quinta-feira, 30 de agosto de 2012

poesia assis pacheco


Fernando Assis Pacheco – Portugal

( 1937 – 1995 )

SONETO
Juntei-me um dia à flor da mocidade
partindo para Angola no Niassa
a defender eu já não sei se a raça
se as roças de café da cristandade
a minha geração tinha a idade
das grandes ilusões sempre fatais
que não chegam aos anos principais
por defeito da própria ingenuidade
a guerra era uma coisa mais a Norte
de onde ela voltaria havendo sorte
à mesma e ancestral tranquilidade
azar de uns quantos se pagaram porte
esses a que atirou a dura morte
diz-se que estão na terra da verdade
Lisboa, 28-IV-94
(de “Respiração Assistida”)
Foi jornalista, crítico, tradutor. A sua escrita é caracterizada por uma veia jocosa e satírica. Deixou marcas de grande cronista no “Diário de Lisboa”, na “República” e no “JL”. Obra poética: “Cuidar dos vivos” (1963), “Câu Kiên: Um Resumo” (1972) sob camuflagem vietnamita e que em 1976 conheceria a versão definitiva “Katalabanza, Kilolo e Volta”. Reuniu toda a poesia em “Musa Irregular” (1991). Saiu postumamente o volume “Respiração Assistida” (2003).

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