in diálogos lusófonos
O Acordo Ortográfico (AO) está a ser usado pelas escolas portuguesas desde setembro de 2011 e pelos organismos na dependência do governo (órgãos da administração central, regional e local, institutos públicos, “Diário da República”, etc.) desde janeiro de 2012. Todos os canais de televisão o utilizam, bem como a maioria dos jornais generalistas e desportivos, bem como os livros recentemente editados. No entanto, muitos autores, em livros publicados e/ou artigos de opinião, optam por manter a ortografia tradicional, desejo que, até onde julgo saber, é sempre respeitado.
Neste, tal como em todos os processos de alteração de comportamentos, há sempre gente que se opõe. Em Portugal há uma grande preocupação com a perda de identidade e, numa época de crise, como a que vivemos atualmente, estas questões tendem a ser muitíssimo exacerbadas. Algumas pessoas agarram-se aquelas consoantes mudas como se, perdendo-as, se perdesse sem remédio a própria portugalidade!
Para além disso, os detratores do AO têm contado com uma enorme projeção mediática e recorrem a todos os expedientes possíveis e imaginários para fazer emperrar o processo ao máximo. É claro que -- verdade seja dita -- todo este processo do AO tem sido pessimamente conduzido por parte de todos os países lusófonos. Como se pode aceitar que, 22 anos após a assinatura por parte de todos os países de um tratado que supostamente só trazia vantagens para todos, ainda haja alguns que nem sequer o ratificaram nos respetivos parlamentos!? É, na verdade, inacreditável e diz muito sobre o real emprenho que os países da CPLP têm na projeção internacional do seu idioma...
Acredito que, tal como ocorreu na Alemanha com a reforma ortográfica de 1996, o tempo se encarregará de fazer esbater estes medos e tudo vá mudando à medida que for crescendo esta geração que já usa o AO nas escolas. E que, daqui a 10 anos, tudo seja diferente. Há que persistir e ter paciência.
Um abraço,
Manuel de Sousa
Porto, Portugal
Manuel de Sousa
Porto, Portugal
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