sexta-feira, 3 de agosto de 2012

cultura contemporânea e políticas culturais

Cultura Contemporânea e Políticas Culturais

Formação Avançada

3ª Edição - 2012

6 Novembro – 13 Dezembro 2012

Horário: terças e quintas-feiras, 18h00 – 20h30

Organização: Centro de Estudos Comparatistas

Local: Faculdade de Letras de Lisboa

Inscrições até dia 20 de Outubro

(ficha de inscrição em anexo)

Programa Curricular 2012

Módulos

Performance e a cidade

Formador: Manuela Carvalho

A cidade é ao mesmo tempo lugar e inspiração de performance – como forma de aceitar, criticar ou rejeitar os valores e os modos de vivência espácio-temporal na cidade contemporânea; assim como é ela própria performativa, ou seja, a configuração da cidade e a forma como os seus habitantes a usam produz identificações culturais e sociais. Recorrendo à performance nas suas diversas vertentes quer de prática artística, social, política, ou do quotidiano, este módulo pretende analisar alguns fenómenos artísticos e culturais urbanos, com o objectivo de compreender a cidade contemporânea e as suas potencialidades criativas e culturais.

Souvenir from…: “Crónicas-postais” na literatura contemporânea

Formador: Felipe Cammaert

O presente módulo constrói-se à volta de uma selecção de crónicas que se debruçam sobre a cidade, aproximando-se nalguns aspectos de uma estética próxima da do cartão postal. Os textos, da autoria de reconhecidos escritores contemporâneos, foram publicados na imprensa e desenvolvem uma reflexão crítica sobre o espaço, combinando componentes próprias do diário (seja este íntimo ou de viagem) e da crónica jornalística. Estes textos apontam para um retrato urbano íntimo, no sentido de apresentar considerações sobre as mudanças na cidade produzidas por fenómenos tais como o turismo, a percepção do espaço urbano pelo cidadão, ou a relação do narrador-viajante com o espaço circundante. Nesta perspectiva, a cidade de Lisboa ocupará um lugar central nas crónicas-postais estudadas.

The East, what else

Formador: Everton V. Machado

Em finais dos anos setenta do século passado, o comparatista Edward W. Said, com o seu ainda polémico Orientalism (1978), sugeriu que a construção do sujeito oriental e do próprio Oriente ao nível do discurso cientificista e pós-iluminista tivera incidência directa na prática imperialista europeia, com a promoção de uma distinção ontológica e epistemológica entre o Leste e o Oeste do planeta. Académicos, funcionários coloniais, escritores e artistas nada teriam produzido sobre o Oriente e as suas populações que não estivesse suportado por uma atitude política e culturalmente interessada. Tal atitude se reflectiria até aos dias de hoje nas mais diversas produções culturais que tem o Oriente por objecto. O presente módulo pretende aferir a actualidade das questões levantadas por Said através de conhecidas obras da literatura e das artes plásticas, mas também do cinema europeu e norte-americano como os filmes Passagem para a Índia (1984) de David Lean e Madame Butterfly (1993) de David Cronenberg.

A elaboração artística como processo cognitivo e meio de comunicação

Formadora: Francesca Negro

Apesar de ainda prevalecer a visão da arte como algo aleatório e às vezes inútil, não produtivo, a arte trabalha constantemente sobre o nosso cérebro e o nosso cérebro produz arte, produz a cada instante a nossa visão do mundo. Cada pensamento transforma-se em imagem e cada imagem é influenciada pelo nosso sistema de pensamento. Galerias e galerias de imagens e espaços imaginários são a nossa realidade antes que esta saia de nós para tentar realizar-se no mundo físico. Neste módulo a nossa finalidade é tentar descobrir como funciona o pensamento artístico, o que é que a arte representa e como e porquê se pode tornar um meio de aprendizagem, divulgação do conhecimento, um instrumento de formação e um veículo para a maior eficácia de uma mensagem. Assim, propõe-se analisar detalhes de obras de arte figurativa, cinematográfica, arquitectónica, literária, e reflectir sobre as respostas emocionais e físicas por elas produzidas. A nossa época trabalha com a arte de forma muito profunda, por isso temos de desenvolver uma capacidade mais aprofundada de leitura dos produtos e das técnicas artísticas para poder usufruir, de forma consciente, a criatividade do nosso cérebro e para nos relacionarmos com o mundo de forma menos passiva e mais consciente.

Programação de teatro contemporâneo

Formador: Francisco Frazão

Artes performativas contemporâneas: especificidade e relevância, formas de produção e circulação, o lugar do programador.

O programador como intermediário: artistas/público; artistas/estrutura de produção; identificação e criação de contextos; adequação das vontades às limitações. O programador como gatekeeper: linhas programáticas e critérios de inclusão e exclusão; a questão do gosto. O programador como autor: assinatura; poéticas explícitas e implícitas; temas e fios condutores. Algumas dicotomias: local/internacional, centro/periferia, festival/temporada, acolhimento/co-produção, novidade/fidelidade.

Conferência final

A Medida do Passo

Marta Traquino

13 de Dezembro 2012, 18h00, sala 5.2

Considerando que, na cidade de hoje, à arte para ser ‘pública’ não basta a condição de existir num local à partida acessível à heterogeneidade de pessoas, e que ‘públicos’ não serão necessariamente os espaços ‘abertos à vista’, pretende-se nesta conferência partilhar a convicção de que uma arte ‘efectivamente pública’ será aquela onde se possibilita uma qualidade de experiência pela qual ‘qualquer pessoa’ encontrará lugar para se expressar. Neste sentido, serão reflectidos exemplos de uma prática artística atenta às zonas de convergência entre as qualidades materiais dos lugares e as imaterialidades das relações que as pessoas estabelecem com e através destes. Prática orientada pelo entendimento da experiência da ‘alteridade’ como condição social que contém a potência da liberdade subjectiva, o livre-arbítrio na construção identitária, ausente no regime de relações superficiais e descomprometidas com a cidade que o actual capitalismo tende a criar.

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Formadores e conferencista

Everton V. Machado

Everton Machado é investigador de pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e colaborador-docente na mesma faculdade. Doutorou-se em Literatura Comparada pela Sorbonne (Université de Paris IV) sob a orientação de Pierre Brunel e lecionou literatura e cultura brasileiras na Université Lumière Lyon 2. Autor de uma edição crítica em francês do primeiro romance goês de língua portuguesa, Os Brahamanes (1866) de Francisco Luís Gomes (Paris, Classiques Garnier, 2012). Co-autor de Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara 1809-1879 (Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, 2009). Tem artigos e capítulos de livros publicados na Europa, Ásia e América Latina (Routledge, Presses de l’Université de Paris-Sorbonne, USP etc.), sendo a sua mais recente publicação: “What happened to Indian Literature in Portuguese?”, Seminar (New Delhi), 630, The Lusosphere, Fev. 2012, pp. 35-40.

Felipe Cammaert

Doutor em “Langues, littératures et civilisations romanes-Portugais et Littérature comparée” da Universidade Paris X-Nanterre. Membro Pós-doutorando do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Desenvolve o seu trabalho sobre as representações da temporalidade na literatura contemporânea (Lobo Antunes, Simon, Faulkner, Carpentier). A sua Tese de Doutoramento, sobre a escrita da memória em António Lobo Antunes e em Claude Simon, foi publicada em 2009 pelas edições L’Harmattan (Paris). Tem participado nomeadamente, com apresentação de comunicações, nos colóquios internacionais sobre António Lobo Antunes. Em 2009 organizou, com o apoio do Centro de Estudos Comparatistas, a Jornada Comemorativa António Lobo Antunes: a arte do romance, cujas actas serão publicadas em breve nas Edições Dom Quixote.

Francesca Negro

Doutorada em Literatura Comparada e investigadora de pós-doutoramento em Literatura Comparada com projecto: A pele doméstica: o espaço da intimidade na literatura contemporânea.

Participa no projecto Lisbon-Log e interessa-se pelos Estudos Comparados Inter-Artísticos ligados ao tema do espaço e da cidade. Neste âmbito desenvolveu a sua pesquisa sobretudo no âmbito do cruzamento entre a literatura e as artes figurativas e do espaço e a ciências cognitivas. Colabora com o Instituto de Urbanismo de Paris e é membro do Centro de Estudos Comparatistas.

Francisco Frazão

Francisco Frazão é programador de teatro na Culturgest. Fez o curso de Línguas e Literaturas Modernas (Português/Inglês) e está a preparar um doutoramento em Estudos Comparatistas na Faculdade de Letras de Lisboa. Integrou a comissão de leitura dos Artistas Unidos. Traduziu textos de Beckett, Pinter, Tim Crouch, Howard Barker, Chris Thorpe e Ant Hampton/Tim Etchells, entre outros. Tem publicado artigos e recensões sobre teatro, cinema e literatura.

Manuela Carvalho

Investigadora Auxiliar no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Coordena um projecto de investigação na área da tradução e recepção teatral – TETRA (Teatro e Tradução): para uma história da tradução teatral em Portugal, 1800-2009 – , financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Desenvolve o seu trabalho na área dos estudos inter-artes, estudos de teatro e performance.

Marta Traquino

Artista plástica e investigadora em Arte Contemporânea, licenciou-se em Artes Plásticas - Pintura pela FBAUL e realizou o Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação pelo Dep. de Sociologia do ISCTE, com dissertação no âmbito da Arte Contemporânea. Actualmente, encontra-se a finalizar o Doutoramento em Arte Pública pela FBAUL.

Como artista, tem realizado instalações de carácter “site-specific" que catalisam a percepção do sujeito face ao contexto arquitectónico no qual se encontra. Propostas de 'arquitecturas efémeras' que equacionam a nossa relação com 'arquitecturas permanentes'. Realizadas em espaços interiores e por vezes até intimistas, propõem a tomada de consciência de uma situação específica num 'micro-contexto' transferível à escala de um 'macro-contexto'. Nos projectos mais recentes estes aspectos têm sido explorados com base em 'propostas para acção'. Destacam-se: “Para um estado de encontro”, Rua do Século, 157, 1º (Lisboa, 2011); “Que cor tem agora o céu?”, SecondRoom (Bruxelas, 2010); “Travessia de Fronteira - Parte II”, Sala do Veado / Museu Nacional de História Natural (Lisboa, 2007); “Entre”, 3rceiro Andar no Chiado (Lisboa, 2005); “Dentro do Ar”, Sala do Veado / Museu Nacional de História Natural (Lisboa, 2004).

Enquanto investigadora, trabalha sobre a construção do Lugar pela arte contemporânea no contexto urbano, focando as dimensões actuais da Experiência, da Memória e da Identidade, enquanto directrizes de investigação nos processos de tais práticas artísticas. Desde 2009 é membro do grupo internacional de pesquisa On Walls e tem participado em conferências nacionais e internacionais cujos temas relacionam a Arte Contemporânea com as Ciências Sociais e Humanas para o pensamento crítico sobre as cidades actuais. Destas se destacam: First EastBordNet Conference | Remaking Borders (Monastero dei Benedettini, Catania, Jan. 2011) e CRESC Annual Conference 2011 | Framing the City (Manchester University, Set. 2011). Em Abril de 2010, o seu livro “A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea” foi editado pela Húmus.

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