quarta-feira, 13 de junho de 2012

língua: mais valia em Goa

India
Língua portuguesa é uma mais-valia para os goeses - Autor 



Lisboa - O autor de um livro sobre literatura goesa em português, hoje apresentado em Goa (sul da Índia), defendeu que a língua de Camões é uma mais-valia para os goeses, nomeadamente no sector das tecnologias de informação. 

 
No dia em que apresentou o seu livro "Oriente e Ocidente na Literatura Goesa", que resulta de uma tese de doutoramento em literatura portuguesa apresentada na Universidade de Goa, Eufemiano de Jesus Miranda manifestou o desejo de ver crescer o interesse dos estudantes goeses pela língua portuguesa.

 
"Da minha parte, farei tudo o que puder pela língua portuguesa, que para mim é uma segunda língua de berço", disse à Lusa, por telefone, após a apresentação daquele que é um dos poucos livros escritos em português a ser lançado em Goa nos últimos 50 anos. 


 
A língua portuguesa, dominante em Goa até 1961, quando forças indianas conquistaram o território aos portugueses, tem hoje uma relevância relativa, centrada sobretudo no estudo da história, admitiu Eufemiano Miranda. "Quem queira fazer estudos de historiografia tem de estudar português", disse.

 
Mas cada vez mais, acrescentou o autor, também a indústria indiana, "principalmente nas tecnologias de informação", precisa do português "para se relacionar melhor com os países de língua portuguesa", nomeadamente o Brasil e Angola. 


 
"Sei que aqueles que estudaram português têm hoje alguns empregos no sector", disse Eufemiano de Jesus, que é o pároco de Chicalim, uma aldeia perto da cidade goesa de Vasco da Gama. 


Também o cônsul português em Goa, que esteve hoje na apresentação do livro de Eufemiano Miranda, sublinhou que numa sociedade como a de Goa o cultivo da língua portuguesa "será de grande ajuda para os goeses", contou o autor. 


 
Eufemiano Miranda reconheceu que "os estudantes em Goa ainda não consideram plenamente a potencialidade de aprender a língua portuguesa como meio de se aperfeiçoarem profissionalmente", mas admitiu que "há algum interesse". "Espero que cresça", disse. 

 
Recordou que existe ainda toda uma geração, à qual pertence, que teve formação portuguesa e por isso fala português no seu dia a dia. Já os mais novos, afirmou, "aprendem português como língua estrangeira", no secundário ou na universidade. 

 
Comparando com outras línguas, como o francês, que é "uma língua inteiramente estranha aos goeses", aprender português tem algumas vantagens: "Nas famílias que falam português, os mais jovens procuram aprender o português porque podem comunicar com os pais". 

 
"Valia a pena explorar este aspecto no ensino da língua portuguesa", defendeu. 


 
Sobre o livro que hoje apresentou, Eufemiano Miranda explicou que resultou da sua tese de doutoramento em literatura portuguesa, na qual abordou "os temas principais da literatura indo-portuguesa dos séculos XIX e XX num contexto socio-histórico". 


 
O livro foca temas como a obra de Francisco Luís Gomes e de Orlando da Costa, a imagem da Índia na poesia dos goeses de língua portuguesa ou a figura da dançarina do templo hindu na literatura lusófona. 






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