é o próprio autor que sugere esta leitura:
Livro: Nação Crioula – José Eduardo Agualusa
Agualusa foi um escritor que sempre me chamou a atenção. Sabe quando você vai na livraria e acaba reparando sempre no mesmo livro (ou autor)? Pois bem, comigo foi assim. Não escondo que a edição l-i-n-d-a da Lingua Geral (tem Capas de Quinta com ela aqui) tenha uma participação nessa atração. Mas não deve ser só isso. Outros livros que nunca li e que me provocam isso: Dublinenses do Joyce, Grandes Esperanças do Dickens, Norwegian Wood do Murakami e outros.
Bem, voltamos ao Agualusa. Não sabia por onde começar, ia passar uma semana na casa dos meus pais e resolvi levar alguma coisa dele. Dei uma olhada na Travessa do Ouvidor e fiquei em dúvida entre Nação Crioula e Estação das Chuvas, o primeiro ganhou, já que a personagem principal do segundo era uma historiadora (de Histórias com H eu já tenho as minhas). Acontece que eu também estava procurando a biografia da Sylvia Plath, e como o livro era relativamente novo ninguém na livraria sabia muito bem onde ele estava. Foi uma comoção geral, e quando o livro apareceu acabei levando só ele e esqueci o Agualusa. Logo que voltei pro Rio esse erro foi sanado na livraria do cinema. Não me arrependo.
O livro é escrito de forma epistolar (cartas), e a leitura é muito fluida. Suas 200 páginas passam pela gente deixando uma vontade de mais. Quem escreve as cartas é Fradique Mendes – sim, aquele – entre 1868 e 1888. Esse português chega em Luanda e começa a escrever sobre o que encontra, o que entende e o que o deslumbra. Por diversas situações sua vida se move entre Portugal, Angola e Brasil. O fim do tráfico negreiro, a possibilidade de abolição e as relações transatlânticas estão presentes em todo o livro. Ele é triste como o período pede, mas também tem a beleza triste que algumas personagens exigem.
O romance de Fradique e Ana Olímpia não é perfeito nem explicado, e por isso me pareceu tão real. Ana Olímpia é uma personagem linda. Mas descobri-la durante o livro é um prazer que não pretendo tirar de quem ler esse texto.
Fui ainda surpreendida por um viés auto reflexivo do livro. Já disse algumas vezes que tenho problemas com livros pretensamente metalinguísticos, acho que nem sempre eles cumprem o que prometem. Com Nação Crioula foi diferente, ele não se mostrou logo de cara “meta”, mas foi recebido assim no meu coração.
Encontrei algumas passagens especialmente bonitas, mas acabei não marcando por serem longas. Duas vezes li um par de páginas que gostei, mas não marquei. Acho que foi o capricho da edição que me reprimiu.
De toda forma, quero ler mais desse autor. Não sei qual será o próximo, mas ele aparecerá.
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