Português terá 350 milhões de falantes até o final do século
Da Redação, com Gilberto Costa, correspondente da EBC
01/03/2013 06:02
"O
português hoje não é de Portugal, mas 'também' é de Portugal. Nós temos
que acrescentar o 'também'. A grande riqueza que temos na Comunidade de
Países da Língua Portuguesa [CPLP] é exatamente a partilha de uma coisa
comum. Para que a língua seja de todos, todos
temos que ceder", diz Anacoreta Correia, do Observatório da Língua
Portuguesa.
Lisboa -
Até o final do século 21, os oito países falantes de língua portuguesa
(Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste) terão uma população de 350 milhões de
pessoas – 100 milhões a mais que os atuais cerca de 250 milhões (dos
quais mais de 190 milhões são
brasileiros).
A
conta é de Eugénio Anacoreta Correia, presidente do Conselho de
Administração do Observatório da Língua Portuguesa, que funciona em
Lisboa. Segundo ele, o número crescente de falantes do idioma é um dos
fatores que aumentam o "potencial econômico" da língua.
Em
sua opinião, a tendência demográfica - junto com a ascensão econômica
de Angola, Brasil e Moçambique, bem como fatores culturais (como a
música) e a Copa de Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016 –
explicam o "boom do interesse"
mundial pelo português, ao falar do aunento da procura por cursos de
português em países não lusófonos.
Correia
encerrou, quinta-feira (28), o 1º Congresso Internacional da Língua
Portuguesa, organizado pelo observatório e pela Universidade Lusíada. O
adiamento no Brasil da obrigatoriedade da nova ortografia para 2016
(decidido pela presidente Dilma Rousseff em dezembro passado) em nada
afeta a expansão do idioma, na avaliação de Correia.
"Não é drama nenhum. O acordo não pode ser imposto, tem que ser absorvido pela
sociedade e isso precisa de tempo", defendeu em entrevista à Agência Brasil.
Segundo
ele, "o que o Brasil fez foi um adiamento do prazo para terminar o
processo, mas não interrompeu o processo", salientou. Para Correia, o
governo brasileiro postergou a obrigatoriedade "por razões técnicas",
tais como a necessidade de preparação de livros didáticos e professores.
"O
Brasil é um continente. As dificuldades regionais, as assimetrias, a
preparação de pessoas, a preparação de manuais em um país que tem a
dimensão e a
variedade do Brasil são muito grandes. Entendo perfeitamente que por
razões técnicas possa ter havido necessidade desse adiamento".
O
adiamento da entrada em vigor do acordo ortográfico no Brasil alimentou
as críticas portuguesas às regras de unificação da escrita do idioma. É
comum em Portugal escritores e colunistas publicarem textos em jornais e
revistas com a observação de que não seguem as regras do acordo.
"Utilizar isso como argumento antiacordo não é bom para ninguém",
assinalou Eugénio Anacoreta Correia.
"O
português hoje não é de Portugal, mas 'também' é de Portugal. Nós temos
que acrescentar o 'também'. A grande riqueza que temos na Comunidade de
Países da Língua Portuguesa [CPLP] é exatamente a partilha de uma coisa
comum. Para que a língua seja de todos, todos temos que ceder",
finalizou.
http://www.portugaldigital.com.br/cultura/ver/20075512-portugues-tera-350-milhoes-de-falantes-ate-o-final-do-seculo
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