domingo, 29 de abril de 2012

O fim do Neo-Liberalismo? artur alonso novelhe


O fim do Neo-Liberalismo?

ARTUR ALONSO 28 DE ABRIL DE 2012 0

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Nos anos 80 as políticas de Reagan e Thatcher – nos EUA e na Grã Bretanha – respetivamente, iniciaram o caminho do chamado neoliberalismo. Este tipo de políticas trouxe consigo, na Europa, três resultados iminentes – ainda que com distinta evolução cronológica: por um lado o principio do fim do Estado Providencia ou Sociedade do Bem Estar e por outro, mais a longa data, o principio da desaparição do Estado Nação (consequência esta que – de não mudar a tendência – agora estamos a verificar). O terceiro resultado tem muito a ver com a sequência da implosão especulativa dos 70 que leva até políticas financeiras dos 80 que implodem na grave crise global e sistémica do 2007 – 2008, e vai trazer consigo a ultrapassagem desde o modelo neoliberal face a um novo modelo – que o economista norte-americano Michael Hudson denomina de “Neo-Feudalismo” ou “Capitalismo das Rendas”, uma versão depredadora, onde o capital financeiro devora todo o setor publico, suscetível de ser convertido em património privado, do que tirar eternas rendas.
Está nova versão só pode ser entendida como lógica evolutiva, desenvolvida trás a perda de poder do mundo operário (derrota do Império Soviético incluído) e o auge do projeto mercantilista que durante o século XX travou uma guerra complexa contra a força de trabalho. Uma vez minorado o inimigo o modelo capitalista tem na Europa pouca resistência, e o desnível em favor da visão mercantilista trouxe a aceleração desta aposta; que por sua vez esta a causar duas tendências visíveis: por um lado a superação do neoliberalismo em favor de um capitalismo das rendas, e por outra o enfraquecimento das políticas sociais – junto à morte acelerada do património publico. Na nova versão toda mais valia vira em favor dos ricos enquanto os custes dos processos são socializados – como no caso das políticas de austeridade (outro fato derivado desta vitoria mercantil sobre o movimento operário).
Certamente esta nova versão imposta pela Ordem Mercantil está a comandar todo o Ocidente. Os EUA viraram efetivamente a Império Único na Historia com capacidade de policiamento a nível global, o que garante a expansão do poder mercantil privado por todo o Orbe.
Duas são as travas com que este novo modelo está a concorrer. Uma ameaça direta – representada por modelos como o venezuelano ou o Iraniano, e outra é uma versão não diretamente ameaçadora e com a qual, pelo momento, o modelo das rendas pode ainda coabitar, que seria a representada pelos países emergentes como Brasil, China, Índia… e que em distinta medida, com estratégicas e postas em cena diferentes, poderíamos no entanto qualificar de “Capitalismo de Estado”…
Ante a primeira ameaça o Ocidente Mercantil já jogou e esta a jogar fortemente a carta do isolamento, e mesmo inclui possíveis confrontos diretos como no caso do Irão… No tocante a segunda versão apresentada pelos emergentes, e virada a políticas de desenvolvimento, uma guerra silenciosa está a ser travada nessas regiões e países, entre o setor mercantil privado apoiado pela Ordem Mercantil Ocidental e o Estado – que no caso, por exemplo, do Brasil – procura editar uma nova via de Estado Providencia, a ser ensaiada no território nacional e logo espalhada dentro de toda Unasul.
Parte desta luta são as novas visões mesmo dentro da esquerda, sobre ate onde deveria evoluir o modelo neoliberal a nível global. Os brasileiro Francisco António Doria e José Carlos de Assis vêm de publicar um esclarecedor livro intitulado “O universo neoliberal em desencanto”, em que precisamente apostam pela nova versão do Estado Providencia, que tenta implementar o governo Dilma Rousseff, e que sem duvida é o mais próximo aos interesses da nação carioca tanto na sua área de ação privilegiada do Sul da America, quanto no resto do hemisfério sul.   
De ter sucesso na sua guerra silenciosa contra a Ordem Mercantil apoiada pelo Ocidente, o governo do PT brasileiro bem poderá exportar sua visão, também ao resto do Cone Sul, onde países como Sul África, Angola e mesmo a Índia são grandes aliados estratégicos da potencia Sul Americana. Isto modificaria a longa a agenda mundial e apesar da visão de Francisco Doria e José de Assis no seu novo livro sobre o universo neoliberal em desencanto, e a famosa coordenação que eles acham estar no centro da política mundial futura, se tornaria – se o Império Norte Americano – resolver em seu favor as ameaças do Irão e a Venezuela, em outra nova via de confronto entre Capitalismo de Estado e Capitalismo das Rendas… Entre a Ordem Mercantil e os Estados Emergentes.
No tocante a Europa, no entanto a esquerda anda um pouco desnorteada; ainda não se recuperou da grande derrota dos 80 e 90 a mãos da versão neoliberal do capital. Muita parte dela ficou sem resposta trás a quebra da União Soviética. Mas a dia de hoje duas parecem ser as versões mais sobressalentes no seio da mesma, por um lado a confrontação direta e por outro o combate ao sistema dentro do próprio sistema, ou com as mesmas ferramentas que o sistema utiliza.
Nesta segunda versão, que apostaria pelo que poderíamos chamar de “capital social” ou criação de capital em mãos da sociedade, há varias apostas por riba da mesa, que vão desde a criação de “banca cívica” até a pose da terra em mãos de cooperativas agrárias, muitas delas já em luta desde um posicionamento de agro sustentável contra o mercado dos transgênicos, que está a invadir o planeta.
Nestas versões o reintegracionismo tem apostado fortemente pelas duas linhas: políticas de confronto levadas à frente nomeadamente pelo independentismo (tanto na versão de confronto violento como de enfrentamento pacifico); como alternativas variadas de “capital social” postas em marcha pelo movimento cívico.
No caso do “Capital Social” e suas expectativas. a aposta esta ainda em cernes, pelo que terão de passar vários anos para verificar dentro da Europa como está tendência vai evoluindo como – dependendo de seu resultado – vai a afetar ao conjunto da esquerda a nível Europeu e mundial. No entanto parece uma boa alternativa por enquanto no Ocidente – dado que está a morrer o Estado Nação – e o sistema parlamentar fica em grande descrédito, uma aposta pela autonomia social e uma visão muito a ter em conta para recuperarem a para recuperarem as soberanias perdidas de tipo alimentar, espacial, social…

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