Carlos Reis considera insuficiente relevância dada a Camões ao Ensino Básico
O coordenador dos programas do Ensino Básico considera que Camões devia ter maior relevo nos estudos, queixando-se de demasiada concorrência de outros autores. Associação de Professores de Português defende que o poeta tem hoje a importância devida.
"Talvez devesse ser dado a Camões um outro realce não apenas quantitativamente mas também qualitativamente", defendeu à Lusa Carlos Reis, referindo que o poeta tem, no Ensino Básico, "a representação possível".
Ressalvando haver diferenças naturais entre "os programas de ensino básico", os do "ensino secundário, onde a presença de Camões tem uma outra dimensão dada a idade dos alunos e a sua possível orientação vocacional para as Humanidades" e ainda "os novos programas do Ensino Básico", Carlos Reis garantiu que Camões tem sempre "uma representação natural que é a possível dentro das lógicas dos programas".
Ainda assim, o professor considera que existe "uma excessiva concorrência" de outros autores que, "às vezes, não acrescentam nada de novo à formação literária dos jovens estudantes".
O estudo de Camões é ainda prejudicado pela falta de preparação dos professores, critica Carlos Reis.
"Temo, por aquilo que conheço, que a preparação dos professores não corresponda ao que são as exigências de um autor como Camões", afirmou, explicando que é preciso "fazer uma mediação pedagógica hábil, ponderada e esclarecida de um autor complexo para jovens na faixa dos 15, 16 ou 17 anos".
A vice-presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, defende que o poeta Luís de Camões tem hoje a importância devida nos programas escolares porque é preciso divulgar outros marcos da literatura portuguesa como Gil Vicente ou Fernando Pessoa.
Lembrando que Camões é ensinado aos alunos do 9.º e, depois, com mais profundidade, aos do 12.º ano, a vice-presidente da associação de professores considera que "Camões não está, de forma alguma, esquecido nos programas de Português".
Pelo contrário, defende. "No final do secundário, os alunos ficam com uma perspetiva bastante completa do que são Os Lusíadas", assegurou.
Os professores têm "que transmitir aos alunos a importância do que lhes é dado a ler e eles têm de perceber um bocadinho a história".
Uma competência para a qual todos os professores de Português têm preparação científica mesmo que alguns precisem ações de formação para se atualizarem, disse.
"O professor que não está preparado para dar Camões também não estará preparado para dar nenhum outro autor. Não acho que Camões seja mais difícil ou mais complexo. Pelo contrário. Nos Lusíadas e em Camões podemos ter diversas abordagens que conseguem pôr os alunos a gostar daquilo que estão a ler", concluiu.
Fonte: Lusa / Educare
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