sábado, 9 de junho de 2012

o português como língua científica

Garcia de Orta nasceu em 1501 em Castelo de Vide. Morreu em 1568 com 67 anos em Goa,na Índia
Na dedicatória dos "Colóquios dos simples e drogas e cousas medicinais" (1563), ao Vice-Rei da Índia, escreve Garcia de Orta:
(...) bem pudera eu compor este tratado em latim, como o tinha muitos anos antes composto, e fora a vossa senhoria mais aprazível pois o entendeis melhor que a materna língua, mas traladei em português por ser mais geral, e porque sei que todos os que nestas indianas regiões habitam sabendo a quem vai intitulado folgarão de o ler.
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‎"Se, avançando no sentido da dominação da técnica que determina tudo, temos a informação pela forma mais alta da língua por causa da sua univocidade, da sua segurança e da sua rapidez na comunicação

O português como língua de cultura científica

O português como língua de cultura científica

"Se, avançando no sentido da dominação da técnica que determina tudo, temos a informação pela forma mais alta da língua por causa da sua univocidade, da sua segurança e da sua rapidez na comunicação de informação e de directivas, então o resultado é a concepção correspondente do ser-homem e da vida humana"*

O problema da cultura europeia do futuro não está por certo no triunfo do poliglotismo total (quem soubesse falar todas as línguas seria como Funes o Memorioso de Borges, com infinitas imagens a ocupar-lhe o espírito), mas numa comunidade de pessoas capazes de colherem o espírito, o perfume, a atmosfera de uma língua diferente. Uma Europa de poliglotas não é uma Europa de pessoas falando correctamente múltiplas línguas, mas, no melhor dos casos, uma Europa de pessoas capazes de se encontrar falando cada uma delas a sua própria língua e compreendendo a da outra pessoa, sem a saber falar com fluência, pelo que, entendendo-se assim, ainda que com esforço, entenderão o “génio”, o universo cultural que cada uma delas expressa ao falar a língua dos seus antepassados.

Umberto Eco, La Riccerca della Lingua Perfetta, Op. cit., p. 324/5.

Garcia de Orta nasceu em 1501 em Castelo de Vide. Morreu em 1568  com 67 anos em Goa,na  Índia
Na dedicatória dos "Colóquios dos simples e drogas e cousas medicinais" (1563), ao Vice-Rei da Índia, escreve Garcia de Orta:
(...) bem pudera eu compor este tratado em latim, como o tinha muitos anos antes composto, e fora a vossa senhoria mais aprazível pois o entendeis melhor que a materna língua, mas traladei em português por ser mais geral, e porque sei que todos os que nestas indianas regiões habitam sabendo a quem vai intitulado folgarão de o ler.

Na primeira edição, publicada em Goa, há um poema de Camões a exaltar a coragem e inovação da obra (3 páginas) e que é igualmente dirigido ao Vice-Rei.

 Bento de Espinoza, também Benedito Espinoza (24 de novembro de 1632,Amsterdão — 21 de fevereiro de 1677, Haia).
Foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.
Sobre a nacionalidade deste filósofo, dizem M. L. R. Ferreira, D, P. Aurélio e O. Feron em "Spinoza. Ser e Agir" (edição do CFUL, 2011): "Sendo, como se sabe, o Alentejo o berço mais provável da família de Spinoza..." ("Apresentação", p. 9)
Espinosa foi condenado em português, pela Sinagoga de Amsterdão no dia 27 de julho de 1656.
No verão de 1656, a Sinagoga Portuguesa de Amsterdão o puniu com o Chérem, equivalente à Excomunhão, pelos seus postulados a respeito de Deus em sua obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a Bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus. Ler mais

João Curvo Semedo (Monforte, distrito de Portalegre, 1 de Dezembro de 1635; Lisboa, 26 de Novembro de 1719).
João Curvo Semedo é o mais culto médico portugês do seu tempo.
Prólogo das Observações Médicas doutrinais de Casos gravíssimos, publicada em 1707 e em que o autor se justifica de escrever em português.
PROLOGO AO LEYTOR
Considero a tua admração, & a tua queixa ao abrires este livro: não me esqueço de que varias vezes te prometi humas Observações Lusitanico-latinas, & agora tas proponho só Portuguezas. Deves advertir ha humas enfermidades de tão má constituição que com os remedios genuinos, & innocentissimos se peyoraõ; & neste caso deve o Medico prudente evitar tanto estes remedios, como attender à mesma enfermidade. Sey que ouve grande variedade de pareceres sobre o ser a minha Polyanthea escrita em lingua Portugueza; louvando-o huns, porque só assim se aprovetariaõ todos, que he, & deve ser o principal intento de semelhantes livros; vituperando-o outros, porque era humilhar, & desluzir hua sciencia taõ nobre como a Medicina. Para concordar estes pareceres taõ encontrados, me determinava a ajuntar em hum só tomo estas Observações em ambas as linguas; mas depois de feitas, & revistas, reconheci que o remedio era peyor que a doença; porque querendo contentar a algus, desagradava a todos; aos que sabem a lingua latina, obrigando-os a comprar desnecessariamente meyo livro na lingua Portugueza; & aos que naõ sabem mais que a Portugueza, constrangendo-os a ter meyo livro na lingua latina que naõ entendem. Esta consideraçaõ me desobrigou de cumprir a minha promessa, porque me pareceo mais acertado dividir a obra em dous tomos distinctos; para que sem detrimento escolhesses a de que gostasses: se ainda assim tiveres que estranhar, entenderei que he incuravel a enfermidade do teu fastio etc. Deos te guarde.

Leibniz (1 de julho de 1646 — Hanôver, 14 de novembro de1716)
Em carta a Jean-Paul Bignon, de 26 de Janeiro de 1694, diz:
No que diz respeito à origem e harmonia de algumas línguas, eu pensara nisso de tempos a tempos, quando me apercebera de que as línguas são os mais antigos monumentos do género humano e que melhor servem para conhecer a origem dos povos.


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