domingo, 8 de abril de 2012

PEPETELA AO 1990 E LUSOFONIA

IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS
A construção da lusofonia- há que ouvir as vozes discordantes e a não unanimidade de opiniões

Para entendemos o caminho a percorrer e as dificuldades a enfrentar na construção da lusofonia, há que conhecer as vozes discordantes e a não unanimidade de opiniões. Não temos um mar de rosas pela frente.

Numa entrevista recente ao Jornalirismo o escritor angolano Pepetela levantou  algumas dúvidas sobre a lusofonia e sobre o conceito de que o que nos une é a  língua comum!  Eu concordo.Só a língua? E Pepetela também questiona o acordo ortográfico, porque não o considera ainda relacionado com todos os seus falantes......mais das terras dos tapuias...

 . 
Autor de mais de 20 obras, Pepetela é 
grande nome da literatura lusófona.
Nascido Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, a 29 de outubro de 1941, na cidade de Benguela, capital da província de Benguela, de onde se embarcou boa parte dos escravos trazidos ao Brasil, foi um dos guerrilheiros a se levantarem contra Portugal por uma Angola livre. Era 1969. Ali nascia Pepetela, conversão de fé do sobrenome Pestana ao seu vocábulo equivalente em umbundo, uma das línguas nacionais de Angola. Nome de guerra, efetivamente.
Pepetela, ao lado do camarada Agostinho Neto, o médico-guerrilheiro-poeta, primeiro presidente da Angola independente, fez da Utopia um lugar possível, e acessível. Seu nome era Luanda.
Aos 70 anos, o escritor, vencedor, entre outros, do prestigiado Prêmio Camões (1997), pelo conjunto da obra, tornou-se crítico dos rumos de seu país, que, apesar da independência, celebrada a 11 de novembro de 1975, considera cativo, entretanto. Seu livro mais recente (romance) é A Sul. O Sombreiro, lançado no fim do ano passado, em que retrata mais uma vez a formação de Angola, desta feita com foco nos ardis originais da cidade de Benguela, nos séculos XVI e XVII.
Na entrevista ao Jornalirismo, Pepetela diz desconfiar da propalada lusofonia, a união dos países falantes do português (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau e Timor-Leste). Para o autor, “é um mito forjado há pouco e que não vai ter grandes frutos se se continuar em insistir que o que nos une é só a língua”.
O escritor também fala – em seu português castiço, sem concessões ao “acordo ortográfico” adotado apenas em terras tapuias – de racismo, de liberdades individuais e aprisionamentos econômicos e de literatura. 

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