sábado, 23 de junho de 2012

ANGOLA WILLIAM TONET

AQUI ESCREVO EU 

William Tonet



UM COMUNICADO

OU UMA INSENSATEZ



Hoje sou forçado a reconhecer, o país está sem rumo, porque os actuais timoneiros estão sem norte.

Tudo por se esquecerem ser a “política uma navegação”, e por assim ser, não faz sentido o extremar de posições, para responder a um arrasoado de insensatez, condensada num denominado comunicado público do bureau político do MPLA do dia 20.06.

No espaço mental de um povo, carregador do seu destino e de muitas agruras, não colhem o tempo todo, o impingir de mentiras, insultos e imprecisões, por mais refinadas que sejam.

Quando um bureau político, órgão executivo de um partido se reune, em momento de crise, não pode fazê-lo, para atender, exclusivamente, uma personalidade, que considera banal, irreferenciavel e que nunca fez parte da estrutura dos seus quadros que se bateram pela independência nacional etc, sob pena de não ser levado a sério, tantos são os candentes problemas do país.

As ideias percursoras e orientadoras seguem rotas projectadas com segurança, susceptíveis, porém, das correcções que os dados circunstanciais aconselhem ou obriguem.

Não me compete, enquanto cidadão (William Tonet), provar nada, o inverso é que é verdadeiro, mas ainda assim vamos ver quem mais facilmente se coloca na pele da mentira.

O actual MPLA diz ter sido fundado em 1956, mas os dados não conseguem demonstrar a existência, naquele ano de nenhum partido ou movimento de libertação com esse nome, tão pouco existe registo e aposição de assinaturas dos seus subscritores na constituição.

É possível existir um filho sem pai e mãe? Quem foram afinal os fundadores?

Quem fabrica uma data de nascimento e persiste nela, mesmo tendo se alterado o quadro inicialmente motivador, faz o quê?

Em 1965, no Congo - Brazzaville na base do Movimento, por orientação de Agostinho Neto, o ex-vice-presidente do MPLA, Matias Miguéis, foi enterrado vivo, tendo ficado a cabeça por dois dias de fora, para receber todo tipo de humilhações até sucumbir. O actual bp do MPLA sabe, quantas crianças soldados e guerrilheiros assistiram aquela  bárbarie?

Em 1966, foi queimado numa fogueira, logo barbaramente, assassinado, na Frente Leste o abnegado e valoroso comandante Paganini e mais seis outras pessoas, acusados de feitiçaria e tentativa de golpe a direcção de Agostinho Neto, em Brazzaville. Quem passados 38 anos depois da proclamação da independência, omite isso na sua história faz o quê?

Continuemos.

a) Consta dos arquivos da PIDE, que repousam na Torre do Tombo, em Lisboa, que Guilherme Tonet (meu finado pai), fundou, em 1960, a FPLA (Frente Popular de Libertação de Angola), partido responsável pela manutenção dos núcleos de guerrilha em Luanda depois da sublevação do 4 de Fevereiro de 1961 e ainda o criador de uma região militar, na zona dos Dembos e Piri, que viria posteriormente a converter-se na 1.ª Região Político Militar do MPLA. Guilherme Tonet partiu, consta, também, para os húmus libertários, com seu filho primogénito (William Tonet), então com três anos de idade.

b) O cartão de pioneiro n.º 485, atesta WT como sendo  natural da 1.ª região político - militar do MPLA. Nas matas, as crianças não andavam a brincar a cabra seca, eram “guerrilheiros-mirins”, servindo de antenas e carregadores dos guerrilheiros. Desde os sete anos de idade que acompanhava o comunicador, vulgo radista, especialidade em que me viria a notabilizar. Fui criança soldado…

c) Na tentativa de abertura de mais uma frente, no Planalto Central, em 1968, o grupo de guerrilheiros foi preso, dentre eles o meu pai, que viria a ser desterrado para a cadeia de São Nicolau. Lá encontrei, estudei e convivi, com um dos actuais membros do bp do MPLA, Bornito de Sousa. Ele pode dizer quem mente e o que fazíamos no campo…



Por tudo isso, brada aos céus a presunção de monopólio, do actual bp do MPLA, de todos quantos se bateram pela independência durante a luta de libertação, principalmente por parte de uma direcção que estava instalada em Brazzaville, quando afirma: “o cidadão William Tonet nunca pertenceu ao movimento guerrilheiro, dirigido pelo MPLA, no período de luta pela independência nacional de Angola, nem integrou qualquer estrutura ou força governamental, que se tivesse envolvido directamente, na luta pela preservação da independência ou pela defesa da integridade do solo pátrio”, lê-se no comunicado. Entretanto o membro do actual bp, Dino Matross, tem conhecimento que o meu cartão de militante do MPLA tem o n.º 1.135, cujo processo, disse o dr. Lau, presente na audiência, ter desaparecido, quando transportavam, em carrinha caixa aberta, os ficheiros de alguns militantes da Segurança de Estado, para a sede do MPLA. Isto foi tudo discutido em 2004, no gabinete do actual secretário geral do “EME”, que me solicitou fotos, para a reconstituição do processo. E se dúvidas houver, João Paulo Nganga estava presente nesta reunião.



O actual bp do MPLA esqueceu-se que determinar a posição na linha de pensamento e inflectir segundo as conveniências de momento são recursos que o mais experimentado navegador não despreza e de que se vale em determinados momentos. Alcançar o objectivo depende do modo e jeito de persegui-lo.

O desnorte é mau conselheiro, porque os dados assim o desmentem. Quem não tem noção da ponderação necessária em política, nos momentos de crise, pode reduzir-se ao ridículo.

Vejamos:

a) Lembra-se o actual bp do MPLA, de todos os membros que estiveram na comissão de redacção do congresso de Lusaka de 1974? Eu sim! Quem mente?

b) Sabe o actual bp do MPLA, dos nomes dos guerrilheiros que vieram, em 1975, no primeiro navio de cimento a partir de Cabinda? O MPLA deve assumir se tinha ou não nas suas fileiras crianças-soldados, antes e depois da independência. Isto para se aferir quem mente… 

c) Em 1975 em Luanda fiz parte do grupo de contra-informação, que “invadiu” o então hospital universitário de Luanda (actual Américo Boavida) e de lá retiraram, crianças mortas, corações, fígados e outros órgãos humanos, que serviam de objecto de estudo, aos alunos do curso de medicina, para os colocar nas Casas do Povo da FNLA, acusando-os de canibalismo e de comerem pessoas. Tese que vingou e perdura por muitos anos. Será que o actual bp do MPLA já pediu desculpa aos angolanos e a FNLA, sobre essa mentira? Eu penitenciei-me, ainda Holden Roberto estava em vida e junto da actual direcção da FNLA. Ngola Kabangu e pares podem confirmar? 

d) Ainda em Luanda, no bairro Vila Alice, no quadro das actividades dos "Comités Ginga", em 1975, antes da
proclamação da nossa Independência, sob coordenação do
nacionalista Guilherme Tonet, que organizava e ministrava cursos de formação de activistas pró-MPLA, dos quais se salienta o Curso de Monitores
Político - Militares, em que participaram uma pléiade de jovens que mais tarde desenvolveram acções de realce em prol da construção da Pátria angolana. O espaço reservado para as referidas aulas situava-se na residência do saudoso Guilherme Tonet, que na sua acção formativa contou com o apoio do seu filho primogénito William Tonet, cuja missão primordial se centrava na produção, impressão
e distribuição dos materiais que serviram de apoio aos formandos. Eis alguns nomes dos participantes nas actividades formativas levadas a cabo por Tonet:
Ana Dias Lourenço - actual Ministra do Plano
Luís Carneiro "Luisinho" - Administrador do Município do Libolo (Kwanza Sul)
Evelize Fresta - Vice Ministra da Saúde
Mariana Afonso Paulo - médica e Deputada à Assembleia Nacional pelo MPLA
Ana Maria de Sousa Santos "Nani" - Secretária Adjunta do Conselho de Ministros
Pedro de Almeida - Médico e ex-Jornalista
Fernanda Dias - Médica e empresária da Empresa Cemedic
Artur Nunes - músico,  desaparecido na sequência do fatídico 27 de Maio de 1977
Sara Bernardete Barradas e Maria da Conceição Guimarães, ex-jornalistas.
Estes são alguns nomes dos muitos jovens que receberam formação política em prol do MPLA no período que antecedeu à proclamação da Independência Nacional e que integraram os múltiplos Comités de Auto-Defesa (braço armado embrionário do MPLA na cidade de Luanda) sob
tutela dos Comités Ginga espalhados nos bairros como Sambizanga, Prenda, Golfe, Cazenga, Marçal, Rangel, Bairro Popular, Ilha de Luanda, Ingombota, etc.


e) WTonet, foi um dos comandantes que levou pioneiros de Luanda, ao Largo 1.ºde Maio, afim de servirem de porta bandeira, na noite de 11 de Novembro de 1975, data da proclamação da Independência. Um destes pioneiros, dentre outros, foi Toninho Van - Dúnem, ex-secretário do Conselho de Ministros.  

f) Em 1976, era um dos estado-maior das Comunicações da 9.ª Brigada das FAPLA, tendo sido nessa condição, colocado, por orientação da Comissão Executiva do MPLA, no gabinete do Comandante Nito Alves, para a área juvenil e de mobilização em Luanda. Participou nas várias reuniões preparatórias e electivas, dos membros das Comissões Populares de Bairro. Foi autor, na campanha de diabolização do adversário político, mais temeroso da altura, da expressão, que viria a ser musicalizada: “Holden é como camaleão”! “Ele é lacaio do imperialismo internacional”, num dos comícios no campo de São Paulo, em Luanda! O actual bp do MPLA pode desmentir isso?



g) Em 1977, por ocasião do 27 de Maio foi preso, sem culpa formada, pelo agente da DISA, Carlos Jorge, -tcp –(também conhecido por), Cajó, acusado de fraccionismo, na companhia de seu pai, Guilherme Tonet, mais dois tios, que viriam a ser enterrados vivos. Cajó, famoso algoz, continua vivo e é uma referência deste MPLA.   



h) William Tonet está registado com o n.º 5369/86, como Antigo Combatente (vide cartão), emitido no período de partido único, onde o rigor de pendor comunista era mais acentuado. O processo foi constituído e repousa nos arquivos da então Secretaria de Estado dos Antigos Combatentes, tendo sido emitido aos 28 de Agosto de 1986, Ano da Defesa da Revolução Popular? 



i) Nos anos 80 foi delegado da TPA (Televisão Popular de Angola) em Benguela. Trabalhou ainda a nível da JMPLA com a deputada do MPLA, Angela Bragança e com o actual Presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira.



j) Na qualidade de oficial de comunicações, especialista em interseção militar, foi requisitado em nome do governo e na sua condição, para trabalhar, em diversas ocasiões com os generais Kundy Pahiama, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” (ambos membros do actual bp do MPLA) e Fernando Garcia Miala, então chefe da Casa Militar da Presidência da República. Reservo-me a não revelar mais segredos de Estado, por hora.

 

k) Ainda na qualidade de oficial e estado maior de comunicações militares, sua especialidade, trabalhou, entre os anos 80 e 90, em muitas das grandes operações militares das FAPLA, nas regiões Sul, Norte, Leste e Sudoeste, na criação de linhas de interseção, com os generais, Ngueto, Faceira, João de Matos, Armando da Cruz Neto, Jorge Sukissa, entre outros. Aliás nessa condição, com conhecimento do general João de Matos, foi impedido, por ordem militar do comandante – em – chefe, José Eduardo dos Santos de se retirar da Frente Centro. É estranho que o actual bp do MPLA, desconheça esse pormenor, pois existem provas materiais.



l) Diz o comunicado do actual bp do MPLA, que, repito, não acredito tenha sido subscrito por todos os seus membros, que WT nunca “integrou qualquer estrutura ou força governamental, que se tivesse envolvido directamente, na luta pela preservação da independência ou pela defesa da integridade do solo pátrio”, fim de citação. O acima exposto mostra isso? Para quê comentar.



m) Em 19 de Maio de 1991, após quatro dias de negociações directas entre William Tonet e os líderes do MPLA e da UNITA, respectivamente José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi, foi assinado no Alto Cauango, Luena-Moxico, o Primeiro Acordo de Paz de Angola, pondo fim a uma guerra de 57 dias, entre as tropas militares das FAPLA/MPLA e FALA/UNITA, mediado por um angolano, William Tonet. Alguns dos subscritores ainda estão vivos, os generais, Higino Carneiro, Nelumba Sanjar, Chilingutila, Mackenzi, entre outros. Ou será que este acordo não existiu e foi uma invenção minha, tal como a audiência concedida, logo depois no palácio presidencial, no Futungo de Belas, por José Eduardo dos Santos?      

   

n) A WT-MUNDOVÍDEO, empresa que dirijo realizou várias acções e obras por orientação e solicitação da Presidência da República, no Leste de Angola em 1991, nomeadamente no fornecimento de combustível e medicamentos para as unidades militares e civis, reparação da pista de aviação do Luena, de escola e do hospital. Foram ordenantes o dr. José Leitão e Fernando Garcia Miala. Até hoje, depois de estarem servidos, existe uma dívida, não paga, popr José Eduardo dos Santos, que com os juros ascende os USD 11 milhões de dólares.



Como se pode verificar os factos falam por si, mas o importante é termos, enquanto cidadãos, consciência de que a nau do MPLA/Governo singra ao acaso, impelida por ventos estranhos, desprovida de pilotos responsáveis e conscientes da nacionalidade a que pertencem. Apontam-nos, diria Mário Saraiva, envolvida na névoa da distância, a mancha dúbia de “Um futuro Melhor”. Miragem paradisíaca, ou holocausto da pátria. E de que lado está o actual MPLA? E o governo/JES? Eles têm o dever de nos informar. Os angolanos têm o direito de, rigortosamente, o saber! O povo tem de ter a consciência exacta de que aqui e agora se joga o nosso destino humano e de angolanidade e é hora de fazer alguma coisa, sob pena do país soçobrar.

Há, de tempos a tempos, que tomar-se a altura do Sol para que a rota se não extravie pela pela superfície movediça de factos e circunstâncias, num mar-alto sem referências nem horizontes. Também hoje, “Angola vagueia num mundo transformado e revolto, sem horizonte” nem pontos de referência angolanos.

É pois em função, também deste comunicado, a hora de tomar o ponto da situação e de corrigirmos os desvios de orientação, em nome da estabilidade do país e não continuarmos passivos, ante a procissão dos corruptos, que pretendem a continuação da discriminação e a promoção de uma nova guerra.

Estejamos unidos. Defendamos a democracia e a Paz das armas alcançada, pois há quem nos queira levar a uma nova guerra, forjando, tal como em 1977, bodes expiatórios.









POLÍTICA









Estado-Maior das FAA e o

comunicado da mentira









Ankara Sankara





Esta última manifestação de antigos combatentes desmobilizados das FAPLA, vergonhosa para o regime, não teve início no dia 20 de Junho, mas nos 07, 14 e 15.06, da semana passada. Nesse dia, cerca de dois mil militares manifestaram-se em Luanda, reclamando contra o abandono a que estão votados e o desleixo que merece o tratamento a que são sujeitos.

Na nossa edição da semana passada fizemos uma abordagem deste acontecimento e escrevemos. «São homens de se dedicaram de corpo e alma a um ideal que nem sempre é recompensado, ou seja, a defesa de valores que lhes ensinaram que eram sagrados. Acontece que esses valores sagrados deviam ser exclusivamente os da defesa da Pátria e com o passar do tempo e sob influência do partido no poder, transformaram-se em defesa de uma parcela da Pátria, não da Pátria no seu todo, no que ela tem de mais sagrado, a sua unidade. Dessa deriva causada pelos principais dirigentes do país resultou uma situação de conflito, agravada por circunstâncias de diversa origem, nomeadamente as que estão ligadas a não observância de compromissos laborais, como, por exemplo, o pagamentos das pensões decorrentes das cotizações da Segurança Social que eles efectuaram durante anos a fio!»

Com estas palavras ficou tudo dito no que toca ao essencial deste desaguisado entre o Executivo e os militares manifestantes. E a primeira coisa que há a descorticar neste tipo de situação resume-se a um questionamento sobre as características das FAA enquanto instituição do Estado: é apartidária ou partidária? Em vésperas de eleições esta é a grande questão que se coloca.

Pelos vistos, por alguns pronunciamentos e posições acirradas em relação a alguns partidos políticos a nítida impressão que colhe é de ela se colocar na maioria das vezes no papel de extensão do MPLA.

O Estado Maior General das FAA (EMGFA), emitiu no dia 16 passado (sábado) um comunicado no qual é dada uma informação que não passa de uma fantasia imaginada pelos seus mentores, pois ao afirmar que a manifestação tinha raízes políticas e a UNITA; o Bloco Democrático e a CASA-CE estavam implicados na sua eclosão, é, nada mais nada menos que uma redonda e pura mentira. Nenhum político ligado à UNITA, ao Bloco Democrático e, ou, à CASA –CE tinham organizado fosse o que fosse.

Porém, esta fantasiosa tirada do EMGFA tinha alguma réstia de colagem com a aparência daquilo que se estava a passar no terreno, pois quem esteve no quartel das transmissões das FAA, isso é verdade, foi o mais simplesmente possível, William Tonet, na qualidade de desmobilizado e em nenhum momento se escondeu. Tanto assim que se apresentou junto do alegado mediador, Bento Kangamba, o qual se encontrava dentro de uma viatura hermeticamente fechada e sob forte escolta de militares da Polícia Militar, da PIR e de guardas da UGP.

Recorde-se ainda que William Tonet foi um dos desmobilizados, que se opôs a que outros momentos de ira, como impedir a audição de Kangamba ou mesmo lhe virassem o carro como se chegou a sugerir. Ninguém dos desmobilizados falou de política, com excepção do mediador que várias vezes evocou o nome do MPLA e do seu presidente.

A omissão deste facto por parte do Estado Maior General das FAA, indicia que esta instituição que deve ser apartidária e independente das tentaçõespartidocratas, considera o MPLA, o único partido político angolano, com legitimidade de fazer política nos quarteis.

Desta forma, as FAA consideram que o MPLA é o Estado e o Estado é o MPLA. Erro que mais cedo ou mais tarde alguém há-de pagar. E o mais certo é vir a ser o pvo de Angola a ter que pagar as despesas, os estragos e as misérias de tão má desgovernação.















POLÍTICA





Povo e democratas devem estar alerta



Regime “comunista” criou jornais gratuitos para “matar” economicamente Folha 8





Segundo parece todos os caminhos vão dar a Roma, é o que se diz, mas isso deve ser na Europa, porque aqui em Angola todos os caminhos vão dar ao “Futungo”, não o local geográfico, mas o luxuoso reduto presidencial que tinha sido designado pelo nome do local em que estava instalado, Futungo.





Silvio Van – Dúnem





No caso vertente consideramos pois que toda a actividade política nacional tem de passar pela Presidência da República e é cada vez mais evidente que em Angola não há democracia nenhuma e que, ao fio do tempo, a noção que tal designação carrega, se esvai cada vez mais.

Nesta fase assaz conturbada da vida política nacional, com o aproximar da campanha eleitoral, temos verificado um endurecimento dos métodos de controlo normalmente praticados pelo Executivo. Todos os sectores de governação estão a ser mobilizados para o combate final, quer dizer, para a vitória final do MPLA na sessão eleitoral de 31 de Agosto próximo.

De notar que os homens mais radicais e agressivos do regime estão a ser mobilizados em detrimento dos que pregam o diálogo e a reconciliação nacional. Querem os nossos leitores um bom exemplo: ao que parece na comunicaçãop social muita coisa estava mal e vai daí, Dos Santos teve de recorrer, mais uma vez, aos serviços de Manuel Rabelais, que depois de ter saído pela porta do cavalo, regressou em grande, muito pela incompetência dos seus detratores e adversários, que não conseguiram sustentar as acusações de uma série de alegadas falcatruas, durante a sua gestão a frente do ministério da Comunicação Social.

Só assim se percebe a sua recente chamada para se ocupar dum organismo importante do ponto de vista da estratégia de JES, a GRECIA.

De realçar é o facto de este lance fazer parte dos que não se podem esconder, muitos outros, em preparação, estão tão bem camuflados que nada se pode dizer por enquanto, embora tudo, mas absolutamente tudo indique que, não que vai haver fraude, mas sim, que já há fraude e estamos em pleno, dentro do tempo da sua execução.

Um desses lances tem a ver com a criação de novos jornais sob tutela do regime JES/MPLA, segundo um projecto que tinha sido gizado sob a batuta de Aldemiro da Conceição, adjuvado pelo nervoso Artur Queirós.

O projecto inicviado em 2010, era criar mais jornais de apoio ao PR, mas as coisas não correram lá muito bem, aconteceu haver uma zanga entre este dueto e o primeiro editor, ou coisa assim, e finalmente o plano de edição teve de ser posto em banho-maria até encontrar uma solução alternativa, que apareceu sob forma de colaboração integrada pela Editora Visão e seus satélites, que são as publicações Chocolate, Carga e People, todas elas controlada a fundo pelo MPLA&Cia.

Como resultado deste esforços para agradar a Sua Excia., e no quadro de enfraquecimento, diabolização e augurado aniquilamento do bissemanário Folha 8, lá se conseguiu criar, numa primeira fase, um jornal gratuito a que se deu o nome de “Jornal Popular”, destinado a sair a público às segundas, quartas e sextas-feiras, controlado pelo director-geral, Alves Fernandes, numa obediência a uma linha editorial já revelada.

Basta ler a capa do primeiro número desta sebenta eleitoralista:«José Eduardo dos Santos é candidato à Presidência da República. Angola agradece».

Ah! Íamos esquecer de abordar dois outros aspectos importantes desta manobra que, seja dito de passagem vai ser paga por você, sim, sim, você, caro leitor, por mim e pela minha família e por todos os angolanos: o “Jornal Popular” é gratuito e já tem um irmãozinho, “Nova Gazeta” .

Angola é uma democracia jovem, dinâmica e em plena consolidação (JES)». Portanto, este MPLA, fica mais uma vez demonstrado é um gigante de pés de barro, pois, pese o poder o controlo de toda a máquina do Estado, não sabe ganhar sem batota e fraude e, neste aspecto, não tem limites quando se trata de atingir os seus fins: pisoteia tudo e todos. 













POLÍTICA





William não é herói

(e eu ralado)







Uma espécie de desespero compulsivo e contagioso apoderou-se de alguns altos dirigentes do MPLA, face aos protestos que têm vindo a se manifestar contra os malefícios causados pelo seu desempenho, que não compensam, nem de perto nem de longe os progressos atinentes ao clima gerado pelo calar das armas desde 2002.





Arlindo Santana





Nessa panóplia variada e avariada de manifestações de irritação, e depois de o deputado João Melo ter esgrimidos argumentos insustentáveis, indignas da sua craveira intelectual que muito respeitamos diga-se de passagem, só para defender a voz do seu mestre, “his master voice” (in english), (isso acabou, João Melo meteu uma surdina no seu entusiasmo partidário), ouvimos toda uma série de enormidades sair da boca de diversos dirigentes ligados ao “EME”, entre as quais temos manifestamente de destacar a última balela de Rui Falcão, ponta de lança e porta-voz do partido no poder, o actual MPLA.

Esse homem tem, e se não tem, gosta imenso de propagar ideias extraordinariamente confusas do que é a realidade política angolana, pois ainda não se deu conta de que o seu partido, ao qual a simples adesão tantas semelhanças tem com a que caracteriza a anuência a uma causa religiosa que parece uma seita, está a dar as últimas e não consegue digerir, manifestamente, a última afronta de que foi alvo nestas derradeiras manifestações de militares desmobilizados em luta pelo cumprimento de promessas feitas pelo governo JES/MPLA e pelo pagamento de regalias legítimas decorrentes das suas funções, uma simples pensão de reforma.

Os referidos militares desmobilizados em 1992 tiveram direito a ouvir muitos discursos lisonjeiros sobre a sua participação na luta pela independência do MPLA e foi-lhes feita a promessa formal de lhes serem pagos 55.000,00 (cinquenta e cinco mil Kwanzas) para cada soldado sem inicialmente lhes ser dada uma explicação convincente de que estes valores acima seriam em tranche única, o que, como reconhecimento da sua entrega em prol da defesa da Pátria (MPLA) durante anos e anos, é simplesmente ridículo e um sem-vergonha, no fundo, um verdadeiro insulto.

Portanto, esses militares, sentindo-se altamente lesados e discriminados, vieram para a rua, clamar a sua indignação e protestar contra o tratamento que lhes era imposto, sendo uma realidade o facto de eles não terem recebido nada, nem um chavo, do que lhes foi sucessivamente prometido durante mais de 7 anos! Vai de si que estas manifestações apresentaram-se aos olhos dos angolanos como mais uma manifestação de repúdio da política do Executivo, que, de resto, carrega toda a responsabilidade do que se está a passar neste caso concreto.

Assim sendo, era necessário criar anticorpos para lutar contra estes ataques atentatórios à boa saúde e reputação do desgastadíssimo regime JES/MPLA. Por isso mesmo é que vieram a público os arautos do regime, a começar pelos órgãos de comunicação social estatais, revezados por outras entidades estatais também.

Primeiro, o Estado-Maior General das FAA (EMGFA), que emitiu no passado dia 16 (sábado), um comunicado no qual foi dada uma informação que não passa de uma fantasia imaginada pelos seus mentores, ao assegurar que a manifestação dos militares desmobilizados tinha raízes políticas e que a UNITA, o Bloco Democrático e a CASA-CE estavam implicados na sua eclosão, enfim, nada mais nada menos que uma redonda e pura mentira. Nenhum político ligado à UNITA, ao Bloco Democrático e, ou, à CASA –CE tinham organizado fosse o que fosse.

Em seguida coube a vez de Rui Falcão vir a público, no dia 20 Junho de 2012, dar um magnífico exemplo difamação “Emepelada” ao fórceps, numa enorme preocupação de criar confusão em torno de uma personagem que muito incomoda o partido dos camaradas, William Tonet, exactamente, o nosso director geral, que se tem distinguido ultimamente no desenrolar de factos quase surrealistas da desopilante e ao mesmo tempo dramática cena política angolana.

A mensagem vinha em linha directa do Secretariado do Bureau Político do MPLA (BP) e Falcão apenas a deu a conhecer a toda Angola e à opinião pública internacional, no dia 20 de Junho, que o cidadão William Tonet (WT) "nunca pertenceu ao movimento guerrilheiro, dirigido pelo MPLA, no período de luta pela independência nacional de Angola".

Bom, esta tirada maldosa não passa de uma simples tautologia, quer dizer uma verdade de La Palisse, ou ainda uma revelação do género, a água da chuva molha, ou ainda os burros não são cavalos, isto porque WT tinha uns 14 ou 15 anos ao tempo do congresso de Lusaka em 1974!

Sai daqui a pergunta: por que raio de cargas de água o BP do MPLA sentiu necessidade de anunciar ao povo angolano e à comunidade internacional que WT não participou na luta pela libertação de Angola, “ed cetera e tal”, quando isso é mais que sabido e não precisa ser dito pelo próprio interessado, mas pelos factos e muitos protagonistas? O Falcão não participou, pois não? E depois? Onde está a nódoa? Não pode ser da estrutura do MPLA ou quando for corrido vão apagar o seu nome, também?

Enfim, como se pode inferir desta baixeza de espírito, o objectivo do MPLA é atingir a imagem do homem, William Tonet, que recentemente foi anunciado como cabeça de lista da CASA-CE para Luanda.

Mas temos ainda pior que esta marmelada mal cozida.

Alguns membros do BP do MPLA, porque não acreditamos que todos estivessem de acordo, dada a fútil faceta desta revelação gratuita, ridícula e venenosa, estende-se em seguida num pantanal de argumentos apresentados como justificação da sua mediocridade.

A razão?... A razão invocada para justificar esta bacorada é uma obra-prima infanto-juvenil de asneirada, até dá vontade de rir, pois, segundo o BP, «o cidadão em referência, (WT) "continua a mentir, de forma reiterada e com fins inconfessos, sobre a sua pretensa participação na luta de libertação nacional, para agitar pacatos cidadãos, contra as instituições do Estado Democrático de Direito".

Ah ah ah ah!!...

Peço desculpa, mas o ataque de riso não foi possível evitar ao ler esta enormidade. Então se WT nasceu quando a guerra de libertação da Pátria já tinha começado e pouco mais que púbere era quando ela acabou, francamente, se for verdade o que o BP avança para denegrir o nosso director, se ele andar por aí a dizer que foi guerrilheiro e se assume como herói, Santa Engrácia, ele é pura e simplesmente atrasado mental, o que me parece, no mínimo absurdo. Atrasado mental de certeza que não é

Mas, outra pergunta se impõe: como é possível que um areópago de sábios (o BP do MPLA) se pode equivocar ao ponto de medrar argumentações próprias de mentecaptos?

Não é tudo. Os pecado de WT são de facto horríveis, quase mortais.

O BP diz que o director do Folha 8 "Nem (sequer) integrou qualquer estrutura ou força governamental, que se tivesse envolvido, directamente, na luta pela preservação da independência ou pela defesa da integridade do solo pátrio".

E então as suas funções enquanto delegado da TPA em Benguela ou ainda a sua condição de primeiro mediador do processo de paz em Angola, quando em 1991, juntou na mesma mesa generais do MPLA/FAPLA e da UNITA/FALA, para assinarem um acordo de cessar-fogo em 19 de Maio de 1991.

Bom, acho que vamos ficar por aqui. Para não cairmos na mediocridade com que o anúncio de Rui Falcão nos contemplou. Questão de não achincalhar um partido que nos merece todo o respeito, em despeito da sofrível cota do Q.I. patenteada neste ridículo opúsculo que só desacredita o próprio MPLA, como partido no poder.









POLÍTICA



Chivuku exigiu e Dos Santos

passou reforma general Miau



Ngola Teka



O líder da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, exigiu no dia 21.06 que o Presidente José Eduardo dos Santos deferi-se a passagem à reforma do seu candidato a vice-presidente da República nas eleições de 31 de Agosto, almirante André Gaspar Mendes de Carvalho, que havia apresentado no passado dia 05 o pedido de passagem à reforma, e José Eduardo dos Santos, na qualidade de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), ainda não havia deferido o pedido.    "Há vários militares que constam da lista de candidatura do partido no poder e, ao que consta, não é sabido que tenham passado à reforma ou reserva. Desafiamos o Governo e o Comandante-em-Chefe das FAA a apresentar publicamente os documentos legais de passagem à reforma, nos anos em que o fizeram, de todos aqueles que estão hoje nas listas do partido no poder, porque muitos eles foram exercendo até cargos político-partidários", denunciou Abel, no dia 21.06, em conferência de imprensa.

E atento ao clima que paira no ar, José Eduardo dos Santos, como forma de não alimentar uma polémica desnecessária e sem respaldo legal, assinou, no 22.06, na qualidade de comandante em chefe das FAA, a passagem a reforma do Almirante André Gaspar Mendes de Carvalho, pondo assim um fim a um assunto que tendia a desembocar em mais uma polémica.  

Para o líder da CASA-CE, o Presidente da República, agiu com ponderação e sentido de Estado, pois não tinha outra possibilidade, porque a “lei tem que servir para todos de igual forma e Dos Santos na sua qualidade de chefe do Estado tem de ser o primeiro a cumprir a lei e não a violá-la. Neste caso, depois de vários dias de suspense, actuou como uma pessoa de bem e cumpridor da lei, no caso a constitucional e militar", vincou.

Agora, Gaspar Miau tem as portas abertas para se lançar de corpo e alma na campanha política, em nome da cidadania, defendendo os ideais da CASA – CE, possibilitando que o Tribunal Constitucional, em relação a sua candidatura não coloque mais reticências.

Por outro lado, o país está na expectativa para ouvir e conhecer a veia política deste ex-homem de armas, que vai abraçar a vida partidária.



“Governo deve resolver assunto

dos desmobilizados”



O líder da CASA CE solicitou ainda, no dia 21, a próposito da manifestação protagonizada no dia 20.06 em Luanda por ex-militares, dispersada pela polícia a tiros para o ar e com recurso a granadas de gás lacrimogénio, que o governo resolva a situação de forma pacífica e não pela via da força, que pode instigar a uma situação incontrolável,  reprovando a "resposta violenta" e o "uso desproporcional de meios bélicos" das autoridades contra o que classificou como "iniciativa pacífica. Essas atitudes apenas agravam os níveis de frustração e potenciam o transbordar de sentimentos de indignação e rejeição", defendeu.

Abel Chivukuvuku reafirmou, por outro lado, críticas anteriormente formuladas contra o que considera ser a "falta de equilíbrio" da imprensa estatal na cobertura de iniciativas da oposição. "Os jornalistas não têm culpa. É o regime que impõe as normas e não permite que a voz daqueles que têm opinião diferente possa passar nos órgãos de Comunicação Social do Estado", afirmou, acrescentou ser por estas razões discriminatórias e anti-democráticas que os cidadãos devem dar um cartão vermelho ao MPLA em Agosto de 2012, como forma de impedirmos a continuação do sofrimento geral e a corrupção de alguns poucos.


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