Cinema português viaja até ao Rio de Janeiro e São Paulo
A Mostra de Cinema Português Contemporâneo da Caixa Cultural começa amanhã no Rio de Janeiro e depois seguirá para São Paulo. O Portugal Digital falou com José Barahona, um dos cineastas portugueses que virão ao Brasil apresentar o que de melhor se faz hoje no cinema luso.
Brasília - Serão duas semanas de destaque para o cinema português no Brasil. E uma oportunidade única para o público brasileiro do Rio de Janeiro e de São Paulo conhecer de perto o trabalho de mais de uma dezena de realizadores portugueses. Alguns deles estarão no Brasil, durante a Mostra de Cinema Português Contemporâneo, promovida pela Caixa Cultural e realizada pela Refinaria Filmes.
José Barahona, de 43 anos, é um dos convidados da mostra, e apresentará o filme "O manuscrito perdido", com exibição no Rio de Janeiro na próxima quinta-feira, 28 de junho, e em São Paulo no dia 5 de julho. Rodado na Bahia e no Rio de Janeiro, o filme é uma coprodução luso-brasileira.
O realizador português está otimista quanto à cooperação cinematográfica entre os dois países. "Uma vez que os filmes possam ter uma exibição comercial mais regular aqui, os produtores e financiadores de cinema no Brasil terão automaticamente mais interesse em estabelecer mais coproduções através das leis de incentivo fiscal. Julgo que é um caminho integrado, entre a divulgação, exibição e coprodução entre países de língua portuguesa", disse José Barahona em entrevista ao Portugal Digital.
A Mostra de Cinema Português Contemporâneo começa esta terça-feira, 26, no Rio de Janeiro, onde ficará até 1 de julho, na Caixa Cultural do Rio. Depois as instalações da Caixa Cultural em São Paulo receberão o certame, de 3 a 8 de julho.
Pelo Rio de Janeiro e São Paulo passarão Sérgio Tréfaut, José Filipe Costa, José Barahona e Margarida Cardoso, que estarão disponíveis para comentar com a plateia os filmes em apresentação.
"A Mostra de Cinema Português Contemporâneo é um passo importante para a divulgação do cinema português no Brasil. O sucesso só pode ser atingido se se conseguir uma distribuição comercial abrangente e constante, ou seja, habituar o público brasileiro que nas salas do país podem conviver outras cinematografias como a portuguesa", nota José Barahona.
"Depois com certeza que há filmes que farão mais sucesso e outros menos, mas isso depende de muitos factores, não só inerentes ao cinema português, mas aos filmes em si. É preciso criar um público e isso passa por estas duas vertentes. A divulgação em festivais e mostras e a exibição comercial. A televisão também pode ter aí um papel importante na divulgação e criação de públicos", acrescenta o cineasta português.
A mostra no Rio e em São Paulo acontece num momento de grande destaque internacional para o cinema português, como comprovam as distinções recebidas em vários festivais pelos jovens realizadores Miguel Gomes e João Salaviza. Mas ao cinema luso também é apontada, por vezes, a estreita relação com os subsídios do Estado.
José Barahona diz que a ideia de que o cinema português vive de subsídios estatais "é um mito". "O dinheiro que financia os filmes portugueses provém de uma taxa aplicada à publicidade. Esse dinheiro é canalizado através de um órgão estatal da Secretaria de estado da Cultura, o ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual), para a produção, distribuição e exibição de cinema em Portugal. Neste momento, devido à crise económica e à falência desse sistema de financiamento, assistimos a uma paralisação de quase 100% no financiamento do cinema em Portugal", explica o realizador.
Barahona espera que a nova lei que está prestes a ser aprovada possa desbloquear a situação. "De qualquer forma essas novas formas de financiamento previstas na nova lei continuam a não vir de dinheiros estatais, mas sim de novas taxas aplicadas principalmente aos canais de televisão por cabo, que é afinal de contas quem mais lucra com o mercado audiovisual", sublinha.
Porém, mesmo quando é o Estado que subsidia o cinema isso não é necessariamente negativo. "É preciso dizer que o financiamento do cinema um pouco por toda a Europa vem de subsídios estatais, ao contrario do que acontece em Portugal. Isso não é uma condenação, mas sim o reconhecimento que o cinema é fundamental para a afirmação cultural de um povo, é um dos espelhos fundamentais da sua identidade", conclui José Barahona.
Mais informações sobre a Mostra de Cinema Português Contemporâneo podem ser obtidas no site da Caixa Cultural.
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