in diálogos lusófonos
j.bramim@yahoo.com.br> escreveu:
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Janeiros antigos e novos
Mário RibeiroPublicação: 12/01/2012 no caderno CULTURA do jornal ESTADO DE MINASEm outros tempos, janeiro nos trazia também o sol e não somente as chuvas e tragédias cada vez mais dolorosas e tristes ao arrastar a gente mais simples e batalhadora e coisas tão essenciais e difíceis de conquistar, como geladeiras, fogões, roupas, para não falar das casas e vidas que vão de roldão na fúria das águas.
Houve um tempo em que, nas férias, as crianças iam para a rua jogar finca nos intervalos dos temporais; agora, sem terra à vista, já que dominada pelo asfalto, elas se fecham nas casas com aparelhinhos que lhes dão a ilusão de terem o mundo nas mãos.
Os estudantes voltavam às suas cidades de origem para a saudável convivência com amigos e familiares; agora se dispersam por todos quadrantes em desesperada busca de novidades e aventuras, retornando amargos e com ar superior de donos do mundo.
Felizmente, ainda temos quem nunca se esquece de nos ofertar todos os anos pequenos envelopes, dobrados um a um, com sementes de romã, para que não nos falte a sorte nem o dinheirinho necessário para o nosso dia a dia o ano inteiro.
É uma “simpatia” que não custa levar a sério, mesmo porque podemos ano a ano comprovar sua eficiência, assim autorizando-nos a crer em soluções simples e caseiras, como chás de erva-cidreira e funcho ou as rezas de tia Dulce para nos livrar de “quebranto” jogando em um copo d’água vermelhíssimos tições retirados do fogão de lenha. E aquele chiado provocado pelo choque das brasas com a água o tempo nunca haverá de apagar de nossos ouvidos.
Chega de janeiros trágicos!!! Precisamos voltar a sonhar no primeiro mês do ano para depois enfrentar a dureza dos meses seguintes.
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