IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS
Os exemplos dados são sempre os que mais convêm aos detratores do AO, com o objetivo de mostrar a nova grafia como excêntrica e à revelia de todas as outras línguas.
Como é evidente, isso não é verdade. Não deixa de ser curioso que, na tabela apresentada, se tenha excluído o italiano (língua latina e muito próxima da nossa) em prol do alemão!!!
À tabela abaixo, apresento estes contraexemplos:
Em latim | Em francês | Em espanhol | Em inglês | Em italiano | Em português de Portugal pré-AO | Em português de Portugal pós-AO |
objectu | objet | objeto | object | oggetto | objecto | objeto |
projectu | projet | proyecto | project | progetto | projecto | projeto |
subscriptiōne | souscription | suscripción | subscription | sottoscrizione | subscrição | subscrição |
constructiōne | construction | construcción | construction | costruzione | construção | construção |
victorĭa | victoire | victoria | victory | vittoria | vitória | vitória |
practĭca | pratique | práctica | practice | pratica | prática | prática |
optiōne | option | opción | option | opzione | opção | opção |
captīvu | captif | cativo | captive | cativo | cativo | cativo |
dictionarĭu | dictionaire | diccionario | dictionary | dizionario | dicionário | dicionário |
assumptiōne | assomption | asunción | assumption | assunzione | assunção | assunção |
Como se vê, há exemplos para tudo. Palavras como “objet” (francês) e “objeto” (espanhol) também já não têm “c” há séculos. Porque choca, então, a palavra “objeto” em português?
Por outro lado, o italiano há muito que também abandonou a escrita de letras que não pronuncia, sem dramas…
Também não deixa de ser curioso que, se fizermos um levantamento de “c”, “p” e letras afins que ainda se mantêm noutras línguas, vemos que a ortografia de 1945 (que tanto querem agora preservar em Portugal, o tal “velho português”) também já tinha mandado às urtigas a esmagadora maioria das consoantes mudas que se anteriormente se escreviam. A partir de 1945 deixou de se escrever “escriptório”, “assignatura”, “práctica”, etc., etc., etc. Será que – já agora! –, por uma questão de coerência com outros idiomas europeus, não seria conveniente recuperar todas as letrinhas mortas que as palavras já carregaram no passado!?
Um abraço,
Manuel de Sousa
Porto, Portugal
Porto, Portugal
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