11-06-2011 | |
Fonte: Instituto Camoes, História da Língua Portuguesa em linha Pode-se afirmar, com certa margem de segurança, que até meados do século XVIII o multilingüismo generalizado caracteriza o território brasileiro, até certo ponto freiado pelas leis pombalinas de política lingüística dos meados do século XVIII. O multilingüismo perdura: ainda hoje, apesar de a língua portuguesa ser a língua oficial majoritária no Brasil, persistem cerca de 180 línguas indígenas, com a média de 200 falantes por língua, faladas por 300.000 a 500.000 índios (estimativas de 2000), perfazendo 0,2 da população brasileira, que atinge hoje um total de 169.544.443 h, segundo os primeiros resultados do Censo 2000. Uma certa homogeneidade cultural e lingüística, ao longo do litoral, a partir do Rio Grande do Norte, e também na Bacia do Paraná/Paraguai, tornou possível a gramatização da Língua mais falada na costa do Brasil, título muito adequado da gramática do Pe. José de Anchieta, publicada em 1595. Essa língua estará na base do que no século XVIII veio a se designar de língua geral. Aryon Rodrigues distingue duas línguas gerais:
Enriquecer-se-á esse multilingüismo autóctone em contato com o português do colonizador e com os escravos africanos trazidos para o Brasil, oficialmente a partir de 1549, mas já solicitados antes. Após a instalação do primeiro governo geral, em 1549, estabeleceu-se o tráfico regular e estimulou-se a importação de africanos para o Brasil. Segundo Jorge Couto,
Teria o Brasil, ao findar o primeiro século colonial, 101.750 habitantes, dos quais 42% de africanos. Diante desses dados demográficos se pode admitir que o forte candidato para a difusão do português geral brasileiro, antecedente histórico do atualmente designado de vernáculo ou português popular, variante sociolingüística mais generalizada no Brasil, seriam os africanos e afro-descendentes, e não os indígenas autóctones, já que o Português Brasileiro culto, próprio hoje, em geral, aos de escolarização mais alta, será o descendente do Português Europeu ou mais europeizado das elites e dos segmentos mais altos da sociedade colonial. Além das línguas indígenas autóctones e das africanas chegadas com o tráfico negreiro, que oficialmente se encerra em 1830, completa-se o quadro geral do multilingüismo no Brasil com a chegada dos emigrantes europeus e asiáticos, sobretudo a partir do século XIX. Os dados a seguir têm como fonte o estudo de Lúcio Kreutz – A educação dos imigrantes no Brasil:
Segundo este autor, a década mais intensa da imigração, entre 1850 e 1920, foi a de 1890 com 1.200.000 imigrantes. Na sua grande maioria esses novos componentes da sociedade multilingüe, multiétnica, multirracial e pluricultural brasileira se situaram de São Paulo para o Sul. |
domingo, 12 de junho de 2011
O multilinguismo no Brasil colonial e pós-colonial
O multilingüismo no Brasil colonial e pós-colonial
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