terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta aberta aos oliventinos


Terça-feira, 6 de Dezembro de 2011
Carta aberta aos oliventinos - Associação Além Guadiana


Carta aberta aos oliventinos 
da Associação Além Guadiana


O «Señor Alcalde de Olivenza», surdo aos avisos de Sancho Pança e iludido como D. Quixote, montou o seu Rocinante e saiu à liça com uma intenção peregrina: uma «macrorepresentación de la guerra de las naranjas». Publicada a ideia, em 11-11-11, pelo «gabinete de comunicación del Ayuntaminto», imaginam-se os gigantes lá para os lados do Guadiana. Mas são simplesmente moinhos, moinhos de vento. A história pode acompanhar-se pelas peças que se transcrevem (da mais recente, a «carta aberta aos oliventinos» da associação «Além Guadiana», ao inicial comunicado do «Gabinete de Comunicación» e aos artigos da imprensa, do HOY ao Público) É de ler - para ilustração e proveito - iniciado que vai este Dezembro de 2011, 371 anos depois da aclamação de D. João IV em Olivença.

Almada, 02-Dez-11.
António Marques



LÍNGUA E CULTURA PORTUGUESAS EM OLIVENÇA


Carta aberta aos oliventinos
02-12-11

A ninguém escapa a controvérsia sobre a “Macro-representação da guerra das laranjas” que a nossa câmara municipal planeia celebrar em Olivença. Não questionamos as boas intenções de promover eventos que impulsem o turismo, e menos a sua soberania para realizar aquilo que considerar oportuno. Mas isso não impede a expressão de vozes contrárias a tal ideia.

Na associação cultural “Além Guadiana” sentimos o compromisso de exprimir o nosso humilde ponto de vista. Respeitamos esta iniciativa, mas não a partilhamos. Abordar, embora parcialmente, este episódio histórico pode reabrir feridas em torno de um velho contencioso, gerando efeitos contrários aos pretendidos. Quer dizer, recuar muito no caminho destes anos.

Um assunto tão delicado não deveria ser levantado de modo tão leviano. Aquilo que gira em torno deste episódio, que supôs a passagem de Olivença para administração espanhola, é objeto de controvérsia na esfera da historiografia, do direito ou da diplomacia. Isso não implica considerá-lo um tema tabu, mas há outras maneiras de tratá-lo, por exemplo através de congressos nos quais historiadores e estudiosos o abordem de um ponto de vista académico.

Achamos bem promover teatralizações históricas, de época espanhola ou portuguesa, com a maior sensibilidade e rigor. E precisamente a história da nossa terra está cheia de episódios apaixonantes e singulares, que podem ser recriados sem necessidade de tocar um assunto tão delicado.

A guerra das laranjas, com o conseguinte Tratado de Badajoz e a suas consequências diretas, supuseram um trauma afetivo, económico e cultural para os oliventinos de então, antepassados nossos. E é aqui onde está o principal paradoxo, porque nos parece contraditório sermos nós, oliventinos, a aderir à lembrança de um feito que significou tanto sofrimento.

Há muita coisa boa neste debate, surgido repentinamente; um debate que não deve ser feito na base de confrontos, mas construtivamente. Não com a conjuntura do anedótico, mas com a profundidade do importante. O que deve ser posto em causa não é só o maior ou menor acerto de uma encenação concreta, mas o próprio modelo de Olivença que nós, oliventinos, queremos para nós próprios. O debate é histórico e o momento é chave, porque estamos na encruzilhada de resolver regressar a um padrão incompleto da nossa identidade ou redobrar os nossos esforços para um modelo bicultural, reconciliando-nos com a nossa própria história, que não é melhor nem pior do que outras, mas diferente. E é nossa.

No Além Guadiana trabalhámos pela nossa herança cultural portuguesa, aprofundando o labor já iniciado por tantas pessoas e instituições. E isso é feito de maneira altruísta, independente e apolítica, empenhados num modelo no qual, culturalmente, nos sintamos tão próximos de Olivenza como de Olivença, fazendo da expressão “as culturas somam” a nossa máxima. Tão nossa é a história dos oliventinos do século XVI que tripularam galeões rumo ao Brasil como a dos que viram nascer a União Europeia no século XX.

Estamos convencidos que temos que olhar sem complexos para Portugal, que não só está além do Guadiana, mas também entre nós, no nosso património histórico, monumental, cultural e linguístico. Olivença é única na península Ibérica, pela singularidade e riqueza do que possui. Mas fica muito por fazer para fortalecer a parte mais fraca da nossa cultura. É necessária a sensibilização dos cidadãos, o compromisso das nossas instituições.

Pensamos que os nossos representantes institucionais e o povo oliventino partilham boa parte desta visão. E desejamos que o sereno debate nos leve a reafirmar esse modelo bicultural e integrador, que constitui a melhor ferramenta para o nosso desenvolvimento identitário, cultural e turístico.


Associação Cultural “Além Guadiana”. Olivença. www.alemguadiana.com



Referências:

Macrorepresentación de la Guerra de las Naranjas en Olivenza http://www.ayuntamientodeolivenza.com/modulos/mod_noticias/pub/mostrar_noticia.php?id=835 
GABINETE DE COMUNICACIÓN - 11/11/11 (Ayuntamiento)

HOY «Cartas al Director» 17-11-11
António João Teixeira Marques Almada (Portugal)

"HOY", 21-Novembro-2011 OLIVENZA CELEBRA DERROTAS 21.11.11
J. R. ALONSO DE LA TORRE HOY, BADAJOZ, 21 de Novembro de 2011 OTRAS GUERRA DE LAS NARANJAS NO

La decisión del alcalde del PP ha levantado una polvareda entre las filas socialistas, que consideran que puede reabrir heridas 22.11.11 EFE | HOY.es La recreación de la Guerra de las Naranjas aviva una disputa histórica

HOY
Olivenza también quiere su batalla
23.11.11 TANIA AGÚNDEZ
El alcalde de Olivenza niega que se produzca algún tipo de conflicto en la representación de la Guerra de las Naranjas
23/11/2011 CARTA NO "HOY"; Badajoz, GUERRA POR LAS NARANJAS ANTÓNIO FERRERA FERNÁNDEZ, OLIVENZA

EL ALCALDE OLIVENTINO, BERNARDINO PIRIZ, DEFIENDE LA IDEA, CON LA QUE PRETENDE DIFUNDIR EL PASADO
http://www.lacronicabadajoz.com/noticias/extremadura/la-nueva-guerra-de-las-naranjas_78751.html La nueva Guerra de las Naranjas Municipios portugueses rechazan la iniciativa de Olivenza de recrear en una representación teatral este hecho histórico, en el que este pueblo extremeño dejó de pertenecer a Portugal

GUADALUPE LEITON 24/11/2011 en el año 1801 - Una contienda de 18 diashttp://www.lacronicabadajoz.com/noticias/extremadura/una-contienda-de-18-dias_78750.html 

24/11/2011 El Periódico Extremadura, 24/11/2011 EL ALCALDE OLIVENTINO, BERNARDINO PÍRIZ, DEFIENDE LA IDEA, CON LA QUE PRETENDE DIFUNDIR EL PASADO La nueva Guerra de las Naranjas Municipios portugueses rechazan la iniciativa de Olivenza de recrear en una representación teatral este hecho histórico, en el que este pueblo extremeño dejó de pertenecer a Portugal 


GUADALUPE LEITON El Periódico Extremadura, 25/11/2011 
Naranjas agrias

HOY Badajoz, 25-Novembro-2011
polémica sobre la recreación de la guerra de las naranjas "No interesa una batalla encima de las tumbas de nuestros antepasados"
 El alcalde de Elvas pide "reflexión" al de Olivenza y advierte que, si se realiza, habrá una manifestación en contra

El primer debate comenzó en las páginas de HOY con una carta al director de Antonio Joao Teixeira Marques 
vecino de la ciudad portuguesa de Almada, que mostraba su extrañeza por la recreación de la Guerra de las Naranjas. También se han mostrado contrarios a la recreación de la Guerra de las Naranjas los exalcaldes de Olivenza, Ramón Rocha y Manuel Cayado, quienes afirmaron que podría resultar una ofensa gratuita a los portugueses, y afectar a las relaciones entre Olivenza y Portugal.

José Rondao Almeida también dejó clara su postura a través de una carta al director de HOY
En ella mostraba su sorpresa por el proyecto del Ayuntamiento oliventino y advertía que la recreación sólo serviría para reavivar un episodio histórico "que ensombrece las relaciones diplomáticas entre Portugal y España".

El Periódico Extremadura, 27/11/2011
Entrevista con el secretario general del PSOE extremeño (José Guillewrmo Vara) "Celebrar la Guerra de las Naranjas es retroceder 30 años en nuestras relaciones con Portugal"

HOY, 28.11.11 COSAS QUE PASAN RONDÃO SE ENFADA EN ELVAS

J. R. ALONSO DE LA TORRE HOY, 28.11.11 «Trato de contar en dos horas la historia de Olivenza»
TANIA AGÚNDEZ | BADAJOZ.

Público, 28-11-11
Peça de teatro gera conflitos na fronteira Alcaide de Olivença causa polémica com recriação da Guerra das Laranjas

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