sábado, 5 de maio de 2012

portugueses em missão no mundo, um exemplo

in diálogos lusófonos

Do Blog  www.coracaolusofono.com , um espaço que visa  ouvir as histórias que tantos portugueses por esse mundo tem para contar, transcrevo parte do depoimento de imigrante português que participou num programa de voluntariado internacional. Importante testemunho e exemplo!
Mas fiquei curiosa por saber  o nome da organização de voluntariado internacional. É que se soubermos o nome da "organização", outros podem tentar o contato e tomar boas decisões.O que importa para o dialogos_lusofonos é passar os testemunhos e consolidar a  cidadania lusófona alargada à Diáspora.



José Maria, 31 anos, diretamente de Vila Nova de S.Bento, Serpa, para o Mundo. Depois de já ter passado por vários países, José Maria está novamente de viagem marcada.  Desta vez, o destino é o Reino Unido.

No ano de 2009, José Maria era recém licenciado, e trabalhava na sua area de formaçao, Marketing.  A rotina diária e a vontade de conhecer outros países empurraram-no para um programa de voluntariado internacional.

No inicio, não havia certezas do destino da sua missão, embora , o objetivo inicial fosse a índia, mas a escolha acabou por ser Moçambique.

A preparação foi longa, antes de entrar em África, este voluntário ao acaso, passou alguns meses a viajar pela Europa. Suécia, Dinamarca, Inglaterra e, por fim, seis meses de formação na Noruega.

Foi em 2010 que José Maria pisou pela primeira vez o continente africano.São muitas as histórias que José Maria traz consigo. As pessoas, os lugares, as condições em que viveu. O continente africano foi o que mais marcou a sua aventura.
Depois de África do Sul, Moçambique

“Quando chegamos à fronteira onde tínhamos o controlo de entrada noutro país. Aí foi uma sensação muito má, porque no lado da fronteira de Moçambique, os africanos chamavam-nos, gritavam, para comprar coisas, trocar dinheiro, muita confusão e nestes países o que não gostei mesmo nada foi quantidade de lixo que se vê na rua, muito lixo mesmo”.

Já em Moçambique, José Maria tinha à sua espera um transporte, tipo uma camioneta aberta, que partilhou  com outras pessoas que se preparavam para escalar a montanha (Gurué). Neste trajeto, a solidariedade entre os viajantes e a subida da montanha foi marcante para José Maria.

“íamos em cima de sacos de farinha de milho. E, nesse dia foi engraçado porque na viagem um dos passageiros comprou um grande balde de mangas e ofereceu a todos os passageiros. Então, estávamos todos a comer mangas, bem sujos, com pó, mas ao mesmo tempo a rir com aquele momento tão simples, mas o gesto da pessoa foi maravilhoso. 
Também escalamos 40 km para subir à montanha, com paisagens lindas, populações no meio do nada, nas florestas, onde nunca encontraram pessoas de cor diferente. Quando chegámos à ultima vila, antes de subir, tem que haver um ritual por parte do chefe da aldeia. Foi uma coisa maravilhosa", conta.

A missão de José Maria era, sobretudo, ajudar na comunidade. Em Moçambique, José Maria deu aulas,  construiu uma horta escolar e ajudou na reabilitação de uma a biblioteca.

José Maria recorda com alegria, o momento da sua chegada a uma das escolas, onde ia fazer supervisão aos professores estagiários. 

“Foi engraçado, porque as crianças saíram todas a correr para me tocar, outras fugiam com medo”.



Numa região onde quase tudo falta, José Maria recorda, ainda, a generosidade daquelas pessoas. 

 “quando estava de saída da escola, no fim da missão, o segurança chegou-se ao pé de mim e deu-me uma galinha e disse-me  - como não tenho dinheiro para comprar uma prenda, gostaria que aceitasse esta galinha como prenda para levar para a Europa para se recordar de mim”.

No entanto, a missão de José Maria em África também ficou marcada por episódios menos bons.

“ quando fiquei pela primeira vez gravemente doente (disenteria), foi muito mau porque tinha a sensação de que ia morrer ali. Fiquei a noite toda na rua com um cobertor, mas o mais humano foi o segurança da escola que ficou a noite toda ao meu lado até amanhecer a cuidar de mim”, recorda.

As fracas condições de habitabilidade  e de higiene, foram algo a que José Maria teve de se habituar.

"nós europeus habituados a ter sempre água corrente, água potável, então quando cheguei a Moçambique tomar banho de balde como nos tempos antigos”.

Depois de Moçambique, Angola

Após ter terminado a missão em Moçambique e ter regressado à Noruega, a fim de terminar o curso de voluntariado, José Maria foi convidado pela organização para ir dar aulas para Angola.
No entanto, não foi um processo simples, José Maria teve de esperar cerca de seis meses, entre burocracia,  para poder entrar em Angola.

“Nesta fase, foi um pouco complicado entrar em Angola, porque tive dois meses até entregar os documentos no consulado de Angola em Lisboa. Depois da entrega dos documentos, ainda esperei mais 4 meses até ser entregue o visto de trabalho”.

No final de Janeiro de 2011, José Maria entra em a Angola. A escola que lhe foi destinada situava-se na província de Kwanza Sul.
Tratava-se de uma escola recente, financiada pela União Europeia, onde José Maria trabalhou oito meses como docente e líder de uma equipa de formação. Após os 8 meses foi transferido para outra escola, onde foi auxiliar a direção, com a função de director pedagógico da Escola de Professores, na província do Zaire, no norte de Angola.  




 Moçambique fica no coração

“Já conheci muitos lugares. O que me fica mais no coração foi Moçambique, sem dúvida, porque é um país que ainda preserva muitas características naturais, sem ter a intervenção do homem.  A ilha é maravilhosa, ainda mantém muitas características portuguesas.”


Depois desta experiência, José Maria considera que houve algumas coisas que mudaram em sim

“fez de mim noutra pessoa. Não digo uma pessoa para melhor nem uma pessoa para pior, mas sim um conjunto de transformações. Sou mais tolerante com as pessoas, e dou mais valor a pequenas coisas, não ligo a futilidades como por exemplo marcas, roupas caras, objectos sem necessidade, etc. Porque vi a realidade de outro mundo e sobrevivi a muitas coisas que muita gente nem imagina. Tenho um coração mais humano e menos racional.”





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