sexta-feira, 10 de junho de 2011
Língua: Europa é a região do planeta onde o português tem mais dificuldades -- Ana Paula Laborinho
Madrid, 10 jun (Lusa) -- A Europa é a região onde o português, como ocorre ao francês e ao espanhol, tem "mais dificuldades", apesar da sua importância "como grande língua internacional" e da crescente relevância económica, afirmou a presidente do Instituto Camões.
Ana Paula Laborinho intervinha no encontro em Madrid dos "três espaços linguísticos" -- português, espanhol e francês -- que decorre na sede da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB).
Laborinho considerou que, apesar das "vicissitudes" por que tem passado, o IC tem consolidado os seus esforços de promoção da língua portuguesa, mantendo 350 protocolos e 600 professores que apoiam 150 mil alunos.
"A perceção que temos é de que a língua portuguesa está em grande crescimento, não apenas pelo movimento demográfico nos países onde é língua oficial, mas sobretudo como segunda língua e como língua estrangeira", afirmou.
A aposta do IC, disse, tem sido de "diferenciar as estratégias em função de grande blocos regionais", com evidente crescimento "em todas as Américas, em África e até na Ásia", com destaque especial para a China.
"Mas temos que dizer também, sem titubear que o português, mas também o espanhol e o francês, tem mais dificuldades na Europa", afirmou.
"A questão que todos devemos enfrentar é que apesar de termos línguas com expressão importante na Europa, neste espaço muitas vezes não têm o reconhecimento que deveriam ter como grandes línguas internacionais", considerou.
Laborinho destacou o trabalho de colaboração que tem sido desenvolvido, a nível bilateral, quer com o Instituto Cervantes quer com a Francofonia, considerando que "o valor económico das línguas não é uma mera soma".
Outro dos temas destacados pela presidente do IC foi a importância das industrias culturais, num momento em que se reconhece que este é um setor onde se deve continuar a investir.
"Hoje em dia estamos muitas vezes sob o signo da economia, mas é preciso dizer, até para reforçar a importância da cultura, que também a cultura tem um valor económico cada vez mais importante", afirmou.
"Um trabalho em torno das indústrias culturais, muitas vezes cruzadas com a indústria das línguas, é relevante para a afirmação das próprias línguas", disse, recordando que países "com fragilidades económicas têm usado a cultura como mais valia económica e de desenvolvimento", como ocorre com Cabo Verde.
Laborinho considerou essencial dar "mais visibilidade a estes espaços linguísticos", apostando na "criatividade e na capacidade de cada um (...) ao serviço das sociedades".
"Não estamos numa guerra das línguas, mas certamente numa afirmação da diversidade linguística e cultural", afirmou.
"Sabendo nós que a nossa condição humana é a condição da diversidade, defende-la é também defender um dos valores fundamentais da nossa projeção e desta nossa condição", disse.
ASP.
Lusa/Fim
Fonte: SIC Notícias
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