Cultura japonesa
:: Quando os portugueses chegaram no Japão
Os
séculos XV
e XVI foram uma época de grandes expedições e consequentes descobertas.
Após a chegada ao Brasil, em 1500, os portugueses navegaram para o
Japão.
Em
1512, durante o reinado de D.Manuel I, chegam notícias de que existiria
um arquipélago, na região onde o mercador italiano Marco Polo, na sua
longa viagem pela China, em 1291, tomara conhecimento e que era chamado
"Cipango" ou "Ji-pangu", local onde o sol nasce, em chinês. Não era
lenda, como pensavam os contemporâneos do famoso mercador.
Na
época os japoneses viviam isolados,
pelo fato do país não ter ligação por terra com nenhum outro, e só
tinham contacto com a China e Coreia, de onde receberam fortes
influências culturais, como a escrita, o cultivo do arroz e o budismo.
Mas a informação que o ocidente tinha do Japão ainda vinha de
mercadores, que tinham circulado pelo continente chinês. "Uma ilha
grande, de gente branca, de boas maneiras, formosos e de uma riqueza
incalculável", descreveu Marco Polo. A descrição deixava o novo país
envolto numa névoa de fabulosas riquezas, e quando Cristóvão Colombo
descobriu o Haiti, em 1492, estava convencido de que tinha chegado ao
misterioso Cipango.
Já
em 1540, as informações sobre o Japão estão mais claras, pois barcos
japoneses ancoravam nas pequenas
ilhas de Liampo (Ning-po), na costa chinesa, e lá tinham contacto com
mercadores portugueses. Ancoravam ali também barcos chineses de junco.
Foi um desses barcos, segundo a história, que se dirigia para Liampo
carregando três portugueses, que sofreu uma violenta tempestade e foi
parar na ilha de Tanegashima, ao sul do Japão. A data desse
acontecimento é 23 de setembro de 1543, de acordo com Teppo-ki (crônica
da espingarda), escrito no Japão no início do século XVII.
Teppo-ki
narra a introdução da espingarda pelos três náufragos portugueses e
descreve as observações do chinês que atuou como intérprete dos
estrangeiros:
"Estes homens bárbaros do sudeste são comerciantes. Compreendem até certo ponto a distinção entre superior e inferior, mas não sei se existe entre eles um sistema próprio de etiqueta. Bebem em copo sem o oferecerem aos outros; comem com os dedos, e não com pauzinhos como nós. Mostram os seus sentimentos sem nenhum rebuço. Não compreendem os caracteres escritos. São gente sem morada certa, que troca as coisas que possuem pelas que não têm, mas no fundo são gente que não faz mal".
O
padre Francisco Xavier, que se encontrava em Málaca, na China, tomou
conhecimento da descoberta do Japão pelos portugueses e ao conhecer um
foragido japonês chamado Anjiro (que pode ser Ângelo, um nome de
batismo), tomou a decisão de ir expandir a fé cristã no novo país.
Fugindo
de uma acusação de homicídio, Anjiro havia buscado refúgio no navio do
capitão Jorge Álvares, que esteve no Japão em 1544. Anjiro acompanhou
Francisco Xavier em 1549 ao Japão e o auxiliou no trabalho de
cristianização.
Numa
das passagens mais curiosas da história, Xavier viaja para Kyoto, e em
apenas onze dias verificou a razão porque a catequização não progredia e
os japoneses davam pouca atenção às suas palavras: era a pobreza de que
fizera voto, e que aos japoneses impressionava mal. Quando soube que o
daimyõ (senhor feudal) de Yamaguchi era o mais poderoso do país,
dirigiu-se para lá vestindo ricas vestes sacerdotais. O daimyõ ficou
impressionado e recebeu de Xavier cartas do vice-rei da Índia e do bispo
João de Albuquerque, pedindo autorização para o jesuíta pregar o
cristianismo ali. A autorização do daimyõ, datada de 1552, diz:
"Este
documento prova que dei licença aos padres vindos do Ocidente, para
encontrarem ou construírem um mosteiro a fim de espalharem a lei de
Buda". A última expressão mostra que os japoneses pensavam que se
tratava de uma seita budista vinda da Índia. De fato, o daimyõ lhes deu
um mosteiro budista para se instalarem.
Ao
mesmo tempo que o cristianismo crescia, o comércio português também foi
intensificando com o Japão. Os portugueses circulavam por vários portos
e em todos faziam negócios. No Japão compravam prata, cobre, objetos
laqueados e espadas. E vendiam sedas e ouro adquiridos na China. Em
pouco tempo, Portugal passa a ser o único país a intermediar negócios
entre o Japão e a China.
Apesar
dos acontecimentos que se seguiram, como a chegada dos holandeses, o
fechamento dos portos e o completo isolamento do Japão, a influência
portuguesa no Japão pode ser vista ainda na atualidade. E não somente em
Nagasaki, onde a presença portuguesa foi mais forte e demorada, mas em
todo o arquipélago; atravessando o mar e chegando, curiosamente até o
Brasil.
Como
um simples exemplo dessa integração, temos algumas igrejas católicas no
Brasil, onde as missas são realizadas em idioma japonês, por padres
japoneses ou descendentes.
Palavras oriundas do português que são usadas no Japão:
Kappa Capa
Shabon Sabão
Koppu Copo
Castera bolo de Castela
Pan Pão
Kabocha Abóbora da Camboja
Tempura Tempero
Palavras japonesas que fazem parte do português:
Biombo Byobu
Quimono Kimono
Judo Judo
Autor:
Francisco Noriyuki Sato – Formado em jornalismo e publicidade, ambos
pela Universidade de São Paulo, foi um dos fundadores e presidente da
ABRADEMI –
Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações. Autor
do livro “História do Japão em Mangá”, e do álbum “A Filosofia do
Samurai na Administração Japonesa”, fez a adaptação para o português do
livro “História do Xintoísmo”. Foi vice-presidente da Comunidade Budista
Soto Zenshu da América do Sul, é Diretor de Eventos Culturais da ACAL –
Associação Cultural e Assistencial da Liberdade.
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Ocorrência espacial das abóboras e características
gerais
A aboboreira é espécie nativa de regiões semidesérticas e tropicais, com pouca incidência em regiões subtemperadas.
No período da colonização, foi levada do Brasil para a Guiné, e de lá para Portugal e depois para o Japão. Os japoneses, no século XX , levaram a a conhecida abóbora kabocha para o Brasil. |
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