Produção audiovisual infantil brasileira está abandonada, diz produtora cultural
Segundo Carla Esmeralda, mercados como a Dinamarca e Holanda deveriam ser vistos como exemplo pelos brasileiros. A Dinamarca, por exemplo, destina 25% de todos os investimentos de audiovisual para as produções infantis.
Brasília - A população infantil consumidora de produtos audiovisuais brasileiros, como produções de cinema, está abandonada no Brasil. A avaliação é da produtora cultural Carla Esmeralda, que dirige o Festival Internacional de Cinema Infantil, ao lado da cineasta Carla Camurati, desde 2003.
Na terça-feira, primeiro dia de debates do Fórum de Defesa e Promoção do Cinema Infantil Brasileiro, que integra a programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Carla Esmeralda destacou que o problema no Brasil não está limitado à falta de recursos, mas também à falta de articulação das leis do audiovisual que regulam os investimentos.
"A partir do quanto se tem [recursos], podemos construir um novo mercado e desobstruir problemas que afetam o audiovisual infantil, como a distribuição das produções", disse.
Segundo Carla Esmeralda, mercados como a Dinamarca e Holanda deveriam ser vistos como exemplo pelos brasileiros. A Dinamarca, por exemplo, destina 25% de todos os investimentos de audiovisual para as produções infantis. "É um país de 6 milhões de habitantes. Aqui devemos ter algo em torno de 25 milhões de crianças. É uma população imensa e você tem que legislar a favor dessa população", disse.
No caso da Holanda, o chamado "filme familiar", segmento voltado para pais, mães e filhos, reúne 500 mil espectadores, de acordo com a produtora cultural. "Temos que descobrir no Brasil qual é a nossa tendência. Temos que começar a fazer para entender qual a resposta das nossas crianças. Já vejo filmes brasileiros que as crianças gostam muito, as crianças brasileiras gostam muito de comédia, por exemplo".
Carla Esmeralda acredita que o Festival Internacional de Cinema Infantil, criado em 2003, inspirou uma nova geração de cineastas e que o país precisa incentivar a criação de um mercado voltado para este público. "Já temos uma nova geração de cineastas que quer fazer filme para criança e 70% deles são homens", disse.
Os debates em torno de temas como a distribuição e produção de filmes infantis no Brasil, eventos e festivais de cinema para esse público, mercado dos filmes de animação e as novas perspectivas para o segmento é concluído quarta-feira (19). As propostas apresentadas durante o fórum serão entregues, em um documento, aos representantes da Comissão de Educação e Cultura do Senado Federal, do Ministério da Cultura, do Ministério da Educação e à Presidência da República.
Além de alvo de discussões, o cinema infantil tem espaço garantido no Festival de Brasília, com local e horários específicos para as crianças conferirem curtas-metragens nacionais infantis. Conhecido como Festivalzinho, a programação foi inaugurada hoje, pela manhã, com o filme O Filho do Vizinho.
O curta-metragem de pouco mais de sete minutos, produzido no Distrito Federal e com direção de Alex Vidigal, mostra a história de Ronaldinho, um garoto que observa maravilhado as aventuras e as peripécias de um garoto chamado de várias formas por uma vizinhança enlouquecida com ele.
O Festivalzinho apresenta nesta quarta-feira (19) Uma Estrela no Quintal, animação paulista de Danielle Divardin sobre Clarisse, uma menina de cinco anos cheia de imaginação que sonha em alcançar a estrela mais brilhante. Até o dia 21, serão exibidos 11 curtas na Sala Martins Pena do Teatro Nacional, sempre às 10 horas.
Além das exibições no Teatro Nacional, que este ano, funciona como sede das mostras competitivas de longas-metragens ficção e documentário e de curtas-metragens de ficção, documentário e animação, os filmes que integram o circuito do Festivalzinho serão apresentados em espaços no entorno da capital, como Candangolândia, Ceilândia, Cruzeiro, Guará, Gama, Núcleo Bandeirante, Park Way, Riacho Fundo 2, Samambaia, Sobradinho e Taguatinga.
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