terça-feira, 17 de julho de 2012

boletim fle


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Se a análise dos fracos resultados dos exames Nacionais do ensino secundário for articulada com as elevadas taxas de retenção ao longo do percurso escolar, nomeadamente no 10ª ano e com o elevado abandono escolar precoce, chegamos à conclusão, de que i) existe uma selecção encapotada ao longo do trajecto escolar dos jovens portugueses, e ii) mesmo assim, a "nata" que consegue chegar ao 11º e 12º anos  tem resultados negativos ou medianos.

Como temos alertado, esta selecção silenciosa representa uma gigantesca injustiça social que só acontece porque o nosso sistema cria a falsa ilusão de que existe equidade à entrada. Acredita-se nisso porque todos têm um lugar numa sala de aula, dentro de um sistema único e centralizado que vai promovendo a exclusão dos que nele não  encontram espaço nem oportunidades para se revelarem.  Pelo contrário, quando a qualidade do ensino é avaliada pelo sucesso e pelo trabalho que aproveita o potencial de cada aluno, a equidade é medida à saída do percurso escolar, promovendo-se, por isso, a escolha e diversidade de modelos educativos e deslocando o financiamento público para onde os jovens mais aprendem.

Este grave sintoma é comum a outros sistemas educativos onde a ausência de qualidade e de equidade convivem e é comumente conhecido como "desperdício educativo". Por seu turno, as escolas com elevadas taxas de retenção ou com resultados abaixo do potencial da sua população escolar, são chamadas "Escolas Dispendiosas/ Coasting Schools" (compare-se: em Portugal ainda tendem a ser as escolas "exigentes"!...)

A Escócia diagnosticou e encarou seriamente este problema como um enorme travão à melhoria da qualidade e, consequentemente, da equidade educativa. Em  2010 introduziu instrumentos que possibilitaram às escolas criar valor: num sistema em que existe liberdade de escolha da escola e uma forma de financiamento público selectivo, foi introduzido um currículo com maior flexibilidade que confere plena autonomia às escolas para conceberem o plano individual de cada aluno e descobrirem novas formas de aprendizagem, num compromisso e envolvimento totais entre professores, pais e alunos. As escolas são avaliadas pelo seu progresso nos resultados de aprendizagem, de acordo com a  sua população escolar, através de análises longitudinais que acompanham o percurso de cada aluno. A meta é a excelência de todos... que o aluno se ultrapasse e utilize todo o seu potencial!

Portugal dispõe de dados que permitem diagnosticar quais são as escolas dispendiosas. Combater o desperdício não custa dinheiro mas exige virar as costas a um sistema educativo orientado para o fornecedor. Exige que mudemos e nos orientemos para o progresso do aluno e para uma melhoria permanente e progressiva da qualidade.

Enquanto não se aceitar esta alteração, sempre que os exames não forem tão fáceis estes alarmes tocarão e todos nos escudaremos nos diversos intervenientes. Mas, infelizmente, passado o susto rapidamente nos deixaremos seduzir pela ilusão da igualdade de acesso e do suposto impacto dos cortes financeiros.

Nós acreditamos que os jovens Portugueses têm um grande potencial e que poderiam fazer muito melhor num sistema em que existisse Liberdade de Educação e em que as escolas rigorosas e exigentes conseguissem que cada aluno desse o melhor de si próprio...

Leia AQUI o nosso Dossier sobre Escolha da Escola e Sistema Público de Educação na Escócia.

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