Em entrevista recente ao Semanário Expresso o director do GAVE referiu que os relatórios de análise aos exames nacionais "[...] mostram de forma evidente que não há evolução no nível da maioria das capacidades e conhecimentos questionados nas provas [...]" e que "[...] os exames geram algum stress nos alunos e obrigam as escolas a cumprir de forma rigorosa os programas [...]". Diz ainda que "[...] mesmo sendo um exercício trabalhado nas aulas os alunos não saem de um nível mediano".
Na mesma altura, a Universidade de Cambridge MA, publicou um estudo evidenciando que os exames na Flórida já são responsáveis pelos ganhos na aprendizagem dos alunos naquele Estado Americano.
Como explicar este contraste ao nível dos efeitos dos exames, sobretudo tendo em conta que os exames Nacionais em Portugal e os Estaduais na Flórida foram introduzidos na mesma altura e que ambos os sistemas partem da mesma base ao nível dos fracos resultados educativos?
Ao constatar que os alunos da Flórida se encontravam entre os piores dos E.U.A. a matemática e a literacia, foi introduzido um sistema de exames estaduais desenhados para medir ganhos educativos, que também passou a servir para a avaliação das escolas inseridas na rede de Serviço Público de Educação. Simultaneamente, foi instituído um programa de bolsas de estudo que permite que os alunos de escolas com maus resultados possam frequentar qualquer outra escola e um reforço parental através da introdução de uma variedade de escolhas e de alargamento de modelos educativos à disposição dos pais. Alargou-se, por exemplo, a rede pública às escolas com contratos de associação, às Virtual Schools e ao ensino doméstico. Para alunos com necessidades educativas especiais, o Estado financiou o MCKay Scholarship (recentemente tão em voga nos media nacionais) e o apoio a alunos carenciados foi ainda reforçado com um programa de bolsas para frequência de escolas privadas não inseridas na rede pública de educação.
O estudo que hoje aqui trazemos reforça o que já vínhamos dando nota dos relatórios da OCDE, no sentido de que os exames em sistemas centralizados como o nosso têm um efeito reduzido na melhoria da qualidade. No caso Português, os exames parecem estar a exercer funções inerentes e naturais à escola, como sejam a de pressionar os docentes a cumprir o programa e os alunos a estudarem. Num sistema educativo com liberdade e responsabilidade, a escola cumprirá naturalmente esta função e estimulará alunos e professores nas suas actividades educativas, e os exames, ao lado de outros instrumentos de avaliação, passarão a contribuir para melhorar a qualidade das aprendizagens. Para isso será necessário fomentar a transparência nos dados educativos, introduzindo um sistema de avaliação de escola eficaz e permitindo a escolha da escola como motor para a diversidade e de apoio aos mais carenciados.
Conheça AQUI o Dossier do FLE sobre a Florida ou visione AQUI o vídeo de Francisco Vieira e Sousa sobre o assunto. Clique AQUI para saber mais sobre os exames nacionais nos restantes países da Europa.
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