Quinta-feira, 29 de Novembro de 2012
Timor-Leste: A INDEPENDÊNCIA E A DEMOCRACIA POR UM CANUDO
Ontem (28.11) Timor-Leste
comemorou alegadamente mais um ano de independência. A data, em termos históricos,
está correta (28 de Novembro) mas em termos práticos, realistas, os timorenses
deixaram de estar enfeudados ao colonialismo português e aos ocupantes
violentos da Indonésia para na atualidade se encontrarem sob o jugo de uns
quantos políticos corruptos e panóplia cúmplice de suas ilhargas. Não são independentes, nem vivem em democracia.
Ainda agora o
jornal timorense Tempo Semanal foca o tema, também na vigência do anterior
governo de Xanana Gusmão isso mesmo aconteceu com intensidade sem que os
resultados no combate à corrupção fosse efetivo mas sim uma branda, contida,
comedida e teatral ação de faz-de-conta. Prova disso são os sinais exteriores
de riqueza garbosamente exibidos por muitos das seitas próximas aos detentores
dos poderes e a gozarem de impunidade. Gente que ainda há poucos anos andava com uma mão atrás e outra à
frente, a procurar encobrir vestes remendadas, exibe-se agora com grandes bólides
e casas apalaçadas no valor de muitos milhares de dólares ou até de milhões. Enquanto
isso os timorenses na sua vasta maioria sobrevive na miséria, muitas vezes com
fome, quase sempre carente de serviços de saúde adequados, escolas sem mesas,
cadeiras e um minimo de mobiliários que não obrigue crianças a sentarem-se no
chão ou em bancos improvisados com tábuas e bambús, etc, etc.
Não. Timor-Leste não
é independente, nem democrático (a exemplo de muitos outros países). Sem
justiça a democracia ou a independência é uma enorme falácia, como se pode ver
no texto que se segue e em muitos outros que, para o caso, dispensamos incluir.
Timor-Leste está a ver a independência e a democracia por um canudo, é
ficticia, como em tantos outros países. Portugal, por exemplo. Constatando os
factos, a realidade, é impossivel endereçar aqui parabenização sem que o
recheio a hipocrisia não fedesse. (Redação PG)
Timor sob a ameaça
da corrupção
Paulo Morais,
vice-presidente da TIAC – Às Claras – blogue no Público - 18 de Maio de 2012
Cavaco Silva visita
Timor para a posse do novo chefe de Estado, na sequência dum ato eleitoral em que Ramos Horta,
presidente em exercício, saiu derrotado. Este facto, por si só, já é um
sintoma de maturidade democrática. Mas a nota de maior ineditismo para um
país lusófono e tão jovem reside no facto de dois ministros do atual governo
estarem a contas com a justiça.
O julgamento de
dois membros de um governo em exercício é inédito na comunidade lusófona.
Duvido que tal fosse possível em Portugal. O Parlamento timorense em nenhum
momento hesitou, suspendeu a imunidade aos dois governantes através duma
votação esmagadora. O Parlamento parece querer permitir que se faça
justiça.
A existência de
processos judiciais contra dois dos ministros mais poderosos, envolvidos
em casos de corrupção, pode ter uma dupla interpretação: a disseminação
de práticas condenáveis, mas que estão sob a mira da justiça. Assim, o facto
de a ministra da Justiça Lúcia Lobato estar acusada de nepotismo, abuso de
poder e corrupção, é preocupante. Até porque as acusações estão relacionadas
com a construção de escritórios da Conservatória do Registo Civil em vários
distritos de Timor-Leste, estando a líder do PSD acusada de favorecer construtores
que financiavam o seu partido. É também inquietante que, ao mesmo tempo, o
ministro da Administração Interna, Arcanjo Leite, esteja indiciado por corrupção.
Mas caberá agora aos Tribunais fazer justiça. Convém que as sentenças, quaisquer
que elas sejam, não deixem qualquer reserva ou suspeição de favorecimento
ou até de perseguição.
Para além duma
justiça aparentemente atuante, também tem havido um enorme esforço de
aumento de transparência por parte das autoridades timorenses. O novo portal da
transparência permite que os cidadãos conheçam em cada momento as
receitas arrecadadas e as despesas efetuadas pelo seu governo. E a disseminação
de toda esta a informação relevante na internet incentiva a que académicos,
políticos, empresas, grupos de cidadãos ou simples curiosos possam em cada
momento escrutinar o modo de governação. E isso é claramente positivo,
pois a transparência é uma das vacinas para a corrupção.
Mas, por outro
lado, temos de estar alerta. Na sua tomada de posse como presidente da conferência
episcopal timorense, D. Basílio do Nascimento denunciou a corrupção como
um dos grandes males de Timor. É, de facto, estranho que num país com tanta
riqueza natural, os mais desfavorecidos continuem na penúria e na
indigência e não se lhes garanta uma perspetiva mais risonha para as suas
vidas. A perceção do bispo de Baucau, alicerçada na sua experiência no interior
do território, é acompanhada pelos indicadores internacionais. Em Timor,
o CPI (Índice de
Perceção da Corrupção) apresenta um score baixíssimo (2,4), colocando o
país no 143.º lugar da tabela, numa total de 178 países.
Estes são os sinais
preocupantes. E a legislação timorense não ajuda também. É de inspiração
e matriz portuguesa, os diplomas têm pois muitas regras, a legislação é
extensa e complexa. Sendo o povo timorense na sua maioria iletrado, a legislação
torna-se incompreensível. Em sociedades de baixa formação, legislação
extensa e complexa prejudica os mais desfavorecidos que não conseguem
perceber e utilizar os instrumentos que as leis lhes conferem para se
defender. E, por outro lado, beneficia os poderosos, que, bem assessorados
pelos melhores advogados, conseguem fazer valer, mais do que a justiça, os
seus interesses pessoais.
Em síntese, os
sinais são contraditórios em
Timor. A corrupção tende a instalar-se, mas a sociedade
parece dispor de mecanismos para a combater. É pois o momento para uma
forte militância anti-corrupção neste jovem país lusófono. Esta deveria
ser a principal mensagem para Cavaco Silva levar consigo. Para que a jovem
nação que é Timor não repita, na próxima geração, os erros que o Estado português
tem cometido nos últimos anos. Basta que o Presidente da República convença
os líderes timorenses a não pactuar com a corrupção. Mas quem é Cavaco Silva
para dar conselhos nesta matéria?
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