in diálogos lusófonos
Os politicos e as palavras ambiguas
Dilma Rousseff cumprimenta o rei Juan Carlos, ao lado do qual está Mariano RajoyFotografia © REUTERS/Jorge Zapata/Pool
O
presidente do Governo espanhol disse hoje não ter ouvido as críticas
que a presidente brasileira Dilma Rousseff fez às políticas de
austeridade, defendendo as decisões do seu executivo para responder à
crise.
"Não
ouvi
nada isso. Não sei onde é que foi buscar isso", disse Mariano Rajoy,
questionado por uma jornalista brasileira, na conferência de imprensa de
encerramento da XXII Cimeira Ibero-americana em Cádis (sul de
Espanha).
A
jornalista perguntou diretamente a Mariano Rajoy como respondia às
críticas de Dilma Rousseff à política de austeridade de Espanha.
Sem
comentar a declaração de Rousseff, o chefe do Governo espanhol defendeu
apenas os "cinco pilares" da ação do Governo para combater a crise:
combater o défice, reformas estruturais, reformas económicas na UE,
avançar na integração bancária e fiscal e reduzir o custo do
financiamento da dívida.
Na
sessão plenária da manhã de hoje, em Cádis -- presidida pelo rei de
Espanha e pelo próprio Mariano Rajoy -- Dilma Rousseff teceu duras
críticas às políticas de excessiva austeridade que estão a ser
aplicadas na Europa e que estão a causar "sofrimento" às populações.
"O
erro é achar que a consolidação fiscal coletiva, simultânea e
acelerada, seja benéfica e resulte numa solução eficaz", disse Rousseff.
"Temos
visto medidas que apesar de afastarem o risco da quebra financeira, não
afastam a desconfiança dos mercados nem a desconfiança das populações. A
confiança não se constrói apenas com sacrifícios", afirmou.
Para Rousseff é necessário que a estratégia e as medidas adotadas "mostrem resultados eficazes
para as pessoas, horizontes de esperança e não apenas a perspetiva de mais anos de sofrimento".
Questionada
pela Lusa sobre a resposta de Mariano Rajoy uma fonte oficial da
presidência do Governo espanhol disse à Lusa que "o presidente não
interpretou que o que disse a presidente brasileira fosse uma crítica à
politica do governo espanhol".
"Considerou
que era uma reflexão geral sobre a política de austeridade e não uma
crítica a Espanha. Assim o entendeu e quando ouviu a jornalistas a
perguntar respondeu que não ouvi a presidente brasileira criticar a
política espanhola", disse a fonte.
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