terça-feira, 5 de junho de 2012

a disquete gravava na ferrugem...

SABIA QUE A DISQUETE GARDAVA OS DADOS EM FERRUGEM?

Um possante estalido seco, uma sequência de taque-taques ritmados e um longo e culminante arranhar metálico davam o mote sinfónico para o início do dia de trabalho em milhões de escritórios, gabinetes e cubículos de meados dos anos 80. Nesta época de revolução informática, o computador pessoal era rei, mas o seu despertar diário não se fazia sem a pequena e fiel disquete. LER COM VONTADE DE FERRO Por norma, quando desligamos um computador, o código que executa as suas funções principais desaparece. O arranque do aparelho ao voltar a ser ligado não é mais do que o processo de recarregamento deste código. Na década de 60, este processo era demasiado moroso para a IBM. A inicialização de código nas suas enormes máquinas S/370 era levada a cabo através de cassetes magnéticas, grandes, pesadas e de leitura lenta. Em 1967, Alan Shugart, responsável pela secção de produtos de armazenamento de dados, ficou a cargo da idealização e desenvolvimento de um novo sistema mais rápido, leve e eficaz. Shugart delegou o projecto em David Noble, engenheiro-chefe do laboratório, que, após diversas experiências, apresentou um desenho inovador. O novo formato não usaria a habitual tira de fita sequencial das cassetes, mas sim um pequeno disco de anéis concêntricos aos quais as cabeças de leitura teriam acesso livre e praticamente instantâneo para descodificar o conteúdo gravado. Tal como na cassete, esta descodificação seria possível através de partículas de óxido de ferro magnetizadas em padrões na superfície da película. Por outras palavras, a ideia era basicamente criar um super-gira-discos que lesse ferrugem a grande velocidade. O DISCO DO FUTURO É QUADRADO Um ano depois, a IBM preparava o anúncio público do seu novo e revolucionário "disco de memória", mais leve do que uma caneta e capaz de carregar até 81,6 KB de dados, o equivalente a cerca de 3000 cartões perfurados ou 50 páginas A4... com uma taxa de erros elevadíssima devido ao pó que se acumulava na película magnética. A equipa de Shugart rapidamente criou um invólucro quadrangular de plástico e tecido para resguardar a delicada superfície do disco, um conceito que se mantém ainda hoje. Felizmente, o tamanho desmesurado do disco não se manteve. De 8 polegadas de diâmetro, passou a 5,25 polegadas em 1976, fixando-se, seis anos mais tarde, nas 3,5 polegadas propostas pela Sony, formato que vingaria na década seguinte. Mas não foi fácil - a indústria só adoptou este modelo quando a Apple escolheu a solução da multinacional japonesa para equipar o seu afamado Macintosh. Poucos anos depois, a própria IBM já integrava este tipo de disquete em todos os seus PC. "PLEASE INSERT DISK 23 IN ANY DRIVE" Apesar do aumento de capacidade da disquete com o passar dos anos, cada vez mais jogos e aplicações ultrapassavam o espaço máximo de armazenamento. A presença de unidades de leitura externas era frequente nos anos 90, mas pouco faria prever as 15 disquetes de jogos como Beneath a Steel Sky para o Commodore Amiga ou as 45 para a instalação do Office 97. Os pulsos doridos dos utilizadores clamavam por mais espaço. Esperança vã. A comum disquete de alta densidade não passou dos habituais 1,44 MB, se bem que algumas variantes, como as Zip e LS-120, tentassem popularizar capacidades de mais de 100 MB. A Internet de banda larga, os cartuchos de memória USB e a fortíssima redução no preço dos CD graváveis depressa anularam este último sopro de vida, um destino impiedosamente selado pela Apple ao lançar em 1998 o iMac, o primeiro computador de massas sem leitor de disquetes. Hoje, a disquete vive o seu crepúsculo, mas deixou-nos um legado que nos acompanha todos os dias - o ícone da disquete, no qual clicamos sempre que guardamos documentos numa aplicação informática. E que tal transformar este símbolo de armazenamento digital em armazenamento físico portátil?

Sem comentários:

Enviar um comentário