Crónica do Atlântico
(em Portuguese Times, 31 Out 12)
Osvaldo Cabral
Salvar a Universidade
É curioso que, 37 anos depois da nova Autonomia, dois dos seus principais
pilares estejam hoje ameaçados pela sustentabilidade: a Universidade e a
RTP-Açores.
Sobre o futuro da televisão, refletiremos nos próximos dias. Dediquemo-nos
agora à Universidade.
É inegável que a Universidade dos Açores constitui, hoje, o motor regional
do conhecimento, da investigação e da formação. A academia açoriana tem dado
um contributo impagável à fixação de jovens e à qualificação dos nossos
recursos humanos (90% dos seus alunos são açorianos).
Sendo uma instituição estratégica no nosso modelo autonómico, a Região não
pode voltar as costas aos problemas da Universidade dos Açores, sem
menosprezar a sua autonomia académica. E os problemas, pelo que vamos assistindo,
são graves.
Começando pelo seu financiamento, a universidade vai perder no próximo ano
mais de meio milhão de euros nas transferências do Estado e vai ter que
pagar, a breve trecho, 400 mil euros de um empréstimo contraído ao Ministério
das Finanças.
Certamente que a Região não deixará que problemas de subfinanciamento
afetem o funcionamento e a qualidade da universidade, mas a nossa academia também
terá que fazer um esforço para se reestruturar e adaptar-se à nova
realidade deste tempo.
É preciso que a Universidade dos Açores se envolva mais com a sociedade, a
fim de percebermos e nos envolvermos no apoio ao seu funcionamento.
A universidade deveria esclarecer, a todos nós contribuintes, qual a
estratégia que pretende assumir para a sua sobrevivência e como resolve inúmeros
problemas de gestão – exploração e investimentos —, para os quais só se
ouvem interrogações e grandes preocupações. São muitas as questões que a UA
deveria esclarecer publicamente e explicar, serenamente, do que precisa para
resolvê-las.
Eis uma lista delas:
— A UA tem uma estratégia a curto ou longo prazo para o seu funcionamento?
Qual? Como vai aplicá-la?
— O “Plano Estratégico de Desenvolvimento da UA para o período 2012-2015”
que encomendou está a ser aplicado? Com que resultados?
— Os problemas financeiros da UA são de exploração ou de investimento?
— Quanto custa a tripolaridade? Ela está adaptada a esta situação de
restrições? Há ou não sobreposições nos 3 pólos?
— A construção do novo pólo de Angra está na base dos problemas financeiros
da UA? Em que dimensão e que erros se cometeram?
— Quais são os resultados das inúmeras investigações das várias unidades
orgânicas? Elas gerem receitas?
— É verdade que as verbas destinadas aos projectos de investigação são des
viados para pagar custos fixos?
— Como e onde são aplicadas as verbas do IMAR e da Fundação Gaspar Frutuoso?
— A UA tem recorrido a parcerias com empresas e ao financiamento europeu?
— É verdade que há professores que não trabalham, mas recebem o ordenado no
fim do mês?
— É verdade que foram organizados cursos apenas para não dispensar
professores?
— A UA tem cursos a mais? Estão todos adaptados ao mercado de trabalho ou
está-se a formar jovens para o desemprego certo?
— Há alunos que estão a abandonar a universidade porque não lhes resolvem
os problemas e até são obrigados a comprar materiais para os seus trabalhos?
— É verdade que a maioria dos alunos que ingressam na UA é oriunda de
famílias com menores rendimentos? Metade dos matriculados recorrem a bolsas? Que
respostas a UA dá a estes alunos em dificuldades?
— As várias unidades orgânicas da UA são tratadas por igual ou as que
melhor gerem os seus departamentos são incentivadas e premiadas? E aos que gerem
mal, o que acontece? Estas são apenas algumas das preocupações do cidadão
comum. Este contexto de restrição orçamental não pode servir de desculpa para
entraves tradicionais que impedem a melhoria dos índices de desempenho da
nossa Universidade.
Há que reformular atitudes, acabar com “capelinhas”, desmantelar teias
instaladas e impor soluções inovadoras e corajosas em toda a actividade
académica.
Deixar o problema arrastar-se, é pôr em causa a nossa própria Autonomia.
É curioso que, 37 anos depois da nova Autonomia, dois dos seus principais
pilares estejam hoje ameaçados pela sustentabilidade: a Universidade e a
RTP-Açores.
Sobre o futuro da televisão, refletiremos nos próximos dias. Dediquemo-nos
agora à Universidade.
É inegável que a Universidade dos Açores constitui, hoje, o motor regional
do conhecimento, da investigação e da formação. A academia açoriana tem dado
um contributo impagável à fixação de jovens e à qualificação dos nossos
recursos humanos (90% dos seus alunos são açorianos).
Sendo uma instituição estratégica no nosso modelo autonómico, a Região não
pode voltar as costas aos problemas da Universidade dos Açores, sem
menosprezar a sua autonomia académica. E os problemas, pelo que vamos assistindo,
são graves.
Começando pelo seu financiamento, a universidade vai perder no próximo ano
mais de meio milhão de euros nas transferências do Estado e vai ter que
pagar, a breve trecho, 400 mil euros de um empréstimo contraído ao Ministério
das Finanças.
Certamente que a Região não deixará que problemas de subfinanciamento
afetem o funcionamento e a qualidade da universidade, mas a nossa academia também
terá que fazer um esforço para se reestruturar e adaptar-se à nova
realidade deste tempo.
É preciso que a Universidade dos Açores se envolva mais com a sociedade, a
fim de percebermos e nos envolvermos no apoio ao seu funcionamento.
A universidade deveria esclarecer, a todos nós contribuintes, qual a
estratégia que pretende assumir para a sua sobrevivência e como resolve inúmeros
problemas de gestão – exploração e investimentos —, para os quais só se
ouvem interrogações e grandes preocupações. São muitas as questões que a UA
deveria esclarecer publicamente e explicar, serenamente, do que precisa para
resolvê-las.
Eis uma lista delas:
— A UA tem uma estratégia a curto ou longo prazo para o seu funcionamento?
Qual? Como vai aplicá-la?
— O “Plano Estratégico de Desenvolvimento da UA para o período 2012-2015”
que encomendou está a ser aplicado? Com que resultados?
— Os problemas financeiros da UA são de exploração ou de investimento?
— Quanto custa a tripolaridade? Ela está adaptada a esta situação de
restrições? Há ou não sobreposições nos 3 pólos?
— A construção do novo pólo de Angra está na base dos problemas financeiros
da UA? Em que dimensão e que erros se cometeram?
— Quais são os resultados das inúmeras investigações das várias unidades
orgânicas? Elas gerem receitas?
— É verdade que as verbas destinadas aos projectos de investigação são des
viados para pagar custos fixos?
— Como e onde são aplicadas as verbas do IMAR e da Fundação Gaspar Frutuoso?
— A UA tem recorrido a parcerias com empresas e ao financiamento europeu?
— É verdade que há professores que não trabalham, mas recebem o ordenado no
fim do mês?
— É verdade que foram organizados cursos apenas para não dispensar
professores?
— A UA tem cursos a mais? Estão todos adaptados ao mercado de trabalho ou
está-se a formar jovens para o desemprego certo?
— Há alunos que estão a abandonar a universidade porque não lhes resolvem
os problemas e até são obrigados a comprar materiais para os seus trabalhos?
— É verdade que a maioria dos alunos que ingressam na UA é oriunda de
famílias com menores rendimentos? Metade dos matriculados recorrem a bolsas? Que
respostas a UA dá a estes alunos em dificuldades?
— As várias unidades orgânicas da UA são tratadas por igual ou as que
melhor gerem os seus departamentos são incentivadas e premiadas? E aos que gerem
mal, o que acontece? Estas são apenas algumas das preocupações do cidadão
comum. Este contexto de restrição orçamental não pode servir de desculpa para
entraves tradicionais que impedem a melhoria dos índices de desempenho da
nossa Universidade.
Há que reformular atitudes, acabar com “capelinhas”, desmantelar teias
instaladas e impor soluções inovadoras e corajosas em toda a actividade
académica.
Deixar o problema arrastar-se, é pôr em causa a nossa própria Autonomia.
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