sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não Precisamos Que Ninguém Nos Salve.

  “Não Precisamos Que Ninguém Nos Salve. Precisamos de Nos Salvar Nós Mesmos” – Reflexão Com Eduardo Lourenço ...Sobre Esta Tribalista Europa



Esta tribalista Europa, que tentou, por várias vezes, em boas ou más vezes e razões, ser una sem nunca o ter conseguido, entre tempos romanos, francos, hispânicos, franceses, britânicos, russos/soviéticos, continua a ser o que sempre foi – uma Europa de tribos.

No sul, ainda foi possível miscigenar essas mesmas tribos, (quando elas “desceram”), com as por aqui presentes,  já que o mar obrigava a estabilizar por aqui, temporariamente que fosse, e facilitava por isso a mestiçagem...mas no norte nada a fazer, cada tribo enquistou, raramente se mestiçou, e se o fez fê-lo limitadamente, (daí o forte predomínio do egoísmo e do individualismo...?).

Eis porque se tem vindo a mostrar ser impossível, ou, pelo menos, especialmente difícil, a criação de um Estado Único para esta Europa tribalista, que sempre colocou a tribo acima de tudo o restante, (até da luta de classes, como Lenine constatou com tristeza...) e, à Direita como à Esquerda, as experiencias federalizantes têm-se tentado fazer acontecer  ou na violência dos campos de batalha, ou no escondido dos gabinetes de porta fechada.

É certo que pouco se tem debatido em volta das experiencias de unificação europeia – desde as ocupações imperiais francesas, às dominâncias económico  imperiais britânicas, ou às unificações comunistas no COMECON – todas falhadas, sendo que a ultima experiencia estourou sem ninguém ter entendido o porquê, com a queda do Muro de Berlim em 1989 e sem que tenha havido muita preocupação em entender tão estranho movimento sociopolítico !

Resposta simplista foi a que então alguns deram, os neo liberais entre eles - a unificação era impossível num contexto totalitário disseram.

Houve, claro, sempre, trânsfugas como Portugal, a Espanha e de certa forma a Holanda e a Grã Bretanha, que procuraram expandir-se fora da Europa, e, até, de certa forma, contra a Europa, (recordo aqui, mais uma vez, as opções africanistas de Norton de Matos), gerando Impérios transcontinentais, alternativos ao domínio de uma Europa tribalista, conflitual, e razoavelmente, no mínimo, elitista e  xenófoba.

E se o Império continental chinês soube unificar-se intramuralhas (e recusou a expansão marítima...), a Europa manteve-se tribal até hoje, com inúmeras guerras intestinas bem brutais, sendo as duas ultimas assumidamente transcontinentais, “Mundiais”.

Fracassada a experiencia soviética, instala-se o Sonho federalizante no contexto da CEE, com o surgimento do Mercado Único, da União Europeia, e as adesões crescentes de países ex comunistas a este projeto.

Ora este Sonho era, evidentemente, para muitos pelo menos, (como para mim),  um Sonho quase impossível por anti americano, já que concorreria a prazo com o expansionismo neo liberal que tem dominado os EUA, (mesmo nos momentos de resistência ao neo liberalismo, como as governações de Clinton, ou de Obama).

Kissinger explicou-o variadíssimas vezes.

Mas era um Sonho quase impossível sobretudo por ser anti tribalista, por se chocar com os interesses e as ideologias dominantes nas tribos dominantes, na França e na Alemanha.

Na verdade, a França ainda é um Estado unitário, (abençoado Napoleão dirão não poucos franceses), mas a Alemanha, tal como a Espanha, ou a Itália, são tudo menos Estados unitários, e a sua atual “grandeza” esvair-se-á num contexto federal  pois os Estados federalizados alemães, ou as Regiões, espanholas, ou as “especificidades” italianas, gerarão, a prazo,  outras aproximações e interligações e afastá-las-ão “do Centro”, seja ele, Berlim, Madrid, ou Roma.

Daí que alguns federalistas tenham procurado “dourar a pilula” com uma abordagem soft ao problema, criando a Moeda Única, e o seu espaço económico e politico especifico, bem antes de pensarem na forma de criarem politicas externas comuns, de defesa comuns, fiscais comuns, orçamentais comuns...

Ora, em consequência,  em cada passo que se dá para a unificação federalizante, vêm de fora os sinais de preocupação e as ambições destrutivas, chamando-se a ultima delas as “agencias de notação”, ou “os mercados”...

Como não me sinto muito “europeu”,  filho Império que sou e que entende que Fernando Pessoa definiu bem esta Pátria, “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”, incomoda-me esta visão xenófoba e imperialista da Alemanha de Merkell, tanto quanto me horripila o racismo neo liberal que inventa termos como “pigs”, para amesquinhar países inteiros, e vou vivendo com séria preocupação esta ingenuidade “europeia” da politica de pequenos passos até ao Federalismo final, pois as tensões que se estão a criar são exponencialmente crescentes e dramáticas.

Sobretudo porque, como abaixo se vê, a Europa tende, generalizadamente ao suicídio, ( e entre ela também Portugal), pois a tendência é, e tem sido há já algumas décadas, para o desaparecimento destas impossíveis de se unirem tribos.

Vejamos inclusivamente que essa Alemanha da senhora Merkell é uma das tendencialmente suicidas mais significativas com uma taxa de natalidade de 8,3 nascimentos por 1000 pessoas!

Por isso certamente, a Alemanha da senhora Merkell não tem qualquer preocupação quanto ao futuro de longo prazo da Europa, poias nem de si tem qualquer preocupação, como se vê pela sua taxa de Natalidade.

Egoisticamente, estas recentes gerações europeias sentem-se atraídas para um abismo suicidário e nada fazem para o travar, quer internamente, quer no plano dessa Europa que dizem desejar!

Esta é a razão central para não concordar com Eduardo Lourenço no seu artigo de hoje que ele denomina de Quo Vadis, Europa?, pois na verdade a Europa caminha aceleradamente para o seu Fim!

E, curiosamente, as resistências a este estado suicidário  na Europa estão, no plano das suas potencias, numa França e numa Grã Bretanha, antigos Impérios não só continentais e onde uma segunda leva de mestiçagem ganhou foros de forte presença desde os anos 80 do século XX e não na Alemanha apesar da forte presença turca neste país há bem mais de 20 anos !

Duvidosamente pois,  poderá vir de uma Alemanha qualquer caminho de sustentabilidade europeia pois este país está, como se vê, em fase terminal!

Isto é, as suas elites deixaram de ter qualquer preocupação com a sua continuidade no longo prazo e, se  deixaram de a ter no plano tribal, como imaginar que é possível o contrário, no plano da sua relação com o conjunto da Europa?

Curiosamente, há que o assumir, o mesmo está a suceder em Portugal como se vê abaixo.

Daí que seja tão fácil este aceitar-se da penalização, do castigo, perante estes últimos anos de “vida fácil”, de “vida de rico”...ou não será?



     

Nome
Taxa de natalidade
(nascimentos/1000 pessoas)


Descrição: Descrição: República da Irlanda: Taxa de natalidade  16.10
Descrição: Descrição: Gibraltar: Taxa de natalidade  14.23
Descrição: Descrição: Islândia: Taxa de natalidade  13.29
Descrição: Descrição: Ilhas Faroé: Taxa de natalidade  12.95
Descrição: Descrição: Reino Unido: Taxa de natalidade  12.29
Descrição: Descrição: França: Taxa de natalidade  12.29
Descrição: Descrição: Albânia: Taxa de natalidade  12.15
Descrição: Descrição: República da Macedônia: Taxa de natalidade  11.87
Descrição: Descrição: Luxemburgo: Taxa de natalidade  11.69
Descrição: Descrição: Ilha de Man: Taxa de natalidade  11.42
Descrição: Descrição: República da Moldávia: Taxa de natalidade  11.16
Descrição: Descrição: Federação Russa: Taxa de natalidade  11.05
Descrição: Descrição: Montenegro: Taxa de natalidade  11.00
Descrição: Descrição: Jersey: Taxa de natalidade  10.90
Descrição: Descrição: Noruega: Taxa de natalidade  10.84
Descrição: Descrição: Espanha: Taxa de natalidade  10.66
Descrição: Descrição: Eslováquia: Taxa de natalidade  10.48
Descrição: Descrição: Estónia: Taxa de natalidade  10.45
Descrição: Descrição: Finlândia: Taxa de natalidade  10.37
Descrição: Descrição: Malta: Taxa de natalidade  10.35
Descrição: Descrição: : Taxa de natalidade  10.34
Descrição: Descrição: Dinamarca: Taxa de natalidade  10.29
Descrição: Descrição: Países Baixos: Taxa de natalidade  10.23
Descrição: Descrição: Suécia: Taxa de natalidade  10.18
Descrição: Descrição: Guernsey: Taxa de natalidade  10.13
Descrição: Descrição: Bélgica: Taxa de natalidade  10.06
Descrição: Descrição: Polônia: Taxa de natalidade  10.01
Descrição: Descrição: Letónia: Taxa de natalidade  9.96
Descrição: Descrição: Portugal: Taxa de natalidade  9.94
Descrição: Descrição: Bielorrússia: Taxa de natalidade  9.76
Descrição: Descrição: Kosovo: Taxa de natalidade  9.70
Descrição: Descrição: Andorra: Taxa de natalidade  9.66
Descrição: Descrição: Liechtenstein: Taxa de natalidade  9.65
Descrição: Descrição: Ucrânia: Taxa de natalidade  9.62
Descrição: Descrição: Hungria: Taxa de natalidade  9.60
Descrição: Descrição: Croácia: Taxa de natalidade  9.60
Descrição: Descrição: Romênia: Taxa de natalidade  9.55
Descrição: Descrição: Suíça: Taxa de natalidade  9.53
Descrição: Descrição: Bulgária: Taxa de natalidade  9.32
Descrição: Descrição: Lituânia: Taxa de natalidade  9.29
Descrição: Descrição: Grécia: Taxa de natalidade  9.21
Descrição: Descrição: Sérvia: Taxa de natalidade  9.19
Descrição: Descrição: Itália: Taxa de natalidade  9.18
Descrição: Descrição: San Marino: Taxa de natalidade  9.02
Descrição: Descrição: Bósnia e Herzegovina: Taxa de natalidade  8.89
Descrição: Descrição: Eslovénia: Taxa de natalidade  8.85
Descrição: Descrição: República Checa: Taxa de natalidade  8.70
Descrição: Descrição: Áustria: Taxa de natalidade  8.67
Descrição: Descrição: Alemanha: Taxa de natalidade  8.30
Descrição: Descrição: Mônaco: Taxa de natalidade  6.94
     




Joffre Justino
(Director Pedagógico)

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E-mail :  jjustino@epar.pt


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