quarta-feira, 25 de abril de 2012

Colóquio discute a Língua Portuguesa no meio digital




O evento ocorre nas cidades de Redenção e Guaramiranga, e conta com palestrantes de diferentes países

Redenção A língua é uma importante ferramenta de mobilização social. Antes disso, a difusão ou não das linguagens está diretamente influenciada pela geopolítica mundial. Não só a Internet, como até mesmo um aparelho de GPS são difusores da Língua Portuguesa. Os atuais avanços decorrem de uma integração dos países que têm o Português como língua comum.

O 1º Colóquio Internacional sobre a Língua Portuguesa na Internet e no Mundo Digital, iniciado ontem no Município de Redenção, reúne autoridades e especialistas na língua como uma das primeiras e maiores propostas de integração das diversidades linguísticas do Português. Entre as pautas discutidas, está a necessidade de formação de conteúdo de qualidade respeitando a diversidade linguística.

O mundo digital vai muito além da Internet. A evolução da indústria de computadores e, da mesma forma, de aplicativos tem colocado o português na mesa de consumo. Não é novidade a grande participação não só do Brasil como de outros países de Língua Portuguesa no mercado consumidor digital.

"Os falantes geralmente não têm a noção da quantidade de trabalho que está por trás da produção do mundo digital, mas isso tem mostrado um novo papel econômico da língua nas novas formas de produção. Até ao próprio capitalismo contemporâneo interessa o multilinguismo", diz Gilvan Müller, diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (Iilp). Porém, fala da necessidade de formação de conteúdo, não apenas a garantia de acesso de línguas à Internet e ao mundo digital.

O Colóquio Internacional da Língua Portuguesa, que é sediado no Ceará, é o terceiro dentro dos quatro eixos estratégicos desenvolvidos para o tema: a da diversidade interna da língua nos países, as diásporas (migrações), a Internet e o mundo digital, e a do próximo colóquio (na África), que terá por foco a Língua Portuguesa nas organizações internacionais.

Confluência
"Temos um momento confluente. Por um lado, uma maior percepção dos direitos da língua; por outro, uma demanda de que novos mercados linguísticos sejam incorporados e que esses mercados funcionem de uma maneira multilíngue", explica o professor Gilvan Müller, doutor em Linguística.

Para Daniel Pimenta, palestrante na conferência magistral, a ampliação do acesso do Português nos meios digitais e na Internet não tem sido acompanhada de um aproveitamento da diversidade linguística - uma das principais riquezas da Língua Portuguesa. "Faltam políticas públicas de conteúdos", aponta Daniel, que é diretor da ONG Funredes, sediada na República Dominicana e que trabalha com as comunidades a Internet como ferramenta para o desenvolvimento social e cultural.

O doutor Gilvan Müller vê como preocupante uma realidade em que, especialmente pelo Brasil, o Facebook apresenta grande quantidade de usuários (e, portanto, tráfego de informações) em Língua Portuguesa, mas o site Wikipedia, por exemplo, que configura informações mais aprofundadas do que o típico tráfego de informações do Facebook, tem valor muito menor.

Suporte
Mesmo entendendo que, para a difusão da Língua Portuguesa e suas variáveis, é necessário um suporte para que o idioma ocupe um espaço, Gilvan Müller defende que tal ocupação, de algum modo, já aconteça, de forma a ser seguida do acompanhamento das demandas.

Luanda, na África, é um dos países com maior abertura não só para a difusão da Língua Portuguesa como de suas variedades linguísticas. Mais do que o Brasil, conforme o professor, que carrega também uma grande responsabilidade de socializar mais a sua diversidade linguística. As nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) possuem 339 diferentes línguas, das quais 215 estão somente no Brasil. Uma diversidade que perde força, de acordo com Gilvan, nos meios de comunicação de massa.

O colóquio segue hoje em Guaramiranga com debates sobre os seguintes temas: "O futuro das línguas na Internet", "Ações Governamentais para o Português na Internet", "Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa" e "Propostas de Formação para o Português Digital no Século XXI". Amanhã, será elaborada a Carta de Guaramiranga, que pautará discussões para a 2ª Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa, em Lisboa.

Participantes
Participam também do evento membros do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (Iltec) de Portugal; Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (Nilc) da Universidade Federal de São Carlos; Adobe System; Microsoft; Funredes; Universidade de Lisboa; Universidade do Algarve; Universidade de Brasília; Universidade Federal do Ceará; Comitê Gestor da Internet no Brasil; Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia; Porto Editora; Universidade Eduardo Mondlane; Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde; Instituto de Ciências de Educação da Angola; Ministério da Educação e Ciência de Portugal e Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa.
FIQUE POR DENTRO
Idioma é o quinto mais falado na Internet

O Ceará sedia, entre Guaramiranga e Redenção, o 1º Colóquio Internacional sobre Língua Portuguesa na Internet e no Mundo Digital. O evento acontece em diferentes pontos do mundo para discutir o futuro da Língua Portuguesa. O evento tem conferencistas de Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, República Dominicana, Estados Unidos e Brasil. É promovido pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (Iilp) com apoio da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), em Redenção. O português é a quinta língua mais falada na Internet. Dos 221 milhões de falantes,87 milhões estão na rede.
MELQUÍADES JÚNIORREPÓRTER


Atividade nos últimos dias:

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