quarta-feira, 11 de abril de 2012

A geotermia no Ano Internacional da Energia (17º Colóquio da Lusofonia, Lagoa, São Miguel, Açores)



A geotermia no Ano Internacional da Energia (17º Colóquio da Lusofonia, Lagoa, São Miguel, Açores)

Este ano de 2012 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional da Energia Sustentável para todos e todas.
Visitei em São Miguel dos Açores a Central Geotérmica que fornece eletricidade à Ilha. Por gentileza da Câmara da Lagoa que concertou a visita e disponibilizou um carro e motorista para lá ir. Muito obrigada pela sua amabilidade, que, aliás foi perfeita no desenvolvimento dos Colóquios da Lusofonia a que eu assistia.
Esta usina assegura, por agora, o 45% do seu consumo energético. Existe outra térmica a funcionar com petróleo que garante o resto. A ideia é ir conquistando, pouco e pouco, a independência dos combustíveis fósseis e não renováveis.
Nestas ilhas afortunadas, pretendidas ser a Atlântida perdida, os quatro elementos primordiais: Terra, água, fogo e ar, existem ao alcanço da mão.
O Grau geotérmico é alto por serem terras de origem vulcânicas e terem inúmeras nascentes de água quente. O bafo ardente do forno da Terra sai livremente alhures como nas caldeiras de Pero Botelho, nas Furnas, ou em qualquer lugar das antigas caldeiras vulcânicas existentes nas ilhas.
Este arquipélago é resultado da ação expansiva dos fundos oceânicos a partir da Grande Dorsal Atlântica que percorre este desde a Islândia até a Ilha Santa Elena já no Atlântico Sul. Das nove ilhas sete pertencem á placa Europeia e duas a placa Americana. Estão, pois, a cavalo dos dois continentes.
Esta particularidade é aproveitada para a produção de energia a partir da fonte inesgotável que procede do interior do Planeta.
Existem em São Miguel duas Centrais Geotérmicas: Ribeira Grande e Pico Vermelho.
A primeira destas explora o Campo Geotérmico que se estende pelo flanco norte do Vulcão do Fogo. A temperatura máxima que se tem registrado neste campo é de 245 ºC.
Para aproveitar este calor fizeram-se furos de entre 500 e 1000 m de profundidade.
Destes furos sai água e vapor. Numa caldeira deixa-se pousar tudo para separar ambas as fases de maneira a tirar o aproveitamento das duas formas de estado da água. O vapor vai diretamente para mover as turbinas até que é arrefecido e volta á terra por outro furo em conexão com o primeiro. A água quente é empurrada para ela própria fazer mover também as turbinas dos geradores até retornar, mais fria para a terra. Desta maneira os aquíferos nunca são esgotados. O Nível da água no interior da terra se mantém constante. Num permanente tirar e voltar. A água é completamente reciclada, pois os circuitos em que se movimenta são fechados. Mediante furos de produção e de injeção.
Ainda assim estas centrais não conseguem um fornecimento permanente nem constante, pois estão submetidas a oscilações na sua produção. Por isso, todavia é necessário o apoio da Térmica de Fuel que mantém a produção em termos constantes.
Outros aproveitamentos geotérmicos estão a ser explorados, já na ilha Terceira, no Campo Geotérmico do Pico Alto.
Também na Ilha do Faial, Pico, S. Jorge e Graciosa, estão a ser feitos projetos para o aproveitamento geotérmico. As previsões são de assegurar, pelo menos, o 50% da energia produzida na Ilha de São Miguel e daí para diante nas outras ilhas do arquipélago. Desta maneira os Açores estariam a caminho da sua sustentabilidade energética e da sua autonomia ambiental.
Alem destes “pormenores”energéticos, encontrei na Ilha de São Miguel uma natureza bem tratada. Verde para alhures onde se olhar, limpa para onde um quiser dirigir os olhos.
Pessoas de lá disseram que não são consentidos adubos químicos nem pesticidas para tratar as terras de labor.
Há mais de sete anos que isto foi acordado desde que se comprovou que os lagos, nomeadamente a Lagoa das Sete Cidades estava a sofrer a eutroficação provocada pela queda de excesso de adubos azotados, alastrados até ela pela abundante e permanente chuva que abençoa estas ilhas. Agora (segundo me contaram) já não estão mais permitidos.
São muitas as vacas que pastam nos verdejantes campos que se estendem nas abas das montanhas vulcânicas. Os seus dejetos são aproveitados para adubo natural das terras. Pelo que soube, apenas comem erva e as rações de apoio são fabricadas na Lagoa (São Miguel). O prédio da fábrica é o mais alto da contorna. O único a quebrar um “Skyline” apenas modulado por pequenas casinhas de um ou dois andares no máximo que conformam as formosas vilas da Ilha.
Os Açores fizeram uma aposta firme no ambiente. Nisso encontra um meio de vida e garante a sustentabilidade deste território para os seus filhos/as e netas/os.
Num texto recentemente lido assegurava o escritor, que se estava a obter muitos mais benefícios econômicos das baleias desde que a atividade com elas era a sua observação e não a sua caça.
Isso é a demonstração de que a sustentabilidade é rendável, para além de ser imprescindível se queremos seguir a viver os seres humanos, neste Planeta.
Adela Figueroa Panisse.  Na Central Geotérmica de Pico Vermelho




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