domingo, 6 de maio de 2012

Ilustrações fonéticas do Português, do Brasileiro (ou Brasiliano) e do Galego, três línguas galego-portuguesas distintas e inconfundíveis, padronizadas e codificadas distintamente


Este é um comentário tirado do mural do facebook do Henrique Monteagudo:


Ilustrações fonéticas do Português, do Brasileiro (ou Brasiliano) e do Galego, três línguas galego-portuguesas distintas e inconfundíveis, padronizadas e codificadas distintamente — Versão 2, corrigida.
[v.2 com correcções sugeridas pelos Doutores F. Venâncio e H. Monteagudo. Note-se que uma simples tabela com uma dúzia de exemplos lexicais ilustraria mais adequada e conclusivamente do que todas as divergências fonéticas juntas a *identidade própria* das três línguas irmãs]
    • António Emiliano Fernando Venâncio, como poderá imaginar a posição que defendo, e que o Eduardo Paiva Raposo implicitamente defendeu no seu pequeno (mas FUNDAMENTAL) artigo de 1984, não é apreciada por estas (e outras) bandas. Não é politicamente correcto afirmar-se e defender-se a “diferença brasileira”, por razões políticas e culturais que convêm aos governos de PT e BR. Mas só o reconhecimento da diferença, da divergência e da autonomia poderá levar ao respeito mútuo.
      Não tenho qualquer simpatia (científica) por quem na Galiza defende que o GL é o PT da Galiza. Historicamente PT e GL são língua irmãs. Historicamente. Têm um antepassado comum que era língua viva de Portugal e da Galiza há uns séculos atrás. Ponto.
      Os problemas de inteligibilidade mútua que existem a nível acrolectal entre PT e GL evaporam-se qdo visitamos zonas raianas ou ouvimos o PT e o GL do país “profundo”. Por seu lado, no que concerne PT vs. BR, os problemas de inteligibilidade mútua, por causa da acentuada e acelerada divergência luso-brasileira, aumentam quando nos afastamos do nível acrolectal e olhamos para as variedades basilectais europeias e americanas, que apresentam espantosa (colossal) diversidade.
      Mas a questão fundamental é ACROLECTAL: estamos neste respeito a falar de LÍNGUAS NACIONAIS, ergo, línguas normalizadas e codificadas. Nesses termos não há, não deve, não pode haver dúvidas: PT≠BR≠GL. Três línguas de pleno direito, com a sua deriva própria.
      Ganharemos todos — falantes das línguas de matriz galego-portuguesa, as quais incluem naturalmente os crioulos de base portuguesa (que não são nem nunca foram dialectos do PT) — quando a identidade linguística e o particularismo linguístico das nossas comunidades for reconhecido sem ambiguidades e tergiversações. Só nesses termos (históricos e culturais) a lusofonia, ou melhor, a GALEGO-LUSOFONIA, poderá ser conceito-base de uma grande comunidade de falantes.
    • Fernando Venâncio Sim, António. O quadro contém agora o essencial e o suficiente. Eu não iria ao ponto de postular 3 línguas, e admitiria 3 subsistemas, claramente marcados, dentro do sistema a que chamei, em comentário, A NOSSA LÍNGUA (designação diferenciadora de sistemas vizinhos), onde se incluem Galego, Português e Brasileiro. Mas mesmo esta versão "leve" será apupada pelas resistências românticas. Prossigamos, porém. Hoje ainda, em distantes tribos ocidentais, lançarei ao vento estas boas-novas. O António não será esquecido.
    • António Emiliano ‎3 sistemas similares, cognatos, mas sujeitos a standardização e codificação distintas em e por comunidades distintas. Logo, 3 línguas nacionais distintas. A distinção entre línguas nunca poderá relevar apenas de critérios estruturais. Mais do que dia-sistema (o hífen é propositado) o GALEGO-PORTUGUÊS de hoje é arqui-sistema muito clivado. IMHO.
    • António Emiliano Nota fonético-fonológica: houve um comentador atento, falante nativo de GL, que criticou, a propósito da 1.ª versão desta tabela (que é um exercício comparativo muito simples e superficial), a manutenção do “grupo culto” CT [kt] nas formas galegas. A crítica tem pertinência. A questão dos grupos cultos é de facto complexa. Do ponto de vista basilectal o GL é neste respeito mais próximo do PT. Não podemos desviar-nos, no entanto, muito do plano acrolectal no qual se alicerça a noção de língua padrão / língua nacional. Apoio-me, no que concerne a representação de grupos cultos no GL, na doutrina normalizadora de linguistas como Regueira, Monteagudo e outros. Regueira abordou esta questão, magistralmente parece-me, em artigo publicado na Homenagem a Tato Plaza (Lorenzo Ed. 2002). V. http://bit.ly/It9tpn
    • José Brito L Bem dito e bem visto.

      Uma crítica a esta representação fonética do galego deveria ser desnecessária, mas:

      1) "Padroniza-se" o thetacismo ("path", não "pas").
      2) "Padronizam-se" todos os grupos cultos, "objecto", etc.
      3) Deixa-se fora a nasalação (mais leve, menos leve) da vogal final [õ] nas formas em "-ão", "questão" ou "questião".
      4) Não sei por que se utiliza o [i] em lugar de [j] nos ditongos decrescentes ['lej.te]. Tal como representado, seria hiato e então a palavra requeriria acento gráfico: "léite". 
      5)  Algum outro erro: "Portugal" tem aproximante velar, não oclusiva velar [g], mesmo, que eu saiba, no norte de Portugal. O mesmo em "devedor" com as aproximantes biliabial e dental.

      Contudo, estes dados fonéticos não provam absolutamente nada a respeito da unidade linguística. São só fonética.

      -celso

      Celso Alvarez Cáccamo

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