Poema décimo terceiro de um canto de acusação
O algodão de Angola só será branco
quando Angola for independente
agora é negro
com manchas vermelhas
na baixa de Cassange.
As barragens de Angola só serão farturas
quando Angola for independente
agora são fome
gente corrida dos seus quimbos
e despojada de quanto tinha
O açúcar de Angola só será mel
quando Angola for independente
agora é amargo
chicote e prisão
tonga da morte
O café de Angola
o diamante
o ferro
o petróleo
o milho
a palma
o cimento
a manga
a carne
o mar
o junge
o ndoka
o céu e o vento
quitaba
o luar a noite
o dia
o homem
Angola
O homem de Angola
vem chegando independente
do horizonte
das florestas
e montanhas
da guerrilha.
Por Costa Andrade
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