Reflexões sobre a identificação de “alavancas” para a promoção do ensino de português nos EUA
Segundo um estudo da Fundação Luso Americana-FLAD sobre "a promoção da língua portuguesa no mundo", http://www.flad.pt/documentos/1216226048S9qMG0he4Yh87DC6.pdf :
Na definição das linhas orientadoras da Portuguese Language Initiative, a FLAD compreendeu que dois aparentes obstáculos representavam ao mesmo tempo dois pontos de partida essenciais para a definição de uma estratégia de ação:
1. Escassez de informação estatística sobre a situação actual do ensino da língua
portuguesa nos EUA;
2. Impossibilidade de agir de forma directa no ensino de português no ensino básico e
secundário público norte-americano.
Em relação ao primeiro ponto, essa constatação sugeria implicitamente a utilidade de lançar internamente um estudo sobre a situação. O segundo ponto relaciona-se com a vastidão e complexidade do sistema de ensino norte-americano, que a Fundação não pode pretender influenciar nem financiar diretamente.
O estudo da FLAD "Report on schools teaching Portuguese in the United States" identificou mais de 100 liceus americanos que oferecem cadeiras de português. No ano letivo de 2003-2004 estavam inscritos em cadeiras de português nessas escolas mais de 11.000 estudantes. Se a este número forem somados os estudantes da língua nas escolas comunitárias criadas por associações lusoamericanas e apoiadas pelo Ministério da Educação português, o número sobe para os 14.000. Estes dados são muito relevantes, contrariam a imagem tantas vezes repetida de declínio da nossa língua nos EUA (existe também indicação de considerável crescimento de ano para ano) e comparam-se favoravelmente com os de outras línguas que têm sido objecto de intenso lobby nos EUA, como por exemplo o coreano e o russo. No que diz respeito ao ensino superior, segundo um estudo de 2002 da Modern Language Association (MLA), mais de 8.000 alunos estavam nesse ano inscritos em cadeiras de língua portuguesa em universidades americanas. O português foi das línguas que apresentou maior taxa de crescimento – 21% – face aos dados de 1998. A Fundação apurou ainda junto da Universidade de Massachusetts em Dartmouth e do Center for Advanced Research on Language Acquisition CARLA) que existem cerca de 300 universidades americanas a ensinar português.
No entanto, numa primeira fase da investigação, com base num estudo efetuado pela Universidade de Massachusetts em Dartmouth, constatou-se um dado importante:
existem distritos escolares em que mais de 30% da população é de origem portuguesa mas onde o português não faz parte do curriculum escolar. Com base noutra fonte – o censo americano de 2000 – verificou-se que cerca de 85.000 pessoas em idade escolar (5-17 anos) ainda usam a língua portuguesa em casa. Dado que cerca de 14.000 jovens estudam português nas escolas, constata-se que ainda existe uma grande margem para o crescimento do ensino de português entre as segundas e terceiras gerações de luso-americanos.
Em consequência dos dados identificados, a FLAD levantou algumas questões, que ao mesmo tempo servem de pistas para uma estratégia de ação:
Porque é que não existem mais escolas a ensinar português?
Porque é que há escolas com dezenas de luso-americanos e nenhuma disciplina de português?
Que incentivos existem para o estudo da nossa língua? Haverá obstáculos a eliminar?
Qual será o potencial de crescimento do ensino de português?
Que papel podem ter ações que promovam a visibilidade da língua portuguesa nos EUA?
Qual o papel do poder político aos vários níveis?
Qual será o papel dos pais portugueses ou luso-descendentes?
E de um modo mais abrangente, como convocar para este esforço as comunidades brasileiras e cabo-verdianas?
Assim, a identificação de “alavancas” para a promoção do ensino de português nos EUA afigura-se como um problema complexo
Fonte consultada: http://www.flad.pt/documentos/1216226048S9qMG0he4Yh87DC6.pdf
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