sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

homenagear Clarice Lispector


Um dia para homenagear Clarice Lispector

Fãs se reúnem em sete capitais para lembrar a escritora no dia em que faria
91 anos

 

O ESTADO DE S.PAULO

 

08 de dezembro de 2011 | 21h 26


Maria Fernanda Rodrigues

 

Depois de Carlos Drummond de Andrade, homenageado em outubro com o Dia D,
que por sua vez foi inspirado pelo Bloomsday e seus eventos anuais e
internacionais de celebração ao escritor irlandês James Joyce, agora é a vez
de Clarice Lispector ganhar um dia só para ela.

Programação para homenagear a escritora vai se espalhar por diversos lugares
do País


Ainda que mais concentrada no Rio, a programação da Hora de Clarice vai se
espalhar por lugares tradicionais, como livrarias e centros culturais, e por
outros mais inusitados, como barcas e estações de metrô, de cidades como São
Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Belém e Recife neste sábado.


A iniciativa é da Rocco, que escolheu homenagear a maior estrela do catálogo
nacional da editora no dia de seu aniversário. Se fosse viva, a autora de A
Paixão Segundo G.H. e de tantos outros sucessos faria, em 10 de dezembro, 91
anos - hoje, a propósito, faz 34 anos que ela morreu.

 

"A ideia não é exatamente inédita, mas queríamos ter um dia em que Clarice
fosse lembrada", conta o editor Paulo Rocco. Há mais de uma década, sua
editora vem cuidado da obra da ucraniana que, com 2 anos, se mudou para o
Brasil com os pais.Nos dois primeiros anos desde que adquiriu os direitos da
obra, em 1997, o esforço foi de recuperação dos textos originais. Nas
edições anteriores, segundo Rocco, linhas inteiras chegaram a ser cortadas.
Todos os livros ganharam novo projeto gráfico e outras obras foram criadas a
partir de diferentes recortes e achados - cartas, artigos, etc. Para o ano
que vem, por exemplo, ele pensa em lançar mais um título da coleção Clarice
na Cabeceira - desta vez, sobre sua produção como jornalista. Haverá
novidades também em sua obra infantil, garante.


O trabalho é recompensado: é raro ver uma prova de vestibular que não exija
a leitura de algum de seus títulos, assim como é raro ver bibliotecas sem
seus livros na estante.
Além disso, Clarice tem uma legião de fãs que tratam de manter sua obra viva
na internet - e às vezes até inventam um ou outro texto que acabam
atribuindo a ela. Isso não chega a estressar, muito, o editor. Quando
encontra algo nessa linha, aciona o departamento jurídico para tentar tirar
o material do ar. Quando não consegue, se consola: "As pessoas sempre acabam
buscando o texto correto nos livros".


Este é o primeiro ano do evento, mas Paulo Rocco garante que a Hora de
Clarice veio para ficar. Deve até ganhar novos adeptos nos próximos anos.


Nesta edição de estreia, aderiram a Secretaria Municipal de Cultura do Rio,
o Instituto Moreira Salles, o Midrash Centro Cultural e livrarias. Pessoas
físicas também procuraram a editora sugerindo atrações. Este foi o caso do
psicanalista André Resende, que vai organizar, na Livraria Jaqueira, no
Recife, um ciclo de leituras e debates.


As editoras que publicam as obras da escritora na Espanha e em Portugal se
animaram em participar, contou Rocco, mas não houve tempo para organizar
esses eventos no exterior.
A programação não é tão extensa quanto a do Dia D, mas fãs de Clarice
encontram boas opções para o sábado.


Em São Paulo, o jornalista José Castello fala sobre seu recém-lançado
Clarice na Cabeceira - Romances, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Programação garantida também para as crianças, com contação de histórias a
partir do livro Como Nascem as Estrelas na Livraria Cultura e na Livraria da
Vila.


No Rio, os destaques ficam por conta da conferência de José Miguel Wisnik,
no Instituto Moreira Salles, e de um passeio guiado por Teresa Monteiro,
organizadora da obra Clarice na Cabeceira - Contos, pelo bairro do Leme,
onde Clarice viveu.

Também no Rio, na travessia Rio-Paquetá, José Mauro Brant comanda a Barca
Literária, com leitura de textos e apresentação das canções preferidas da
escritora. Quem passar pela estação Central do Brasil e pela Siqueira Campos
poderá ouvir histórias apresentadas, respectivamente, pelo grupo Poesia
Simplesmente e por Mônica Montone, que contará com a participação de Clarice
Niskier.Uma palestra de Nádia Battella Gotlib, autora de Clarice -
Fotobiografia, também integra a programação. Ela fala no Midrash, em
encontro que terá ainda a atriz Zezé Polessa lendo trechos da obra de
Clarice.


Em Porto Alegre, Cíntia Moscovich e Cátia Simenon conversam sobre Os Tempos
Sem Tempo de Clarice na Palavraria Livros & Cafés. Já em Belo Horizonte, na
Livraria Mineiriana, Aparecida Nunes, organizadora de Correio Feminino,
aborda o trabalho jornalístico de Clarice. Um ciclo de debates será
promovido pela tradutora Claudia Borio na Livraria da Casa, em Curitiba.
Também será possível participar virtualmente, pelo perfil que a editora
mantém no Facebook. 








 
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