razão nalguns aspetos. A RAEM deve apostar em algo de mais concreto para os Países Lusófonos. Mas não se esqueça também que o Secretariado do Fórum em Macau foi criado para também dar de comer a muitos “vegetativos” que nada fazem e produzem mas que “mamam” umas dezenas de milhares de patacas por mês com direito a tudo (transporte, alojamento) e de quando em vez um passeio por aqui e acolá a expensas do nosso erário. Trabalho? Mo Ah! Sabia, por exemplo, que é considerado acerto de lotaria poder vir a trabalhar aí? Por isso Rita Santos MANDA e com peso, basta ver como o seu pessoal de apoio foi recrutado e quem foi recrutado em Macau para perceber melhor. Portanto não te irrites, Macau, como noutras paragens o compadrio vence!
  2. NIBOR
    Apenas discursos – se a Lusofonia é tão importante porquê que o Governo de Macau não prove isso, aproximando mais dos Países da Lusofonia ? Sendo a Lusofonia tão importante, o que fez o Governo de Macau durante uma década, tendo visitado toda a Ásia mas esquecido que a Lusofonia está espalhada por 5 continentes. Porque o Governo não revoluciona e põe alguém com visão no Fórum China/Lusofonia, a única unidade, concebida pela China na RAEM com vocação de fazer alguma coisa em prol das relações Macau/China/Lusofonia ? Sendo a Lusofonia tão importante porque temos cada vez mais menos estudantes lusófonos da RAEM e os que cá estão vivem na rua da amargura, na sua grande maioria sem bolsas ou com bolsas canceladas pela própria fundação Macau, porque vive mercê de caprichos e insiste que os alunos devem estudar apenas na Universidade de Macau, embora se sabe que esta não esta qualificada para receber gente que venha de um sistema de ensino de matriz lusófona? Enfim, discurso para boi dormir!!!!