22 May 13:28 |
O coordenador da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação, criada em 2001 para investigar o período de ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, considera que Díli está "muito dependente" de Jacarta e, por "pragmatismo", não exigirá justiça.
Contudo, o australiano Patrick Walsh pensa que essa "justiça aos crimes contra a humanidade cometidos pela força ocupante entre 1974 e 1999" será feita pelas novas gerações indonésias, "que sabem e querem saber cada vez mais sobre esse período da sua história".
Em declarações à agência Lusa, Walsh afirmou que, embora o passado -- "de morte, violência, tortura, violação, desaparecimentos, deportações" -- esteja ainda "muito vivo" em Timor-Leste, dez anos depois da restauração da independência, há um "pragmatismo" que vai impedir o país e os seus dirigentes de exigirem que se faça justiça.
"O passado está presente até nos argumentos dos candidatos às presidenciais de maio. Taur Matan Ruak é Presidente porque invocou o passado, os combates pela liberdade e independência", afirmou Walsh, que se encontra em Paris para uma cerimónia para assinalar os 10 anos da restauração da independência de Timor na Assembleia Nacional francesa, organizada pela associação França-Timor.
"Ao mesmo tempo, os governantes sabem que Timor é muito dependente da boa vontade da Indonésia, por isso a pressão para levar esses crimes a tribunal não será feita por Díli. Nada vai mudar. É realismo e pragmatismo", argumentou.
Patrick Walsh não concorda com esta opção dos líderes timorenses, porque considera que "sem resolver o passado vai ser muito difícil Timor seguir em frente".
"Toda a gente sabe o que aconteceu e quem são os responsáveis. A comissão que coordenei apresentou um relatório detalhado, de 2.800 páginas. Mas todos os responsáveis escaparam a qualquer forma de justiça, até a um pedido de desculpas, também por falta de pressão da comunidade internacional e dos membros das Nações Unidas", acrescentou.
Walsh considera, contudo, que a justiça acabará por ser feita, embora não pelas vítimas: "A Indonésia é hoje um país muito diferente do que era em 1999. Tem uma sociedade muito mais aberta, mais democrática e mais livre. Isso dá aos media, às organizações não-governamentais, aos académicos, aos artistas, margem para pesquisarem sobre o tema. Não posso dizer quando vai isso acontecer, mas acredito que a sociedade indonésia vai procurar o seu passado. As novas gerações vão começar esse processo", defendeu.
Fazendo um balanço sobre os dez anos da restauração da independência de Timor-Leste, assinalados no domimgo, Patrick Walsh afirmou que é preciso olhar para todas as conquistas à luz de "uma pesada herança colonial", reconhecer que "foram espantosas, considerando o ponto de partida, em 2002", mas "nunca baixar a guarda, porque a democracia é jovem, frágil, e teve uma primeira década com episódios problemáticos e desestabilizadores".
Contudo, o australiano Patrick Walsh pensa que essa "justiça aos crimes contra a humanidade cometidos pela força ocupante entre 1974 e 1999" será feita pelas novas gerações indonésias, "que sabem e querem saber cada vez mais sobre esse período da sua história".
Em declarações à agência Lusa, Walsh afirmou que, embora o passado -- "de morte, violência, tortura, violação, desaparecimentos, deportações" -- esteja ainda "muito vivo" em Timor-Leste, dez anos depois da restauração da independência, há um "pragmatismo" que vai impedir o país e os seus dirigentes de exigirem que se faça justiça.
"O passado está presente até nos argumentos dos candidatos às presidenciais de maio. Taur Matan Ruak é Presidente porque invocou o passado, os combates pela liberdade e independência", afirmou Walsh, que se encontra em Paris para uma cerimónia para assinalar os 10 anos da restauração da independência de Timor na Assembleia Nacional francesa, organizada pela associação França-Timor.
"Ao mesmo tempo, os governantes sabem que Timor é muito dependente da boa vontade da Indonésia, por isso a pressão para levar esses crimes a tribunal não será feita por Díli. Nada vai mudar. É realismo e pragmatismo", argumentou.
Patrick Walsh não concorda com esta opção dos líderes timorenses, porque considera que "sem resolver o passado vai ser muito difícil Timor seguir em frente".
"Toda a gente sabe o que aconteceu e quem são os responsáveis. A comissão que coordenei apresentou um relatório detalhado, de 2.800 páginas. Mas todos os responsáveis escaparam a qualquer forma de justiça, até a um pedido de desculpas, também por falta de pressão da comunidade internacional e dos membros das Nações Unidas", acrescentou.
Walsh considera, contudo, que a justiça acabará por ser feita, embora não pelas vítimas: "A Indonésia é hoje um país muito diferente do que era em 1999. Tem uma sociedade muito mais aberta, mais democrática e mais livre. Isso dá aos media, às organizações não-governamentais, aos académicos, aos artistas, margem para pesquisarem sobre o tema. Não posso dizer quando vai isso acontecer, mas acredito que a sociedade indonésia vai procurar o seu passado. As novas gerações vão começar esse processo", defendeu.
Fazendo um balanço sobre os dez anos da restauração da independência de Timor-Leste, assinalados no domimgo, Patrick Walsh afirmou que é preciso olhar para todas as conquistas à luz de "uma pesada herança colonial", reconhecer que "foram espantosas, considerando o ponto de partida, em 2002", mas "nunca baixar a guarda, porque a democracia é jovem, frágil, e teve uma primeira década com episódios problemáticos e desestabilizadores".
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