GALEGUISMO POSITIVO
21 de Decembro de 20112“Possua uma visão não desfocada pelo medo”
(provérbio cherokee)
Muitas vezes uma focagem negativa leva na pratica a realizar ações correspondentes de caráter negativa – ainda que inconscientes – resultam afinal muito perniciosas.
Como bem refletem estes versículos do Dhammapada: …”Todos os estados (mentais) têm como precursor a mente, como chefe a mente, e são criados pela mente. Quando alguém age com mente negativa, é seguido pelo sofrimento, tal como a rode segue as patas do cavalo de carga”… “Todos os estados (mentais) têm como precursor a mente, como chefe a mente, e são criações da mente. Quando alguém fala ou age com mente positiva, é seguido pela felicidade, tal como a sombra nos segue sem cessar”
Temos estes dias um debate em rede, na rua, a nível de conversa de amigos, dentro do sector chamado de “galeguista”, sobre o futuro próximo ou não tão próximo deste movimento, com a conseguinte focagem negativa ocasionada pelos últimos reveses no campo político e social.
Muitos já estão enterrando o galego e com elo a sua cultura.
A negatividade perante o retrocesso das posições políticas mais favoráveis a uma visão considerada “galeguista” puxa nesse sentido destes pensamentos, às vezes derrotistas.
Certamente a tendência geral não é alentadora, dentro do marco do Estado Espanhol e da Galiza. No entanto as tendências podem mudar dependendo de múltiplos fatores, não só internos senão também externos. A historia tem sobradas amostras disto. A historia do galeguismo, desde o Padre Sarmiento e Feijó ate a renascença ou ressurgimento, ate o Iº Estatuto de Autonomia e daí aos nossos dias, também está confortada de retrocessos e no entanto avanços…
Porem seria estúpido negar que a tendência de expansão do castelhano na Galiza assemelha muito a piques de consolidar todo o espaço territorial, ficando o galego reduzido a uma presença formalística ou quase de museu.
Mas também existe uma visão isolacionista geoestratégica, ao igual que na língua, que só referencia a saúde do galego nas quatro províncias, e circunscreve seu campo de trabalho em prol do galego ao território autonômico ou limítrofe. Essa visão reducionista não tem mais remédio que sentir a derrota e dizer a tendência negativa como algo impossível de travar. Também há que dizer que este tipo de visões tem muito a ver às vezes com ideia, cada dia mais negada pela ciência, de um centro de cosmovisão sem o qual seria impossível construir uma realidade homogenia, para determinada comunidade. Esta ideia errada parte já da base corporal do cérebro como único centro reitor, com um centro neuronal criador de estímulos e respostas. Mas pela contra estudos como do professor Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, demonstram mais bem o contrario e como ele mesmo afirma: “Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros neurais processem diferentes tipos de informação”.
No entanto uma tendência integracionista, ou de reintegração tanto na língua como no campo estratégico, tem de ser mais aberta: a sobrevivência do galego na Galiza, também vai depender de muito da culminação para bem do processo de afirmação do galego português com língua de importância global neste século. Processo que esta ainda em cernes… com tendências muito esperançosas, tanto pelo poder emergente do Brasil e Angola, como pela importância de Moçambique, na sua comunicação com o Indico e a Índia… assim como do pequeno Timor do petróleo, bom parceiro da Austrália e outros países da Oceania…
Abrir pois nossa mente: estamos rodeados dum oceano imenso de possibilidades a ser realizadas para já na nossa língua, na grafia internacional. Segundo a eleita da nossa consciência e levando a frente à ação a seguir, dirigida pela nossa percepção momentânea, podemos materializar uma das múltiplas possibilidades que hoje temos em esse imenso mundo real e virtual chamado lusofonia.
Qualquer ação correta desenhada e executada, a sós ou melhor em parceria com nossos amigos e amigas lusófonas no mundo, fortalece a nossa língua a nível global.
Mahatma Gandhi dizia: “Cada vez que uma pessoa da um passo na direção da paz, toda a humanidade da um passo em direção a paz”
Acontece o mesmo com a glotopolitica realizada pelos bons e generosos: “cada vez que uma pessoa ou um grupo de pessoas em rede, da um passo em direção à afirmação da sua língua, toda a Galiza, toda a lusofonia da um passo em direção a essa potencialidade”… Mais ainda cada vez que uma pessoa seja esta brasileira, angolana, argentina, irlandesa, cabo verdiana, da um passo em direção a solidariedade com a Galiza, sua cultura e sua língua toda a humanidade ruma um passo em essa direção solidaria…
Sejamos práticos o derrotismo passou de moda, o vitimismo é uma forma de infantilismo… a luta pela Galiza deve fazer-se como bem diz o teólogo brasileiro Leonardo Boff: “os seres humanos devemos manter os olhos abertos sobre a realidade e as mãos operosas para transformá-la”. E dizer assumindo a realidade, mas prestes a transformá-la. Para transformar a realidade da Galiza, mais do que nunca precisamos da solidariedade lusófona.
Estamos sem discussão em tempos difíceis, mas não tempo limite. Assim que em tempos escuros, temos que atravessar as sombras – dure o dure esta caminhada – e ir preparando os estímulos para chegada da luz. Isto acontece sempre pois como bem diziam os pensadores taoístas: subida e baixada formam parte do mesmo movimento. Agora estamos de baixada, mas vamos usar esta baixada para tomar impulso para fazer a subida ao cume.
A crise será aproveitada para clarificar, reconstruir e deixar a um lado os velhos paradigmas fracassados, assim como as experiências que não puderam ser. Os que fiquem no velho, ficaram atrás, e o caminhar a frente serão as novas tendências e vanguardas que as marquem.
Mas para criar vanguarda ativa é preciso trabalhar em positivo, com amor, com entrega, com tolerância, com fidelidade… sabendo que o trabalho de hoje não é para nós, senão para os que venham detrás nossa… Pois o presente esta feito do passado, e desde este presente podemos consertar as feridas do passado para ter maiores opções de futuro…
Tender então pontes. Pontes para os que estão ainda hesitando passem ao lado que gera hipótese de sobrevivência. Pontes feitas de paciência, pois cada pessoa tem que atravessar no seu devido tempo. Pontes desde o presente olhando este com preocupação, sem frustração, aceitando a realidade e sobre essa realidade tender operosas as mãos, para a transformação…
Cada pessoa no seu posto. Desde todas as frentes, para com maior apoio sortear as sombras. Em rede, com todos os nossos e nossas irmãs lusófonas.
Braços abertos para receber a todos, galegos, brasileiros, angolanos… a todas. E paciência, trabalho, enorme paciência, pois com esse imenso trabalho cada cousa a de chegar no seu devido momento.
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