quarta-feira, 6 de julho de 2011

brasil 1683

Frei Estanislao baseou seu trabalho em pesquisa no Arquivo Nacional e arquivos paroquias das freguesias da baixada fluminense.

Assim eu acho que não se preocupou com o trecho da ligação Rio-Minas em território mineiro.

Mas ele afirma que foi Garcia Rodrigues Pais o construtor do caminho para Pilar. Eis o trecho:

"Foi em 1683 que o Capitão-Mor Garcia Rodrigues Pais fixou sua residência e de seus filhos no triângulo entre os rios Paraíba e Paraibuna.  A Carta Régia de 23 de dezembro do mesmo ano recomendava ao Governador da Capitania do Rio de Janeiro 'dar todo o auxílio a favor do dito Capitão-Mor para a jornada e o descobrimento de minas de esmeraldas'. Em 1697 seguiu outra Carta Régia elogiando o zelo do mesmo na administração de minas de esmeralda ou ouro.

Dois anos depois a Metrópole 'pediu informações sobre o exame que fez Garcia Rodrigues Pais sobre um Caminho do Rio de Janeiro ao campo de Minas Gerais'.

Em fins de outubro de 1700 estava aberta a picada pelas serras e florestas fluminenses saindo da fazenda do alferes Leonardo Cardoso da Silva (hoje Paty do Alferes) passando a Serra da Manga Larga, Marcos da Costa, Serra do Coito, Pedra do Coito para terminar em Pilar do Iguaçu.

Desenvolveu-se vivo movimento comercial nessa nova artéria e a 7 de fevereiro de 1704 o rei ordenou que, no Rio de Janeiro, se reservasse uma Casa do Quinto para o ouro vindo pelo novo caminho aberto por Garcia Rodrigues Pais. Também o governo concedeu sesmarias a numerosos pretendentes à beira da picada. A 31 de agosto de 1720 uçma Carta Régia ordenou a mudança de registro de Iguaçu para Paraíba.

Nessas duas décadas de ano chegaram às mãos do Governador muitas reclamações por causa de dificuldades e perigos ostentados pelo Novo Caminho de Minas. Sendo bem fundamentadas as queixas, a autoridade baixou uma ordem dirigida ao primei ro construtor para abrir uma comunicação mais segura e cômoda. Mas 'o Capitão-Mor Garcia Rodrigues Pais, pela sua idade avançada, não podia executar a tarefa'.

Entrou então em atividade o Sargento-Mor Bernardo Soares de Proença. Este já percorrera o novo Caminho de Minas, embrenhara-se nos bosques de Paraíba em direção à atual cidade de Petrópolis e considerou a Serra do Frade como ponto vantajoso para traçar a nova comunicação com Minas Gerais.Fez então o seu requerimento para obter a sesmaria atrás da Serra do Frade declarando que essa légua em quadra se acharia aos lados do 'comum rumo que correr o caminho geral que se há de abrir da Paraíba a vir buscar as saídas das quebradas da dita Serra do Frade".

Eis a primeira menção oficial do território da urbs petropolitana. A petição foi deferida pelo Governador a 11 de novembro de 1721, confirmada pelo Rei a 30 de julho de 1723 e recebeu o 'cumpra-se' do Capitão Gener al Luís Vaia Monteiro a 23 de março de 1725.

O Capitão Luís Peixoto da Silva, a 12 de novembro de 1721, fez idêntico requerimento para ser dono de terras vizinhas, 'onde acaba a quadra de Bernardo Soares de Proença'. No Arquivo Nacional, no documento 10.643, encontra-se um resumido relatório, escrito em 1736, indicando o trabalho dificílimo que era a construção desse caminho: 'Bernardo Soares de Proença ofereceu-se a traçar e abrir o dito caminho à sua custa'. E de fato: 'abriu a picada com seus escravos, índios e alguns homens brancos a quem pagou e sustentou, fazendo grandes despesas no decurso de um ano, em que morreram muitos escravos pelo desabrido daquele sertão;
'ele mesmo, não sendo acostumado ao mau trato de tão trabalhosa diligência adquiriu tais achaques que, depois de os padecer quatro anos de cama em que gastou quase o resto de sua fazenda, veio de todo a perder a saúde e a vida;
'gastou mais de 100.000 cruzados no serviç o de escravos e perdeu muitos;
'pediu a seus parentes que requeressem sesmarias neste novo trecho, fizessem as suas casas e plantações à beira do caminho e cuidassem de cortar o mato, tudo em benefício dos viandantes e das tropas'."

Em resumo, existia a ligação para Pilar, aberta por Garcia Rodrigues Pais, mas era considerada muito perigosa para a passagem das tropas. E Garcia já não estava em condições, pela idade, de procurar e abrir uma variante. Então apareceu Bernardo Soares de Proença, já explorador da área, que requereu a sesmaria e fez a ligação com o Porto da Estrela.

Frei Estanislao transcreveu nesse trabalho a carta de confirmação de uma légua de terra por sesmaria a Bernardo Soares de Proença.


Realmente o caminho do Proença é este mesmo, mas a linha tracejada não pode ser a do Garcia porque ele veio abrindo a picada desde Minas Gerais até chegar em Paraíba do Sul. Aí já não tinha mais condições financeiras nem físicas de prosseguir e escreveu para Portugal dizendo que “tendo chegado ao meyo da jornada já não me restam recursos...”. Dali para frente, justo em frente à Igreja de Santo Antônio dos Pobres da Encruzilhada do Lucas, em Paraíba do Sul, o Proença pegou a obra e prosseguiu até o Porto da Estrela.
Este caminho tracejado existe, e já li que faz parte do caminho aberto pelo Garcia, mas de que jeito se vindo de Minas Gerais ele parou em Paraíba do Sul?  Alguns viajantes da época passaram por este caminho (Saint Hilaire e Antonil entre eles) e descreveram a Fazenda do Pau Grande que tem um índice só para ela no Arquivo Nacional.
Veja também no mapa, que o rio Preto se encontra com o Piabanha e prossegue, já com o nome de Piabanha, indo encontrar-se com o Paraíba justamente aqui, onde acontece o abraço entre eles. Talvez seja por isso que o requerimento cita “rios Paraíba e Preto”, apenas por desconhecimento do local.
Aqui costumamos dizer que os rios que se abraçam são, um fluminense, um mineiro e um paulista.
Quanto à Magé, vimos muitos documentos com esta localidade no Arquivo, e pensei que era Magé, a cidade que faz divisa com Petrópolis e que nos leva à região dos lagos, mas pela localização dela no mapa parece que é outro local.
A verdade é que os nomes vão mudando. Paraíba do Sul só passou a ter este nome oficial em 15.01.1833 e antes fazia parte da freguesia de Inhomirim, esta que hoje fica perto de Magé.

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