BRASIL
Leya é visada em artigo da Época sob o título "Uma história da esperteza editorial"
O relançamento de "História da literatura ocidental", de Otto Maria Carpeaux, pela editora Leya, é uma cópia fiel da edição feita pelo Senado.
Da Redação
Brasília - A revista Época publica na sua última edição uma reportagem assinada pelo jornalista Murilo Ramos, sob o título "Uma história da esperteza editorial", a propósito do relançamento de "História da literatura ocidental", de Otto Maria Carpeaux, pela editora Leya. De acordo com a Época, a edição do grupo português é uma cópia fiel da edição feita pelo Senado brasileiro.
O projeto gráfico dos livros de Carpeaux editados pelo Senado foi feito pelo publicitário Achilles Milan Neto. Segundo a Época, "ele se declarou surpreso com a reprodução de seu projeto gráfico na nova edição do livro de Carpeaux e disse que consultará advogados para saber se terá direito a receber parte dos recursos obtidos com as vendas realizadas pela Leya".
O jornalista Murilo Ramos questiona se "a Leya teria feito, então, um plágio descarado da edição do Senado?", para dizer: "O problema não pode ser resumido assim".
"A editora portuguesa fez questão de dar os créditos do projeto gráfico do miolo do livro a Milan Neto (mesmo sem seu conhecimento), de registrar um agradecimento ao Senado pela “cessão dos direitos da obra” e de atribuir a edição ao vice-presidente do Conselho Editorial do Senado, Joaquim Campelo Marques". "O próprio diretor editorial da Leya, Pascoal Soto, reconhece que houve uma cópia da edição do Senado." “Reproduzi a edição que ele (Campelo) fez. É igual. O Campelo me autorizou a fazer do jeito que eu fiz e estou orgulhoso disso”, disse Soto à revista Época.
Segundo o diretor editorial da LeYa no Brasil, citado pela revista, “o Senado não cedeu nada. Tenho a edição impressa. Temos recursos para reproduzir. Digitamos e reproduzimos tal como foi feito pelo Senado”.
Mas, de acordo com a revista Época, "essa é uma versão considerada pouco verossímil pelos conhecedores dos meandros das impressões gráficas".
A revista relaciona o relançamento da obra de Otto Maria Carpeaux à "proximidade da Leya com o presidente do Senado e do Conselho Editorial, José Sarney, e o vice-presidente do Conselho [Editorial do Senado], Joaquim Campelo".
A Época refere, a este propósito, que"a biografia autorizada de Sarney, escrita pela jornalista Regina Echeverria, que traça um retrato simpático do político do Maranhão, foi publicada pela Leya" e que "Sarney também entregou à editora seu livro de memórias, que deverá ser publicada no segundo semestre deste ano". "A Leya, segundo confirmou Pascoal Soto, também examina a possibilidade de publicar um dicionário de autoria de Campelo".
A suspeita de que a Leya foi favorecida, segundo a Época, é reforçada porque havia editoras concorrentes interessadas na reedição da obra de Carpeaux. Já Sarney e Campelo, "defendem-se e dizem que não houve nem favorecimento à Leya nem cessão de direitos de História da literatura ocidental, uma vez que se trata de uma obra de domínio público", diz a revista.
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