quinta-feira, 28 de julho de 2011

101 Falares com JeitO

A Através editora vem de publicar o 101 Falares com Jeito do académico Fernando Corredoira, tradutor e professor de português.. O livro toca áreas onde quase não há bibliografia: a ação do castelhanismo nas falas galegas na área da semântica, nomeadamente falsos amigos, e nos decalques linguísticos. São esses erros que a simples observação não permite esclarecer. Alguns exemplos: As diferenças de uso entre oco/buraco, seguir/continuar, produzir-se/ocorrer, diplomata/diplomático... Decalques como ao melhor, desde logo, mais bem, de não chegares... Enfim, um livro mui recomendável para construir um formato nacional de língua. Mais info em: http://www.pglingua.org/agal/atraves-editora/3681-101-falares-com-jeito-de-fernando-vasquez-corredoira Disponível em: http://www.imperdivel.net/lingua-sociedade/242-101-falares-com-jeito.html e em livrarias de todo o país.

LIVROS DAS PORTARIAS DO REIN

Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.” Epícuro
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LIVROS DAS PORTARIAS DO REINO
Vol. 1 Luís Amaral
Guarda-Mor
500 páginas
ISBN:
Brochado
Portarias do Reino O conjunto dos Livros das Portarias do Reino são um importantíssimo fundo da Torre do Tombo que conserva as mercês régias atribuídas no século XVII, com referências que ilustram não só a época, como os tempos anteriores cujos factos e personalidades também registam. O seu conhecimento confirma, integra e revela os acontecimentos mais notáveis que mereceram o envolvimento da administração pública do império português e o olhar dos soberanos que então nos regeram. Destes livros 8 pertencem ao Reino, 2 à Índia e 2 a África. Relacionam personagens e acontecimentos de um século que marca a mudança dinástica que permite aos portugueses recuperar a coroa nacional. É todo esse constituir de um novo Portugal que fica, mercê a mercê, patente nesta obra que agora se traz a lume. A colecção das Portarias do Reino, cuja publicação agora se inicia, deverá ficar completa no espaço de três anos e ocupará 12 volumes de cerca de 500 páginas cada, incluindo índices onomásticos e geográficos.
O 1.º volume integrará a apresentação da obra pelo Prof. Dr. Bernardo de Vasconcelos e Sousa e, também, a lista de subscritores.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Glossário Toponímico - Galiza, Portugal e Brasil

Glossário Toponímico - Galiza, Portugal e Brasil

Um glossário de topónimos serve para mostrar como a mesma origem fonética e linguística pode tomar diversas variantes. destas variantes, algumas esclarecem-nos sobre a forma primitiva da palavra, pondo de lado certas hipóteses ou mesmo explicações que nunca teriam passado pela mente dos eruditos, se as tivessem conhecido. é apenas um caminho, um caminho por entre um rôr de outros.Além disso, põe em pé de igualdade os macro e os microtopónimos, sendo certo que o facto de serem macro ou micro não é uma qualidade de origem nem um destino perpétuo, mas, apenas, um circunstancialismo histórico, por isso mesmo variável. alguns lugares há pouco tempo pequenos, ou mesmo insignificantes, são hoje cidades que rivalizam com as principais do nosso país. e cidades outrora importantes são hoje pouco mais que lugarejos menores, designados por aquilo a que se chama microtopónimos. O presente Glossário é um trabalho de meia dúzia de lustres, cada lustre cinco anos, disperso por várias bases de dados, umas escritas, outras já electrónicas. baseia-se numa teimosia e num gosto pessoal , que me levou a apontar obsessivamente os lugares por onde ia passando e passo. a minha profissão é uma fonte inesgotável de topónimos, de todos os tamanhos e feitios. e de lendas e lengalengas explicativas, que têm a piada que têm mas não explicam nada. salvo algumas lendas propriamente ditas, ou dignas desse nome: essas têm um fundo de verdade. como distinguir umas das outras, essa é a arte do artista, como soe dizer-se.Com aquelas regras mínimas, que consistem em ressalvar o seu a seu dono, é assim que ponho os meus apontamentos à disposição da rede. Não é trabalho acabado.Deste esqueleto de nomes, ainda incompleto, irá surgindo, a seu ritmo, o revestimento de carnes e de pele que lhe dará a forma final. se a tanto me ajudar o engenho, a arte e o tempo que os permita. Os mais curiosos poderão consultar o blogue gémeo Toponímia Galego-Portuguesa e Brasileira http://toponimialusitana.blogspot.com/, onde esse trabalho se faz dia após dia.
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Imperialismo e Colonialismo: a Partilha do Mundo (1860-1914)



Geografia e História
No recente Simpósio internacional sobre História da Geografia e Colonialismo, em Cabo Verde, o tema foi muito debatido. Mas nós o que sabemos a respeito? A África lusófona faz parte desta história. Refresquemos a memória.De que tratou a Conferência de Berlim, o Mapa-côr-de-rosa e o "ultimato" da Grã-Bretanha a Portugal.
Leiam o artigo a seguir.
Imperialismo e Colonialismo: a Partilha do Mundo (1860-1914)

Pelos finais de Oitocentos e meados do século XX, o continente europeu mantinha uma posição hegemónica relativamente aos restantes continentes. Esta supremacia advinha do imperialismo. Os países mais fortes da Europa, grandes potências industrializadas, governavam o mundo, que se encontrava dividido em territórios coloniais e áreas geográficas onde exerciam uma forte influência política e económica.
Em todo o continente africano apenas a Etiópia e a República da Libéria, nascida em 1849, eram estados independentes; o resto do território era dominado pelos estados colonialistas europeus.
Na Ásia, os impérios da Turquia, da Pérsia e da China estavam constantemente a ser assediados e ameaçados pelos europeus. A Grã-Bretanha, a Alemanha, a Rússia e a França competiam entre si pelo domínio deste continente, mas a potência dominante na área era indubitavelmente o último desses países.
A supremacia europeia tornou-se possível devido à reunião de três fatores essenciais: a explosão demográfica, o progresso tecnológico e o desenvolvimento económico e financeiro.
As taxas de mortalidade tinham baixado consideravelmente na Europa, por causa da revolução científica e da melhoria das condições de higiene, duas condições que, somadas ao desenvolvimento económico, adiante referido, desencadearam igualmente o aumento da natalidade. A população europeia representava em 1800 cerca de 20 % do total da população mundial, e aproximadamente um século depois dava-se um aumento de 4%, ou mais talvez, se contarmos com a emigração europeia para outros continentes.
A expansão europeia também foi favorecida pelo acentuado desenvolvimento técnico e tecnológico que possibilitou a utilização de novas formas de energia, como o gás e a eletricidade, e a revolução dos transportes, ocorrida entre 1880 e 1885, que disponibilizou a utilização de meios mais eficientes, menos morosos e acessíveis ao transporte de mais carga, tais como o barco a vapor e o comboio, que vieram assim a aproximar as pessoas e os países.
No plano económico, houve na década de 80 do século XIX uma tendência para se voltar às "velhas" políticas protecionistas, abandonando o liberalismo económico, ou livre-cambismo, o que incitou novamente os países da Europa a procurarem novos mercados e matérias primas. Os capitais europeus começaram a ser exportados para as colónias; deste modo, passaram a circular por todo o mundo.
Um dos fatores conducentes a esta posição de hegemonia da Europa foi a superioridade bélica, a qual tornou possível uma expansão colonial assente num número reduzido de efetivos em vastos territórios.
O colonialismo, nesta altura, pode, em linhas gerais, definir-se como uma das grandes consequências da industrialização. Para as nações que estiveram na vanguarda deste processo, as colónias representavam uma faceta indispensável do seu expansionismo económico. A necessidade da posse de territórios coloniais deriva de três ou quatro grandes ordens de fatores: por um lado, como se disse, os espaços ultramarinos representam um mercado onde as potências industrializadas adquirem as matérias-primas de que necessitam; por outro, em época de grande concorrência, as mesmas colónias são mercados onde a metrópole coloca, a preços preferenciais, os produtos transformados ou fabricados; em terceiro lugar, as nações industrializadas utilizavam estas terras para aí enviarem os seus excedentes populacionais, que lhes poderiam causar problemas na dinâmica de desenvolvimento económico ou agitações sociais e laborais; por fim, as colónias são utilizadas para a colocação de capitais (em excedente), gerados pelo processo de industrialização em curso e, desse modo, amplamente rentabilizados.
No início do século XX, a Europa prosseguia o processo de europeização do mundo, mas agora contava já com a concorrência dos Estados Unidos e do emergente Japão, que à semelhança da Europa tiravam partido de uma política de expansionismo territorial para atingir as suas principais metas: o crescimento económico e o poderio político.
Os Estados Unidos entraram numa fase de industrialização logo após o término da Guerra da Secessão (1861-1865), passando automaticamente a poder estar em pé de igualdade com as grandes potências europeias. Os setores de ponta deste desenvolvimento foram as indústrias têxtil, siderúrgica e de produtos alimentares; para além da produção de carvão e extração de petróleo.
O investimento na produção industrial teve sucesso dado que a América dispunha de muita mão de obra proveniente dos imigrantes que da década de 80 do século XIX até aos primeiros anos do século XX, afluíam em grande número à terra de todas as oportunidades. O desenvolvimento americano também se ficou a dever, em parte, à conquista de novos territórios (Cuba, Porto Rico, Filipinas, Guam, Havai entre outros), verificada em grande parte depois da vitória dos americanos sobre os espanhóis em 1898 (Guerra hispano-americana) e à compra do Alasca em 1867.
O Japão, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX procurou acompanhar o ritmo de desenvolvimento das mais pujantes nações europeias, através da criação de infraestruturas, da implementação do ensino e do fortalecimento do exército e da marinha.
Ao tentar avançar com o projeto colonialista, o Japão foi chocar com os interesses da Rússia, que conduziram a uma guerra entre estas duas nações (Guerra Russo-Japonesa, 1870-71), terminada em 1905 com a vitória dos nipónicos, na batalha naval de Tsushima. Com este sucesso, os japoneses tomaram posse da Manchúria e da Coreia, e foi-lhes entregue metade da ilha de Sacalina.
Comparativamente à Europa, tradicionalmente colonialista, as possessões deste dois países eram menores. No final do século XIX, todas as potências coloniais tomaram novos territórios que passaram a explorar segundo um modelo imperialista de tipo capitalista.
O colonialismo era, muitas vezes, feroz e violento, gerando à sua volta a animosidade de alguns dos países dominados onde surgiram sentimentos nacionalistas.
A Conferência de Berlim, ocorrida a 15 de novembro de 1884, foi muito importante para o sucesso do colonialismo. Nesta conferência, catorze países entre os quais se contava Portugal, procuraram chegar a um acordo sobre a partilha de África. De entre as resoluções tomadas nesta conferência, teve lugar de destaque o artigo 35.° do 6.° capítulo das "Conclusões", que consagrou o princípio da ocupação efetiva. De acordo com o articulado, era reconhecido o direito de as potências possuírem territórios fora das suas fronteiras com a condição de as ocupar efectivamente, estabelecendo populações e administrações de facto.
A Inglaterra era neste período a maior potência colonial, com possessões espalhadas por todos os continentes; em 1877 juntou ao seu vasto império a Índia, a "colónia das colónias", a joia da coroa inglesa. A França, até ao começo do século XX, dominava a África do Mediterrâneo até ao Congo, e o Sudeste Asiático, para além das Antilhas Francesas e outras pequenas colónias no Pacífico. A Alemanha não tinha propriamente um império colonial; as suas possessões deviam-se a ações de "particulares", como a Sociedade de Geografia de Berlim; contudo, tomaram posse do Togo, dos Camarões e de algumas regiões da África Ocidental (Sudoeste Africano, hoje Namíbia) e Oriental (Tanzânia, outrora Tanganica). Ocupou também algumas ilhas no Pacífico junto à Nova Guiné (Ilhas Salomão).
A Itália veio a dominar a Etiópia e tentou, sem sucesso, fazer o mesmo com a Eritreia e a Somália; entre 1911 e 1912 ocupou a Líbia. A Bélgica, a partir de 1908, era a potência administrante do Congo depois Zaire. Portugal, por seu turno, tentou dominar outros territórios entre Moçambique e Angola. Trata-se da célebre questão do Mapa-cor-de-Rosa, que reflete bem a competição existente entre as velhas nações coloniais nesta verdadeira corrida à posse de zonas de exploração. Essas pretensões portuguesas à região do "mapa cor-de-rosa" não obtiveram, todavia, êxito.O final do século XIX é profundamente marcado por este processo determinando politicas, motivando aventureiros e marcando o imaginário. Os relatos de expedição a África e a outras terras tão longínquas quanto misteriosas entusiasmaram e admiraram populações. É a época das expedições científicas; do apogeu dos museus de história natural; é a época dos exércitos expedicionários. É, em suma, a época dos grandes projetos ultramarinos e da demonstração da pujança colonialista, manifestada frequentemente através da violência dos países industrializados.
É neste sentido que se explica a questão do falhado "mapa-côr-de-rosa". A Sociedade de Geografia de Lisboa financiou diversas expedições que percorreram a África meridional, "de Angola à contra-costa" reclamando para Portugal o território dos Macolobos, situado entre Angola e Moçambique. Ora, contra ela levantou-se a oposição da Inglaterra que não admitia interferências no seu projeto colonial que consistia no controlo de um corredor ligando o Cairo ao Cabo. Na sequência de um conflito diplomático, a Grã-Bretanha lança um "ultimato" a Portugal, o qual colocará em crise a monarquia portuguesa.
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Como referenciar este artigo:Imperialismo e Colonialismo: a Partilha do Mundo (1860-1914). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-07-27].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$imperialismo-e-colonialismo-a-partilha-do>.
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Maria Lúcia Lepecki morreu



A escritora e ensaísta brasileira Maria Lúcia Lepecki morreu aos 71 anos em Lisboa, vítima de cancro, disse à Lusa o escritor Baptista-Bastos.
 
 
Maria Lúcia Lepecki nasceu em Axará, no estado de Minas Gerais, no Brasil, mas estava radicada há várias décadas em Portugal, sendo uma profunda conhecedora da literatura portuguesa.
Brasileira de nascimento e portuguesa por casamento, Maria Lúcia Lepecki estudou em Paris, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e professora catedrática na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
De acordo com a biografia disponibilizada pela Direcção-geral do Livro e das Bibliotecas, Camilo Castelo Branco foi o centro da tese de doutoramento de Maria Lúcia Lepecki em 1967, já depois de ter feito uma licenciatura em Filologia Românica no Brasil.
Baptista-Bastos referiu-se a Maria Lúcia Lepecki como uma "ensaísta notabilíssima e uma defensora da cultura portuguesa".
Colaborou em várias revistas e jornais portugueses e estrangeiros, sobretudo na área da literatura, como a Colóquio/Letras e o suplemento literário do Estado de São Paulo.
Em 2004, recebeu o prémio de ensaio literário da Associação Portuguesa de Escritores.
Em 2008, por ocasião do encontro literário Correntes d´Escritas, na Póvoa de Varzim, Maria Lúcia Lepecki manifestou-se publicamente contra o novo acordo ortográfico.
 
 



novolinguismo

A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos
pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!
As
criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os '
contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da acção educativa'.
Os
vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.
E pelo mesmo processo transmudaram-se os
caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.
O
aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';
Os
gangs étnicos são 'grupos de jovens'
Os
operários fizeram-se de repente 'colaboradores';
As
fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.
O
analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.
Desapareceram dos comboios as
1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou
mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes
crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os
alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.
Ainda há
cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)
As
putas passaram a ser 'senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em '
implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.

E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...
Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"
Os pretos passaram a ser pessoas de cor.
O mongolismo passou a designar-se síndroma do cromossoma 21.
Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar.
Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"
Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos"
Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila".
O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".
Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de complicado.

domingo, 24 de julho de 2011

Enciclopédia de Autores



Existe um novo documento interessante para consultar:
a Enciclopédia de Autores disponibilizada pelo escritor Daniel de Sá e que pode ser consultada na página dos Cadernos Açorianos em

http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/index.htm
Além disso procedeu-se a uma atualização dos cadernos Açorianos

foram corrigidos e atualizados os Cadernos Açorianos 1 a 5
CRISTÓVÃO AGUIAR
DIAS DE MELO
DANIEL DE SÁ
VASCO PEREIRA DA COSTA
ÁLAMO OLIVEIRA
e os suplementos de
DIAS DE MELO
VASCO PEREIRA DA COSTA

QUE PODEM SER CONSULTADOS EM

http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/index.htm

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J. CHRYS CHRYSTELLO, Presidente da Direção
COLÓQUIOS DA LUSOFONIA (AICL, Associação [Internacional] Colóquios da Lusofonia) - NIPC 509663133
  Sede: Rua da Igreja 6, Lomba da Maia 9625-115, S. Miguel, Açores, Portugal
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XVI Colóquio SANTA MARIA - AÇORES 2011 http://www.lusofonias.net/encontros%202011%20sta%20maria/index.htm
XVII Colóquio LAGOA - AÇORES 2012 http://www.lusofonias.net/encontros%202012%20Lagoa/index.htm


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BECHARA: Fontes da reforma ortográfica

domingo, 24 de julho de 2011



Fontes da reforma ortográfica

Evanildo Bechara* / O Dia
Rio - Temos recebido de vários leitores uma pergunta muito oportuna neste período em que se intensificam entre portugueses críticas ao novo Acordo Ortográfico: por que os portugueses rejeitam tão veementemente aquilo que seu representante legal se comprometeu a adotar?

As críticas dos portugueses chegam a apelar, nos sucessivos abaixo-assinados às autoridades governamentais competentes, para que se revogue o compromisso de implantação do sistema ortográfico aprovado pelos sete países de língua oficial portuguesa.

A indagação é oportuna nesta coluna, porque, no meio da gritaria, quase sempre não aparecem razões de ordem técnica que invalidem as Bases em que se assentam as normas do novo sistema. Já em 1911, depois de aprovada a reforma ortográfica elaborada pelos melhores filólogos que Portugal tinha à época, confessava D. Carolina Michaelis de Vasconcelos:

‘O público! Qual foi o acolhimento que fez à Reforma? Naturalmente as opiniões estão divididas. Houve e há entusiastas, críticos, indiferentes e adversários. Reacionários rombos, avessos a todo e qualquer progresso, aos quais as quarenta e tantas regras mostraram, pela primeira vez, quantas e quais são as dificuldades da ortografia nacional, entendem que fomos nós que as inventamos, baralhando e complicando tudo. Constou mesmo que esses descontentes iam angariar assinaturas a fim de reclamar a revogação da portaria de 1 de setembro [DE 1911].”

Podemos começar a dizer que as “novas” normas não são tão novas para os portugueses, porque em geral ratificam usos que já vêm praticados desde 1945, ou antes, portanto há mais de meio século. Os pontos de que se afasta a nova proposta de 1990 praticamente dizem respeito a questões mal resolvidas pelo sistema de 1945, e que também se tornam mal resolvidas pelo sistema vigente no Brasil desde 1943. Dentre essas questões cumpre ressaltar o emprego do hífen. Bem ou mal, os redatores do texto oficial, sem se afastar muito das normas de 1945 na sua redação, nos seus exemplos e até nas suas exceções, procuraram sistematizar melhor o que foi possível, numa área da ortografia que se mostra muito sutil quando os fundamentos se baseiam no “desvanecimento da noção da composição”, na “evolução semântica”, na “aderência de sentido”, no “sentimento do falante” ou na “perda em certa medida da noção de composição”. O espaço limitado desta coluna não nos permite aprofundar nossa pesquisa para demonstrar os íntimos laços que aproximam as Bases do Acordo de 1990 ao Formulário Ortográfico de 1945.

Vamos nos limitar a apontar as principais alterações gráficas nas regras de acentuação a serem adotadas pelos brasileiros, regras que já vinham do sistema ortográfico de 1945, com as alterações levadas a efeito por lá em 1975, praticadas,portanto, pelos portugueses e africanos: 1) desaparece o circunflexo de ‘voo, enjoo, perdoo’, etc; 2) desaparece o circunflexo de ‘creem, leem, deem, veem’; 3) desaparece o acento gráfico agudo dos ditongos abertos ‘oi’ e ‘ei’ dos paroxítonos (‘heroico’, sem acento, mas ‘herói’ com acento; ‘ideia’, sem acento, mas ‘réis’ com acento); 4) desaparece o acento gráfico agudo das vogais ‘i’ e ‘u’da sílaba tônica de paroxítonos quando procedidas de ditongo decrescente (‘feiura’, ‘baiuca’); 5) desaparece o acento gráfico tônico do hiato ‘ii’ dos paroxítonos (‘xiita’, ‘tapiira’); 6) desaparece o uso do trema; 7) desaparece o acento diferencial, exceto em‘pôde’ e ‘pôr’.

Neste particular, a única cedência do lado português relativa ao sistema de 1945 será o desaparecimento das consoantes não pronunciadas ‘c’ e ‘p’ para indicar o timbre aberto da vogal anterior, ou por força da etimologia, ou ainda por força da tradição ortográfica: ‘director’, ‘Egipto’. Reforma que haverá de agradar às criancinhas portuguesas que começam a escrever.

Cremos que estas cedências brasileiras de seus hábitos ortográficos bem demonstram o desejo firme de colaborar para a unificação tão almejada por todos os que sonham que nossa escrita reflita a maturidade cultural e política tão necessária à divulgação e ilustração do idioma compartilhado por tantos países soberanos.

* É professor da Uerj e da UFF e membro da ABL

nossa língua brasileira

 


“Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original.”  Albert Einstein

Nossa língua brasileira
Escrito por Jaqueline Ogliari   

No português que falamos, cabe de tudo. Se fez a partir da miscigenação de influências e palavras dos povos que vieram tentar a sorte no Brasil. Depois de tanta mistura, é nossa língua e seus jeitos de falar que conquistam as pessoas mundo afora.

“A língua é minha pátria”, já cantava Caetano. Quem então se atreve a dizer que o que nós falamos, escrevemos e cantamos não é língua brasileira? De português tem a herança, o léxico, as construções gramaticais. Mas com tanta miscigenação e uma população de 190 milhões de falantes, o nosso português se abrasileirou há muito.

O carioca malandro, o pernambucano arretado, o mineirinho manso, tudo é parte do mesmo português brasileiro, termo usado para designar a variante falada aqui no Brasil. Estão todos no mesmo caldeirão, mas correspondem a ingredientes diferentes, criando uma saborosa língua mestiça que conquista gente do mundo inteiro.
Os países lusófonos elaboram de tempos em tempos acordos ortográficos para unificar a língua portuguesa, na tentativa de preservá-la. “Mas é o falar popular que ajuda a enriquecer a língua”, explica a linguista e professora titular da PUC-SP, Leila Bárbara. Para ela, os acordos são artificiais, porque não impedem a transformação que o povo faz do português. “O que pega é o que o povo fala”, arremata.

No Dia Mundial da Língua Portuguesa (21 de fevereiro), o Almanaque celebra mais do que o idioma falado em nove países do mundo. Celebramos a nossa língua brasileira, diferente pelas dimensões continentais. Noel Rosa explicou essa evolução, em Não Tem Tradução: Tudo aquilo que o malandro pronuncia / Com voz macia é brasileiro / já passou de português.


Ouça também no

http://www.almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10523:nossa-lingua-brasileira&catid=12987:especial&Itemid=217

Caetano Veloso cantar Nossa Língua Nrasileira

Thalma Freitas cantar  Orquestra Imperial Não tem tradução

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modernismo brasileiro



MODERNISMO BRASILEIRO - GERAÇÃO DE 30

MODERNISMO BRASILEIRO
A geração de 30

Por que a geração de 1930 foi tão talentosa?
Depois da fase heróica do Modernismo brasileiro, que se empenhou para implantar no país as inovações das vanguardas européias, surge uma geração de poetas e romancistas das mais brilhantes de toda a história. Os modernistas de 1922 abriram caminho para que os novos escritores pudessem criar com mais liberdade, sem as amarras formais do academicismo e mais preocupados com a realidade brasileira. Surgem, durante a década de 1930, romancistas regionalistas que chamam a atenção para os problemas sociais das regiões mais carentes do Brasil. Eles usam uma linguagem coloquial e crítica herdada dos primeiros modernistas. Os poetas pautam-se pela possibilidade de criação em todas as direções, lançam mão do verso livre, do 'poema-piada' e das ousadias da geração de 1922, mas também trabalham com as formas fixas, como o soneto, a metrificação e as rimas da poesia mais tradicional.

leia o artigo completo em
http://linguabrasileira-linguabrasileira.blogspot.com/search?updated-min=2011-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2012-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=17


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Histórias de índios

ESTADINHO

23 jul. 2011

Histórias de índios

THAIS CARAMICO

Todas as histórias levam a gente para um lugar mágico, nos fazem sonhar. Mas quando se trata de animais misteriosos da natureza, lendas, mitos das florestas contados e recontados por velhos sábios, e ensinamentos sobre o universo que somente os povos indígenas, dentro de suas aldeias, sabem passar, parece que é tudo mais interessante. É que, de fato, essas florestas existem e, muitas vezes, os super-heróis dali são reais!
Livros escritos e ilustrados por índios são cada vez mais comuns. Há grupos de autores envolvidos em levar para todas as sociedades, a rica cultura indígena. E, apesar de as histórias serem centenárias, há agora um interesse maior nesse gênero da literatura. É só reparar na biblioteca do seu colégio ou nas prateleiras das livrarias!
Na reportagem de hoje, o Estadinho mostra uma entrevista com o escritor Daniel Munduruku e outra com a artista Vãngri Kaingáng. E ainda conta a lenda da crianção de um povo indígena, além de dar dicas de livros.
Para ler a matéria completa, clique nas páginas abaixo. Feito isso, conheça melhor a história das obras selecionadas e visite um portal indígena, feito especialmente para crianças.

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sábado, 23 de julho de 2011

CHORAM MARIAS E CLARICES NO SOLO DO BRASIL

interessante pesquisa sobre a letra da música "O bêbado e a equilibrista" onde Elis Regina canta "Choram Marias e Clarices".Quem eram estas Marias e Clarices? O jornalista Plínio Nunes tenta explicar-nos.
CHORAM MARIAS E CLARICES NO SOLO DO BRASIL

                                                  Afinal, quem é Maria e quem é Clarice?
Plínio Nunes (http://vidacuriosa.blogspot.com/2007/10/choram-marias-e-clarices-no-solo-do.html)


Outro dia eu estava ouvindo uma música da inesquecível e insubstituível Elis Regina, quando parei para pensar na letra e me chamou a atenção o seguinte verso: "Choram marias e clarices, no solo do Brasil. Eu sabia quem era a Maria, mas fiquei curioso em descobrir quem era a Clarice.
Perguntei a uma série de pessoas das minhas relações, inclusive jornalistas, e ninguém respondeu de cara. Alguns achavam que tinha a ver com a escritora Clarice Lispector. Não tem.
Foi aí que decidi decodificar aqui a letra de O Bêbado e a Equilibrista, composta pelo carioca Aldir Blanc e pelo mineiro João Bosco e lançada em 1979 pela gaúcha Elis.
A música, criada no auge da ditadura, foi considerada como o hino da anistia. Vamos à letra:
"Caía a tarde feito um viaduto e um bêbado, trajando luto, me lembrou Carlitos." Como pode uma tarde cair como um viaduto? Pensei, pensei e me lembrei que um viaduto havia ca¡do no Rio lá por aquela época. Uma consulta ao Google me salvou. Em 20 de novembro de 1971, o Viaduto Paulo de Frontin, na Tijuca, caiu, causando a morte de 29 pessoas e ferimentos em outras 30. Assim como outras grandes tragédias, ninguém foi responsabilizado. Mais pesquisas e entendi a frase no início da música. A tarde caía abruptamente como a queda do viaduto Paulo de Frontin. O sentido era observar metaforicamente a então situação do país, onde a mudança política ocorreu também de forma abrupta com o golpe militar. O bêbado trajava luto pelas mortes dos que lutavam contra a repressão e lembrava Carlitos, um personagem de Charles Chaplin que simbolizava a crítica de um marginalizado da sociedade ao capitalismo mundial.
A lua, tal qual a dona de um bordel, pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel.
Nunca falei com Aldir Blanc nem pude constatar isso em livros e Internet, acho que, sem poder contestar abertamente a nova política antidemocrática estabelecida, a lua provavelmente se refere às autoridades que acreditavam estar em um país de paz e felicidade. Provavelmente faz menção velada a músicas ufanistas como "as praias do Brasil ensolaradas...eu te amo meu Brasil, eu te amo, e a outras camadas que apoiaram o golpe ou tiveram medo de provocar os militares.
Nuvens, feito um mata-borrão no céu chupavam manchas torturadas. Que sufoco! Louco, o bêbado de chapéu coco fazia irreverências mil, à noite do Brasil.
Uma referência quase clara à tortura no chamado per¡odo de chumbo. A irreverência do bêbado é uma contestação aos dias (e noites) vividos no Brasil naquele per¡odo de 1964 até a data da anistia, em 1979.
Meu Brasil, que sonha com a volta do irmão do Henfil e tanta gente que sumiu num rabo de foguete. Chora, a nossa pátria mãe gentil, choram marias e clarices, no solo do Brasil.
O irmão do Henfil é o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que estava exilado e que pouco antes de morrer de Aids aos 61 anos, (era hemof¡lico e contraiu sangue contaminado) , criou a Campanha Contra a Fome e a Miséria. Henfil era cartunista combatido da ditadura. Nessa época, ele tinha uma coluna na Isto É onde escrevia cartas para a mãe dele, justamente dona Maria. Na coluna, dava notícia aos correligionários e toques para os militares. Henfil morreu em 1985 aos 44 anos. Além da mãe do Henfil, a música homenageava as marias-mães brasileiras. Clarice era a mulher do jornalista Vladimir Werzog, que foi chamado, em 1975, pelo Doi-Codi para explicar ligação com o Partido Comunista Brasileiro, na época clandestino, e apareceu enforcado. Foi confirmado que ele foi morto durante sessão de tortura.
Eu sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente. A esperança dança na corda banda de sombrinha, e a cada passo dessa linha pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista sabe que o show de todo o artista tem que continuar.
Essa parte não precisa explicar, claro. Era isso.

A seguir, ouça o  bêbado e a equilibrista, na voz da maravilhosa Elis Regina.

http://letras.terra.com.br/elis-regina/45679/

O Bêbado e A Equilibrista

Elis Regina

Composição: João Bosco e Aldir blanc
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dicionário das línguas indígenas

 

  Dicionário das línguas indígenas

Elias Januário
Está sendo concluído um impressionante trabalho na área da linguística e da educação, que se trata de um dicionário enciclopédico eletrônico das línguas indígenas da maioria dos povos de Mato Grosso, cujo foco da pesquisa é o estudo e sistematização de duzentos verbetes (palavras) em vinte e oito línguas indígenas.
Esses verbetes são de temas como animais, plantas, objetos, partes do corpo humano e elementos da natureza. Deles foram feitos a palavra em português, na língua indígena, o tronco linguístico, a família linguística, a transcrição fonética, a transcrição ortográfica, definição na língua indígena, definição na língua portuguesa, exemplo na língua indígena e na língua português e o desenho, além da gravação do som na língua indígena.
Trata-se de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida pela Faculdade Indígena Intercultural da Universidade do Estado de Mato Grosso em parceria com órgãos de fomento de Mato Grosso e organizações indígenas.
No Brasil temos cerca de 180 línguas indígenas faladas, sendo que Mato Grosso abriga um número considerável dessa parcela de falantes das línguas maternas.
A proposta de elaboração do dicionário surgiu da preocupação em estar desenvolvendo um trabalho efetivo que contribuísse com a manutenção das línguas existentes e pudesse estar revitalizando algumas que entraram em processo de desaparecimento.
A intenção do dicionário é que ele seja disponibilizado aos indígenas e, também, à população não índia, na perspectiva de mostrar a diversidade para a comunidade educacional brasileira, notadamente aquela dedicada à educação escolar indígena, na expectativa de que seja usado na escola não índia, mostrando assim a diversidade étnica e cultural, as diferentes lógicas de ver e pensar o mundo presente em nosso país, estimulando ainda a produção de materiais didáticos.
Foi pesquisando e estudando essas 28 línguas indígenas que o grupo envolvido neste projeto, conseguiu digitalizar textos, imagens e sons, fazer a revisão linguística e de português dos verbetes, além da elaboração do projeto de multimídia.
Metodologicamente o trabalho seguiu uma abordagem qualitativa, contando com a participação efetiva dos estudantes indígenas e suas comunidades, onde foram feitas entrevistas, gravações, anotações e um intenso trabalho de campo e laboratório.
Ao desenvolver pesquisa com os indígenas, em um processo de convivência interativa e criativa, caracterizando pela compreensão e reconhecimento da diferença étnica, acreditando contribuir com a produção e circulação de uma literatura indígena que possa superar a ausência de materiais de leitura nas escolas e respectivas comunidades indígenas.
Ao mesmo tempo tem-se a expectativa que ao possibilitar a devolução de parte da produção escrita e de imagens aos estudantes indígenas, estimular-se-á a elaboração de outras publicações, de autoria individual e coletiva, por parte dos professores indígenas e de seus alunos, que possam subsidiar o processo educativo nas escolas das aldeias.
Em síntese, a proposta do dicionário que agora se conclui promove o registro e a divulgação de experiências e reflexões geradas por indígenas e não indígenas ao longo de mais de dois anos, possibilitando com isso a construção de políticas públicas no estado de Mato Grosso, particularmente no que refere ao ensino da língua indígena, visando à afirmação da identidade étnica e cultural do patrimônio imemorial linguístico existente.
Elias Januário é doutor em Educação, professor de Antropologia da Unemat e escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
[Fonte: http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/60/materia/282578]
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