de diálogos lusófonos
Paula Borges
(1) Algumas notas sobre uma comunidade insular asiática, localizada ao largo da extremidade sul do subcontinente indiano, que se considera "portuguesa",
denominada Burghers (burgueses),a designação genérica usada no Sri Lanka para nomear os cidadãos de ascendência mista europeia (portuguesa, holandesa, inglesa, etc.) e oriental (cingalesa, tamil, malaia, etc.) que conservam costumes e tradições de origem europeia à mistura com costumes e tradições de origem local.
Os burgueses portugueses, predominantemente resultantes da união entre portugueses e habitantes locais, que seguem a religião católica, falam (cada vez menos) um crioulo indo-português e vivem predominantemente na costa oriental da ilha, sobretudo nas cidades de Batecalou (Batticaloa) e Triquimalê (Trincomalee).
Muitos séculos antes da chegada dos portugueses à ilha de Ceilão, que hoje se chama Sri Lanka, esta já era conhecida dos europeus da Antiguidade sob o nome de Taprobana. É este o nome que Luís de Camões lhe chama logo no início de "Os Lusíadas".
Muitos séculos antes da chegada dos portugueses à ilha de Ceilão, que hoje se chama Sri Lanka, esta já era conhecida dos europeus da Antiguidade sob o nome de Taprobana. É este o nome que Luís de Camões lhe chama logo no início de "Os Lusíadas".
A primeira armada portuguesa a aportar em Ceilão foi comandada por D. Lourenço de Almeida, a quem chamavam "Diabo Louro", que era um homem de enorme corpulência e era filho do vice-rei da Índia D. Francisco de Almeida. O desembarque ocorreu em 1505 ou 1506, nas proximidades de Galle, no sudoeste da ilha. Pouco depois, a mesma frota aportou numa baía mais a norte, onde fundou a cidade de Colombo, que é hoje a capital do país.
A presença portuguesa em Ceilão durou pouco mais de um século, no meio de guerras e de alianças com os reinos locais. Os portugueses praticamente nunca conseguiram dominar inteiramente Ceilão, tendo enfrentado uma dura resistência, sobretudo por parte do reino de Kandy, no centro da ilha, e tornaram-se também alvo de ataques dos holandeses a partir do início do séc. XVII. A ilha de Ceilão acabou por se tornar, toda ela, uma colónia holandesa. Em 1815, a ilha passou para a posse dos ingleses e em 1948 acabou por se tornar independente.
A presença portuguesa deixou profundas marcas no Sri Lanka e ainda hoje essas marcas são bem evidentes, apesar de essa presença já ter acabado há cerca de 350 anos! Por exemplo, existem milhares e milhares de cingaleses que possuem apelidos portugueses, tais como Silva, Pereira, Fonseca, Souza, etc. A maior parte das famílias que têm estes nomes não é burguesa e, provavelmente, não tem sequer qualquer ascendência portuguesa. Os seus nomes portugueses resultam da conversão ao cristianismo dos seus antepassados.
Os que são de facto descendentes de portugueses, que se uniram com mulheres tamiles e cingalesas (os então chamados casados), são os burgueses portugueses, como já referi. Vivem, como também já referi, predominantemente nas cidades costeiras de Batecalou e Trinquemale. Ora estas cidades ficam na costa oriental do país e foram muito severamente atingidas pelo terrível tsunami que varreu o Oceano Índico em 26 de Dezembro de 2004. Só em Batecalou, o tsunami matou 154 burgueses portugueses!
A organização humanitária portuguesa AMI (Assistência Médica Internacional) enviou equipas de emergência para a cidade, a fim de socorrer os sobreviventes, quer fossem burgueses ou não. Atualmente, a AMI continua a prestar apoio aos burgueses portugueses através de uma fundação que criou, a Fundação Portugal-Ceilão. Além do apoio humanitário, esta fundação faz a promoção social e cultural dos burgueses, que são, em geral, muito pobres.
Com efeito, os burgueses portugueses do Sri Lanka encontram-se entre os níveis mais baixos da escala social do país. Exercem predominatemente profissões de caráter manual, tais como pedreiros, sapateiros, carpinteiros, pintores da construção civil, etc. Ora, na sociedade de castas que prevalece no Sri Lanka, os trabalhos manuais são realizados pelas castas inferiores. Sendo também trabalhadores manuais, os burgueses portugueses estão ao mesmo nível que estas castas. No entanto, apesar da situação social pouco invejável em que se encontram, os burgueses portugueses são conhecidos no Sri Lanka por serem dotados de uma grande simpatia, espontaneidade e alegria de viver.
A organização humanitária portuguesa AMI (Assistência Médica Internacional) enviou equipas de emergência para a cidade, a fim de socorrer os sobreviventes, quer fossem burgueses ou não. Atualmente, a AMI continua a prestar apoio aos burgueses portugueses através de uma fundação que criou, a Fundação Portugal-Ceilão. Além do apoio humanitário, esta fundação faz a promoção social e cultural dos burgueses, que são, em geral, muito pobres.
Com efeito, os burgueses portugueses do Sri Lanka encontram-se entre os níveis mais baixos da escala social do país. Exercem predominatemente profissões de caráter manual, tais como pedreiros, sapateiros, carpinteiros, pintores da construção civil, etc. Ora, na sociedade de castas que prevalece no Sri Lanka, os trabalhos manuais são realizados pelas castas inferiores. Sendo também trabalhadores manuais, os burgueses portugueses estão ao mesmo nível que estas castas. No entanto, apesar da situação social pouco invejável em que se encontram, os burgueses portugueses são conhecidos no Sri Lanka por serem dotados de uma grande simpatia, espontaneidade e alegria de viver.
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