Distúrbios resultam de "atitude irresponsável" do CNRT - Mari Alkatiri
16 de Julho de 2012, 15:29
Macau, China, 16 jul (Lusa) - Os distúrbios em Timor-Leste praticados por alegados membros da Fretilin "não são feitos em nome" do partido, são "consequência de uma atitude irresponsável do CNRT e de alguns dos seus membros", afirmou hoje à agência Lusa Mari Alkatiri.
Segundo o secretário-geral da Fretilin, "os atos criminosos não têm nada a ver com a organização. A qualidade das pessoas é uma coisa, os atos das pessoas são outra coisa", disse o mesmo responsável, ao salientar que ninguém pratica distúrbios em nome da Fretilin.
Num contacto telefónico feito pela Lusa a partir de Macau, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, salientou, contudo, que a reação das pessoas é uma resposta à "atitude irresponsável do partido CNRT e dos seus membros".
"Utilizaram os canais oficiais para fazerem uma conferência em direto e fazerem quase um julgamento público à Fretilin", disse Mari Alkatiri, ao sublinhar que publicamente os membros do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) acusam a Fretilin de "não contribuir para a paz e outras coisas".
"Isto é um ato irresponsável que teve lugar numa conferência do partido" e que depois gerou "reações espontâneas de pessoas e não da organização", assinalou.
Mari Alkatiri disse também ter já falado com o Presidente da República, Taur Matan Ruak, e com um colaborador do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, "apelando a que assumam uma postura que acalme as pessoas".
Com lugar garantido na oposição depois do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense ter decidido convidar o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar um Governo maioritário, Mari Alkatiri garante "respeitar totalmente o resultado eleitoral", mas diz que a oposição do país nunca passou de cosmética.
"Eles dizem que querem uma oposição forte, mas é cosmética, porque o Governo nos últimos cinco anos nunca respeitou a oposição", concluiu.
ARA/JCS.
Lusa/Fim
Segunda-feira, 16 de Julho de 2012
OS INFANTILMENTE PREVISIVEIS ADVERSÁRIOS DE XANANA GUSMÃO
António Veríssimo
No ponto geográfico onde o sol se põe, naquilo a que chamam ocidente, creio que todos adormecemos julgando que os distúrbios ocorridos ontem em Timor-Leste estavam dominados e que nesta manhã daquela país tudo acordaria com a ressaca de uma tarde-noite violenta mas em paz. Assim parece não estar a acontecer.
Poderei afirmar que estou quase virgem sobre as notícias ou emails que hoje me põe a par da situação em Díli e noutras localidades onde existiram e existem confrontos violentos. Bastou-me ler que já se regista um morto para ficar com o dia estragado, com a tristeza e a revolta que muitos de nós, pacifistas e democráticos amantes de Timor-Leste, sempre experimentamos quando a violência estala no país.
Em tempos idos era a ansiedade e tristeza coladas à impotência que morava connosco até no subconsciente por via das atrocidades das forças ocupantes indonésias. Agora, e de há tempos a esta parte, talvez a tristeza seja maior porque são timorenses os carrascos dos próprios timorenses. Para mim e para muitos de nós não importam as suas cores partidárias, importa que não está certo e que por não valorizarem a vida comportam-se como as odiosas forças indonésias ocupantes do país durante mais de duas décadas. Irmãos contra irmãos por razões nunca suficientemente justificativas para matarem, esfolarem, incendiarem, ferirem, apedrejarem... Quem se julgam? O que defendem? Quem apoiam? Apoiam o caos, a vossa miséria, e mais nada.
A irracionalidade regressou a Timor-Leste. Atiram-se culpas para este e aquele. Fala-se sobre quem provocou os primeiros "acordes" da violência. Diz-se que foi o CNRT, que foi Xanana. Mas onde está a novidade? Todos sabemos que Xanana Gusmão é mestre em fazer o mal e a caramunha. Em organizar um golpe e convencer de que foram outros que o fizeram, em dividir os timorenses em lorosais e loromonus por lhe convir essa divisão e as ações de violência consequentes, em fazer-se vitima de atentados quando estruturou mais uma boa farsa... E todos caem infantilmente naquilo que Xanana Gusmão semeia: a discordia seguida de violência, de destruições e mortes.
"Caem sempre na esparrela montada por Xanana". disseram-me ontem de Timor-Leste. Desculpem, meus caros adeptos da violência: mas vocês são parvos ou o que são? Depois de quase 10 anos de vivência mais ou menos democrática não há justificação possivel para ter reações como as de ontem e de hoje, pelo que mal li e sei. A violência não serve a ninguém, muito menos à FRETILIN. Não há desculpa para a existência de violência excepto a que seja imprescindivel para nossa defesa, para vossa defesa, para a defesa de qualquer pessoa ou organização fisica e violentamente atacada. E mesmo assim deve ser aplicada com conta, peso e medida. Preferêncialmente com todo o respeito que devemos ao direito à vida animal e humana.
A violência prossegue em Timor-Leste. É o que vi de relance. É o que a seguir terei por destino inteirar-me... Basta! Não façam o jogo desse homem malvado e de seus associados, que não olham a meios para atingirem os seus objetivos. Exatamente por fazerem o jogo deles é que Gusmão e os seus andam gordos e anafados e quase todos os outros com fome e a sobreviverem à mingua. Deixem de ser tão infantis, tão primários, tão previsiveis aos olhos dos vossos adversários e inimigos. Respondam-lhe adequadamente no quadro institucional e democrático. Basta! Este é um "déjávu" estéril e cansativo.
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