Sendo
certo que as primeiras oportunidades são muito importantes, as segundas
oportunidades são também elas essenciais em termos da justiça social
que a educação deve promover.
No
entanto, e apesar disso, os estudos internacionais têm demonstrado que
quando a primeira oportunidade falha e o jovem vê comprometida a sua
educação básica, são excepcionais as situações em que ele consegue
recuperar e "apanhar" os seus pares no resto do seu percurso académico
ou laboral.
Mas
também existem casos de sucesso e o Canadá é um deles. Para resolver os
problemas da sua população emigrante, este País tem vindo a reinventar
soluções para os jovens que se debateram com problemas ao nível da sua
escolaridade básica.
Conclui
o estudo e a OCDE que esta boa e promissora notícia se deve à qualidade
das ofertas de segunda oportunidade, à flexibilidade e inovação que o
sistema canadiano tem vindo a desenvolver no seu desenho curricular e à
medição dos resultados das aprendizagens. Fica assim a certeza de que as
segundas oportunidades, afinal, podem ser mais do que uma certificação e
tornar-se numa boa ferramenta para uma verdadeira segunda chance.
No relatório sobre a Economia Portuguesa e agora no estudo "Education at a Glance", a OCDE
sublinha a importância da certificação escolar que as Novas
Oportunidades ofereceram a milhares de jovens que não tinham conseguido
inicialmente ou estariam em risco de não terminar o seu percurso
educativo com sucesso. Foi assim que em 2010 a taxa de conclusão do
ensino secundário ultrapassou os 100%, o que representa um aumento de 41
pontos percentuais por comparação com 2008 e, se considerarmos apenas
os jovens estudantes, a taxa de conclusão do ensino secundário para os
que se encontravam no ensino regular foi em 2010 de 66,8% e de 63,2% em
2011 (note-se que a média da OCDE é de cerca de 75%).
Estes
números são expressivos mas também inquietantes, porque nos obrigam a
pensar no elevado número de jovens aos quais ainda não conseguimos
proporcionar uma educação de qualidade em percurso regular e na idade
certa. Mas são também encorajadores e reflectem a enorme preocupação
social em resolver, mesmo que tardiamente, os problemas com os quais
eles se debatem. Mas são, sobretudo, uma enorme responsabilidade por
sabermos que só estaremos verdadeiramente a colmatar esta deficiência do
nosso sistema, se estes jovens recuperarem o que não aprenderam na
primeira oportunidade ficando em linha com os seus pares. Isto pressupõe
a medição de aprendizagens e muita ambição ao nível da definição das
metas destes programas. Mas só desta forma a segunda oportunidade terá
valor e será mais do que uma redução do direito à educação ao direito à
certificação.
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