terça-feira, 5 de junho de 2012

DO HÍFEN E OUTRAS REGRAS

IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS

Desde o princípio da vigência das mudanças introduzidas na ortografia da língua portuguesa, passei por diferentes fontes de consulta, para poder instrumentar a minha escrita, já que, como tradutor, passo o dia inteiro nesta atividade.

Descobri que todas elas pecam nalguns aspectos. Descartei as demais e fiquei com o Guia Prático da Nova Ortografia, elaborado pela editora Melhoramentos, no qual vou anotando aquelas informações que lhe faltam, além de exemplos de palavras e até mesmo frases com aplicação das novas regras.

Ademais, tenho o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, mais conhecido como VOLP, à mão, em caso de dúvida.

Permito-me discordar do documento expedido pelo ILTEC - Instituto de Linguística Teórica e Computacional, em vários aspectos:

1º) O prefixo sub aglutina-se ao elemento seguinte em quase todas as situações. A exceção é quando o segundo elemento começa com R ou B.

O Acordo Ortográfico peca nesta regra, mencionada em sua Base XVI, ao colocar o sub na lista geral dos prefixos, quando ele mereceria uma regra à parte, ao lado doutros prefixos terminados em B e D (ab-, ob-, sob- e ad-), mui frequente nos chamados cultismos.

Então, em todas essas situações, usa-se obrigatoriamente o hífen. Exemplos: ab-renal, ad-rogar, sub-reitor, sub-base, sub-rogar, sub-barrocal.

Há uma exceção: ab-rupto/abrupto.

2º) Pré- e pró- igualmente representam um caso particular.

Conheço um manual que apresenta uma regra para isso, a qual complica mais do que ajuda: ‘quando a pronúncia for fechada (pos, pre e pro), liga-se sem hífen ao outro termo: preencher, posposto. Exceções: preaquecer, predeterminado, preestabelecer’. Ocorre que em muitas regiões do Brasil, nomeadamente em estados das regiões Norte e Nordeste, existe a pronúncia da pré-tônica não registrada noutras latitudes, como no caso de PERnambuco, palavra que se pronuncia alhures paroxitonamente, com uma única sílaba tônica. Nessas regiões, porém, há essa diferença. Sendo assim, tal manual não prevê a existência desse contingente que forçosamente deveria escrever certo grupo de palavras com hífen, sendo que aqueles que as pronunciam diferentemente não colocariam esse sinal gráfico. Como chegar a um consenso? Haveria duas grafias para esse grupo de palavras, dentro do mesmo Brasil?

Tenho aqui em minhas anotações uma lista de palavras portuguesas nas quais ocorrem esses prefixos, habitualmente pronunciadas com o som aberto, mas escritas sem hífen e, portanto, sem acento gráfico:

a) Condições preestabelecidas

b) Fatos preexistentes

c) Minuciosamente predeterminado

d) Termos predefinidos.

Da tão mencionada Base XVI do AO, consta o seguinte:

‘f) Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/ pós-tônico (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).'

3º) O prefixo bem demanda o uso do hífen, mas há exceções: benfazejo, benfeitor, benquisto e benquerença e alguns outros.

O advérbio não, a exemplo do que ocorre com quase, anteposto a substantivo, adjetivo e particípio, já não se liga a esses elementos com hífen. No VOLP, não há exemplo algum desse emprego, exceto quando se trata de espécie vegetal, como ‘não-me-toques’, porém, ‘veio falar comigo cheia de não me toques’. Destarte:

Acordo de não agressão.

Isto é um quase delito.

Saudações,

Isac Nunes

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