sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Decreto do governo vai adiar acordo ortográfico para 2016


in diálogos lusófonos

Alvo de controvérsia e ressentimento entre os países de língua portuguesa, o novo acordo ortográfico deverá ter a implementação adiada no Brasil por meio de decreto. O assunto foi discutido anteontem (28) na reunião entre representantes do Ministério das Relações Exteriores, Cultura, Educação e Casa Civil, mas a decisão caberá à presidente Dilma Rousseff, que dará a palavra final.

A previsão era a de que a transição entre a norma ortográfica em vigor e a nova fosse concluída em 31 de dezembro de 2012. Mas o governo já admite alterar a implementação do acordo para 1º de janeiro de 2016 -  um tempo extra de três anos. O Itamaraty ficará encarregado de construir o texto do novo decreto.
 
O cronograma de implementação foi assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro de 2008 na Academia Brasileira de Letras. 

Na terça-feira (27), a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ouviu o apelo por um prazo maior de uma comitiva formada pelos senadores Lídice da Mata (PSB-BA) e Cyro Miranda (PSDB-GO) e pelo professor Ernani Pimentel, idealizador do movimento "Acordar Melhor", que propõe a simplificação ortográfica.

"Não houve planejamento para que o acordo fosse implementado. Assinaram há quatro anos esse acordo com essa data, mas ninguém se mobilizou para colocá-lo em prática. As coisas foram andando a passo de tartaruga" 
- critica o senador Miranda. 
 
Ele completa: "Imaginem um vestibular sem os alunos saberem as regras".

Entre outras coisas, o acordo ortográfico suprime o trema -  a exceção fica nos casos de nomes estrangeiros - retira o acento dos ditongos abertos "ei" e "oi" das palavras paroxítonas (como assembleia e ideia), altera as regras do hífen e inclui as letras "k", "w" e "y" no alfabeto português. 

A seu turno, o Ministério da Educação informou que todos os livros didáticos do ano que vem vão respeitar o novo acordo.

Para Pimentel, as autoridades brasileiras estão percebendo que há necessidade de fazer ajustes. "O grande problema desse acordo é que veio fora de época, nasceu velho, o estudante de hoje quer raciocinar para entender, não quer decorar. Como vou ensinar que cor de capim é sem hífen, cor de qualquer coisa é sem hífen, mas cor-de-rosa é com hífen?" - critica.

[Fonte: www.espacovital.com.br]
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