ARTE ANGOLANA CONTEMPORANEA
NOVA PERIFERIA URBANA, NOVA PINTURA POPULAR
E a constatação que pode ser feita da apreciação das telas do aprimorado Carvalho Lones, pintor – pedagogo, evoluindo na outra Luanda, o outro « país real », que surgiu, gradualmente e definitivamente, do « Longo Conflito ».
As composições do artista, todas de pintura a óleo, restituíam, bem propositadamente, o seu meio social, pontuado de factos da vida quotidiana, bastante insólitos, frequentemente relatos, com uma evidente deleitação pelas medias ; actos que provocaram o lançamento de um titulo de imprensa escrita, com uma linha editorial quase especializada, com apelos a colaboração popular, nos recentes bairros precários.
E, o artista não se engaja, de mão leve. Opta, nos seus quadros para uma combinação policromada, bastante morna, de acordo com a inquietante atmosfera ambiente dos novos « Bairros » e sua distante iluminação pública.
Assenta, aí, os seus testemunhos da viril cintura de Luanda Principal, zona de todas as novas revindicações de vida e de conforto, com personagens de corpos geometrizados e cabeças semi-figurativas e redundas.
Os titulos das ocorrências representadas são a altura da gravidade dos contornos sociológicos evocados : « Cidade dos prazeres », referencia evidente as duas cidades cananeianas, com, subsequentemente, a arriscada « Discoteca móvel», o soalheiro « Corpo de viola », o apócrifo « Astro- negro » e, finalmente, a penosa « Hora de dores ».
O combate das mulheres, inevitavelmente grávidas, contra a fome, toma, aí, uma dimensão sobrenatural.
As novas zonas peri - urbanas surgiram, sem esperar o plano cadastral do Governo.
INTEMPERANCA ETILICA
O intérprete da « Perif », originário do Setentrião, crê que os incêndios dos tugúrios, frequentes, com o penoso uso da pequena candeia industrial ou de módicos grupos electro - geradores, de marca asiática, mais ou menos, duvidosa, e sob uma manutenção deficiente, não podem ser extintos, pelos valentes bombeiros, mais, pela magia dos feiticeiros, devidamente, vestidos e bem munidos de baldes de água e de uma boa aparelhagem ritual.
A terceira idade e, forçosamente, na periferia, sinonimo de marginalização, pela causa da transferência dos meios rurais, para « Bagdad » das « Tríades do mal ».
« Palanca City » alberga, igualmente, as aproximativas salas de dança, onde os ricos, ocasionais e perdulários, são amarrados entre duas cúpidas, vestidas bem ligeiramente, estado mostrando, claramente, em verso ou recto, tatuagens estreladas.
A colagem de zonas informais à antiga, serena, São Paulo de Assumpção de Loanda significa, finalmente, para Lones, nessas terras voláteis, uma taxa de taxa de sinistralidade rodoviária assustadora.
Restituía uma colisão, resultado de um gesto afectivo, inoportuno, provocada pela uma evidente intemperança etílica, suicidária, acarretando, naturalmente, uma vazão de sangue, sob a presença, infelizmente, impotente, de um agente da polícia.
A leitura do pintor e, suficientemente, objectiva para que o pais possa acelerar o fomento de novas centralidades urbanas, condição, primeira, para a emergência, a termo, de uma mentalidade sociológica, diferente, na « Cordilheira » luandense.
Por
Simão SOUINDOULA
Historiador. Critico de arte
Perito da UNESCO
C.P. 2131
Luanda
(Angola)
Tel.: + 244 929 79 32 77
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