terça-feira, 10 de janeiro de 2012

BRASIL critica editora Leya


África 21 - DF
África 21 - DF
09/01/2012 - 15:30
BRASIL

Leya é visada em artigo da Época sob o título "Uma história da esperteza editorial"

O relançamento de "História da literatura ocidental", de Otto Maria Carpeaux, pela editora Leya, é uma cópia fiel da edição feita pelo Senado.
Da Redação
 
Brasília - A revista Época publica na sua última edição uma reportagem assinada pelo jornalista Murilo Ramos, sob o título "Uma história da esperteza editorial", a propósito do relançamento de "História da literatura ocidental", de Otto Maria Carpeaux, pela editora Leya. De acordo com a Época, a edição do grupo português é uma cópia fiel da edição feita pelo Senado brasileiro.

obra de Carpeaux, "uma preciosidade de fôlego enciclopédico, sem similares no mundo", só tinha tido três edições: uma em 1959 (Edições O Cruzeiro); outra em 1978 (Editorial Alhambra), revisada e atualizada pelo próprio Carpeaux; e a terceira em 2008 (editora do Senado).

No fim de 2010, História da literatura ocidental foi relançada pela editora Leya em quatro volumes, sendo vendidos ao preço de R$ 179,90 exclusivamente nas lojas da rede da Livraria Cultura (que coassina a edição).

"À exceção da capa, contracapa e das páginas iniciais, a edição da Leya (uma editoracomercial de origem portuguesa) é uma cópia fiel da edição do Senado. Ela só foi possível graças a uma daquelas ações financiadas em parte com dinheiro público, bem típicas de certas rodinhas do mundo cultural", lê-se no artigo publicado pela Época.

"A cópia feita pela Leya é tão flagrante que até detalhes do projeto gráfico criado para os livros publicados pela editora do Senado são reproduzidos na nova edição. Uma das marcas características da coleção de livros do Senado é um pontilhado nas capas e no alto das páginas. A edição recente de História da literatura ocidental da Leya reproduz o mesmo pontilhado em suas páginas", aponta a revista.

O projeto gráfico dos livros de Carpeaux editados pelo Senado foi feito pelo publicitário Achilles Milan Neto. Segundo a Época, "ele se declarou surpreso com a reprodução de seu projeto gráfico na nova edição do livro de Carpeaux e disse que consultará advogados para saber se terá direito a receber parte dos recursos obtidos com as vendas realizadas pela Leya".

O jornalista Murilo Ramos questiona se "a Leya teria feito, então, um plágio descarado da edição do Senado?", para dizer: "O problema não pode ser resumido assim".

"A editora portuguesa fez questão de dar os créditos do projeto gráfico do miolo do livro a Milan Neto (mesmo sem seu conhecimento), de registrar um agradecimento ao Senado pela “cessão dos direitos da obra” e de atribuir a edição ao vice-presidente do Conselho Editorial do Senado, Joaquim Campelo Marques". "O próprio diretor editorial da Leya, Pascoal Soto, reconhece que houve uma cópia da edição do Senado." “Reproduzi a edição que ele (Campelo) fez. É igual. O Campelo me autorizou a fazer do jeito que eu fiz e estou orgulhoso disso”, disse Soto à revista Época.

Segundo o diretor editorial da LeYa no Brasil, citado pela revista, “o Senado não cedeu nada. Tenho a edição impressa. Temos recursos para reproduzir. Digitamos e reproduzimos tal como foi feito pelo Senado”.

Mas, de acordo com a revista Época, "essa é uma versão considerada pouco verossímil pelos conhecedores dos meandros das impressões gráficas".

A revista relaciona o relançamento da obra de Otto Maria Carpeaux à "proximidade da Leya com o presidente do Senado e do Conselho Editorial, José Sarney, e o vice-presidente do Conselho [Editorial do Senado], Joaquim Campelo".

A Época refere, a este propósito, que"a biografia autorizada de Sarney, escrita pela jornalista Regina Echeverria, que traça um retrato simpático do político do Maranhão, foi publicada pela Leya" e que "Sarney também entregou à editora seu livro de memórias, que deverá ser publicada no segundo semestre deste ano". "A Leya, segundo confirmou Pascoal Soto, também examina a possibilidade de publicar um dicionário de autoria de Campelo".

A suspeita de que a Leya foi favorecida, segundo a Época, é reforçada porque havia editoras concorrentes interessadas na reedição da obra de Carpeaux. Já Sarney e Campelo, "defendem-se e dizem que não houve nem favorecimento à Leya nem cessão de direitos de História da literatura ocidental, uma vez que se trata de uma obra de domínio público", diz a revista.

Sem comentários:

Enviar um comentário