terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TRADIÇÕES GALEGAS


Com um pouco de atraso, escrevo aqui minhas pequenas pesquisas.
 
Um dia deste passado natal, recordei o tema deste fio e perguntei a várias pessoas, todas elas nadas e criadas em paróquias do meu concelho natal, Irijoa.

Perguntei se recordavam alguma tradição, refrão, conjuro ou presentes relacionados com a queda dos dentes de leite.

Meus pais que andam pola casa dos 70, de paróquias diferentes, e que perderam esses dentes na pós-guerra (1940 e tal) coincidiam em atira-los no lume u na cinza da lareira. Meu pai crê recordar que era para evitar que os comessem as galinhas. Minha mãe nada sabe do das galinhas. Não recordam nada de refrães relacionados. E de pressentes nada, nem em casa deles nem na vizinhança. Minha mãe explica que que classe de pressentes poderia haver daquela, quando a maioria dos meninos não tinham nem sapatos (apenas e nem sempre socas), nem pentes, guarda-chuvas ou sabão nas suas casas. (Acrescenta que a maioria dos adultos de então eram pampos, faltos de manha, eu lhe digo que isso devia ser um estado de choque típico das pós-guerras).
 
Outra informante,da casa dos 40, que perdeu os dentinhos polos anos 1970 recordava te-los atirado no lume da cozinha de ferro (que viera substituir em muitas casas à lareira) e recordava vagamente um refrão. Telefonou para sua irmã mais velha, e logo ditou-me assim:

"Toma luminho este dentinho p'ra que me traias outro mais bonitinho"

Ela que me via escrever, disse-me: "Eh, pero nom estás escrevindo como eu digo, que nom vejo os enhes"

Eu disse-lhe: "Nom me fam falta, vai com ene agá"

Ela: "Ene agá, ene agá"

Ri-me, rimo-nos.

Agradeci e disse-lhe que o ia pôr em internet.

E eu que perdi os dentes polo mesmo concelho nos anos 1960-70, nasa sabia, nem meus irmãos que são mais novos.

Também encontrei na net uma pequenina referência. Trata-se dum trabalho em PDF com um endereço complicado. Saiu-me ao procurar em Google com ortografia ILGA: "lumiño dentiño"

O trabalho é: Dentes e moas na fraseoloxía galega de Xesús Ferro Ruibal, e contém um refrão parecido ao que vos escrevi antes.


Abraços

Plácido 
placidosanjurjo@yahoo.es

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