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Dicionário algarvio de termos e dizeres do Algarve (já com o novo acordo ortográfico)
Eis o esboço para a grande obra a inaugurar em breve, o grande “Dicionário algarvio de termos e dizeres do Algarve (já com o nove acorde ortográfique)“
Quem tiver sugestões para adicionar, é bem-vindo a contribuir! É só colocar uma resposta no fim desta página.
Espero que seja do vosso agrado.
AAbuscar – Buscar, procurar (Ex: ‘Us cãs abuscarem os coelhes no mê do mate’)Acarditar – Acreditar. (ex: ‘Moce, até parace que n’acarditas em mim.’)Acêfa – Ceifa (Ex: ‘Temes c’acêfar o milhe’)Açotêa – Terraço usado para secar frutos secos e peixe.Ademorar – demorar (Ex: ‘Ó Chique, pra quê tamanh’ademora?’)Adés – Adeus (Ex: ‘Adés óme, pr’ónd’é que vás?’)Ah mon – Ai mano, ai moço. (Ex: ‘Ah mon, tá tude bem?’)Alagar tramôçes – Preparar tremoços (que consiste em mergulhar os tremoços durante alguns dias em água corrente da ribeira após a cozedura inicial)Alcagoita – Aperitivo para descascar e acompanhar uma cerveja bem geladinha na taberna. O mesmo que minduim. (Ex: ‘Ti Tonho, traga umas alcagoitas prá gente quemer de companha c’as sarvejas’)Alevantar – O acto de levantar com convicção. (Ex: ‘Alevantê-me e fui-me embora!’ ou ‘Alevanta-te Zé Manel!’)Almariade – mal disposto, tonto, enjoado, conforme o contexto. (Ex: ‘Ah. mon, moce, até parece que tou almariade’)Alpendrada – o mesmo que alpendre.Alumiar – Apontar uma luz em direção a algo. (Ex: ‘Ó Luís, alumeia-me aqui o caminhe’)Alvariade – Alguém que anda com a “cabeça no ar” por causa de namoro. (Ex:‘Maldeçoada da minha filha, c’anda alvariada per’cása daquele maldeçoade’)Amandar – O acto de atirar com força: (‘O guarda-redes amandou a bola pra lá de Cacilhas’)Amantizade – Alguém que vive maritalmente com outra pessoa sem contudo ter casado para o efeito. União de facto. (Ex: ‘A Maria e o Manel vivem amantizades’)Amarinhar – Ir para o mar tripular navios (Ex: ‘U mé filhe anda amarinhade’)Amigáde – Semelhante a Amantizade.Amódes – De maneira que… (Ex: ‘Amódes q’iste é assim’ – Ver também ‘De modes’)Andémes – Andámos (Ex: ‘- Ondé c’anderem moces? – Andémes na debulha.’)Andérem – Andaram (Ex: ‘-Ondé c’andeste? -Andi pur aí.’)Apertelência – Ousadia (Ex: ‘Tem munta apertetência, aquele Tonhe Jaquim.’)Arrear – Deixar caír, desistir, bater, embater, esmurrar. (Ex: ‘Vou-t’arrear umas purradas!’)Arrelampag – Efeito luminoso que ocrre normalmente durante as tempestades. (Ex: ‘Moce, tira-te daí c’ainda levas com um arrelampag!’)Arram – Rã (Ex: ‘Fui à rebêra e vi uma arram’)Arreata – Lábia, ousadia (Ex: ‘Tem uma arreata, aquele Ventura…’)Arrenca-pinhêres – Homem muito baixo e muito magro.Arrencar – Arrancar (Ex: ‘Brune, já arrencast’us pregues?’)Arrioça – Baloiço (Ex: ‘Jorge toma cuidade pra na caíres d’arrioça.’)Aspergic – Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.Assebiar – Assobiar (ex: ‘U Nune assebia munte bem’)Assebida – Parte de uma estrada ou caminho com uma inclinação ascendente acentuada (Ex: ‘Danada daquela assebida, aquile é que custa a assebir!’)Assentar – O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento. (Ex: ‘Atã na ‘tassentas Jaquim?’)Atão – Então (Ex: ‘Atão Mari-Tereza, na t’espachas?’)Auga – Água (Ex: ‘Na bebas áuga antes de dermir Zé Manel, que mijas na cama’)Avó – Avô (no masculino) (Ex: ‘O mê avó tem muntas farrobas’)Avó – Avó (no feminino) (Ex: ‘A minha avó tá’amassar o pão’)BBaldear – Enlouquecer (Ex: ‘Agora é que cumadre Silvina baldeou de vez…’)Bassôra – Também com a vertente ‘vassoira’. Utensílio doméstico para recolha de lixo, habitualmente com a ajuda da ‘apá’.Belancia – Melancia (Ex: ‘Agora come-se a belancia’);Barimbar – Indiferença, não querer saber (ex. ‘Tou-m’a barimbar pra isse’)Barreca – Barraca (Ex.: ‘Prontes, já tá a barreca armada’.)Batenêra – Máquina que serve pra fazer betão, cimento armado. (Ex: ‘Moss, liga a batenêra’)Bele – Belo (Ex: ‘Cumadre, que beles trabalhes de renda’)Berculose – Tuberculose (Ex: ‘O pobre do Asdrubal tá com berculose’);Béqme – Bem que me… (Ex: ‘Béqme parecia crer… É sabia!’)Besaranha – Vento desagradável (Ex: ‘Andava cavande mas o raie da besaranha na me largava da mão’)Bicha – Cobra, víboraBorra-botas – Profissional de fraca qualidade cujo trabalho é deficienteBradár – Gritar (Ex: ‘Ó Flipe, tu na m’ouves é bradar per ti?’);Bucha – Almoço, merenda ou lanche (Ex: ‘Iste já tá na hora da bucha’)Buftada – Chapada (Ex: ‘Ah maldeçoade dum ladrão… Tás aqui, tás a levar uma buftada.’)CC’anda – Que anda (Ex: ‘O Tonhe é c’anda com a enxada’)Calêra – Camalhão usado para abrir regos (rede de canais na terra) usados da rega artesanal introduzida pelos árabes a península ibérica.Cagalôse/a – Pessoa sensível, medrosa. (Ex: ‘Ó Chique, hoje tás tode cagalôse!’)Cagorre – Susto (ex: ‘Aquele maldeçoade do Zé da Silva, amandou-me um cagorre c’até vi luzes’)Caguifa – Medo. (Ex: ‘De nôte tenh’uma cacuifa, mas de dia na tenhe’)Caminéte – Autocarro (Ex: ‘Ontre-dias atrazê-me e perdi a caminéte’)Caminhe – Caminho, caminhar. (Ex: ‘É caminhe no caminhe’)Campe – CampoCantarinha – O mesmo que cântaro. (Ex: Fui ó pôce e dexê caír a cantarinha’)Capacha – Tapete. (ex: ‘Tenhe as capachas du carre todas nejentas’)Capache – O mesmo que capacha, abanico para avivar o lume. (ex: ‘Carles, da dêxes o fogue s’apagar! Abana isse c’u capache’)Capom – Porta que tapa o motor do automóvel que quando se fecha faz POM!Catatumbas – Sitio para onde se vai depois de morto. (Ex: ‘É cá nã quer’ir pr’uma catatumba, quer’ir pró chão’)Cáxa – Caixa (Ex: ‘Moce, na dás uma prá cáxa…’)Cemente – Tradução algarvia para cimento;Cesterna – Cisterna (depósito subterrâneo para recolha de águas pluviais e posterior consumo humano)Cirque – Circo (Ex: ‘Vames andande pra mod’ir pó cirque.’)Capetania – CapitaniaCóras-som? – Perguntar as horas (Que horas são? – Ex: ‘Ah mon, córas-som iste?’)Comá-gente – Como nós (ex: ‘Fomes ó Alenteje e vimes unz’omes a beber sarveja lá comá-gente’)Comé-quié? – Como é que é? (Ex: ‘Ó Chique, comé-quié?’)Companha – Companhia (Ex: ‘Cumadre, faça-me companha aqui na renda’)Cromade – Opção que se exerce em vida pra quando se morre. (Ex: ‘É’cande morrer, quêre ser cromade’)Cucharro – Colher grande feita a partir de cortiça para beber água. (Ex: ‘Fui à fonte e bebi água com o cucharro’)Debulha – Separar a palha dos grãos de cereal (ex: ‘Moces, andem todes daí e vames debulhar o trigue’)DDemódes – De maneira que… (Ex: ‘Demódes qu’iste é assim’ – Ver também ‘Amodes’)Desbrugar - Descascar favas ou ervilhas. (Ex: ‘Ó filha, desbruga-me aí umas ervilhinhas’)Desbugalhades – Usado para referir uma pessoa com os olhos bem abertos. (Ex:‘A Silvina apareceu aqui ontre-dias com us olhes desbugalhades’)Descabide - Iname, sem jeito. (Ex: ‘Aquele Tonhe anda même descabide’)Desfolhada – Tirar as folhas à maçaroca de milho.Desgroviade – O mesmo que desnorteado. Homem desorientado. (ex: ‘Aquele Marceline é même desgroveade.’)Deslargar – Ato de lagar o que tinha sido largado. (Ex: ‘Ah mon… Moce! Deslarga-me da mão!’)Desmazia – O dinheiro remanescente que se recebe depois de se pagar uma compra. (Ex: ‘Aqui tem a sua desmazia Ti Maria.’)Despôs – Depois (ex: ‘É fui ó mar, despôs vim’embora.’)Destrocar – Trocar uma nota de dinheiro de alto valor para ficarmos com notas mais pequenas. (Ex: ‘Ó ti-Tonho, destroque aqui esta nota, faz-afor.’)Dexê – Deixei (Ex: ‘Na sê ond’é que dexê u raie das chaves’)Diéb – Diabo. Muito usado para monstrar indignação perante alguém. (Ex: ‘Té dieb, nam’apoquentes, maldeçoade!’)Disvorciada – Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.EÉ – Eu (Ex: ‘É na sê quem foi, más iste chêra-ma’esturre’.)Empachade – Pessoal que leva muito tempo para se despachar. Pode referir-se também a alguém que sofre de obstrução intestinal. (Ex: ‘Ó Albertine, até parece que tás empachade, moce…’)Empanzinar – Comer em demasia até abarrotar. (Ex: ‘Na te digue nada Zé, hoje quemi em desmazia. Tou même empazinade…’)Empulheta – Pequena caixa à saida de um tanque por onde sai a água. (Ex:‘Tenhe que destapar a empulheta pra mod’ir regar a horta.’)Encalipe – Eucalipto (ex: ‘-Ondé que forem o João e a Maria? -É cude que forem pós encalipes’)Enfusa – Bilha (ex: ‘Miga, dá-m’aí a enfusa da água.’)Entropeçar – Tropeçar duas vezes seguidas. (ou só uma mesmo! Ex: ‘Cuidade Zé, que já entropeçastes’)Êrade da cesterna – Zona delimitada à volta da cisterna, com inclinação constante, para recolher a água da chuva.Êres – Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses, nomeadamente a sul do rio Sado.Escampar – Parar de chover. (Ex: ‘Vezinha, na s’importa qu’é fique aqui pa m’abrigar da chuva até escampar?’)Esgarrões – Chuvas muito intensas e fortes.Estrafega - Tarefa intensa e contínua para tentar acabar um qualquer trabalho com uma data limite apertada. (ex: ‘Fui cavar batatas e aquile é que foi uma estrafega…’)Esturre – Estado do que fica muito seco e quase queimado. (Ex: ‘Iste chêra-ma’esturre.’)FFalastes (dissestes…) – Articulação na 4ª pessoa do singular. (Ex.: ‘é falê, tu falaste, ele falou, TU FALASTES…’)Farroba – Alfarroba (Ex: ‘Maldeçoades dos pórques que já me forem às farrobas’)Faz-avôr – Se faz favôr, por favôr. (Ex: ‘Cumadre, dêm’aí o guidal, faz’avôr’)Fêjão carite – Feijão frade (Ex: ‘Goste munte duma saladinha com fêjão carite’)Feniscadinho – Homem muito magro (ex: ‘Pálino, andas même feniscadinhe’)Franquelim – Homem fraco (ex: ‘Esse dieb é um franquelim qualquer c’anda pr’aí’)Fezes – Canseiras, preocupações. (Ex: ‘Ah mon, tenhe andade c’umas fezes pur cása do vizinhe…’)Fraturação – O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial. (ex: ‘Cása que n’a fratura, na predura.’)Frent – Frente (Ex: ‘Maldeçoade, tira-te já da minha frent, qu’é na te posse ver!’)GGalegue – Pessoa do norte. (ex: ‘Aquel’óme c’apareceu pr’aqui ontem deve ser galegue.’)Griséu – Ervilha.Guidal – Alguidar (Ex: ‘Cumadre, dêm’aí o guidal, faz-avôr’)Gurnir – Grunhir (Ex: ‘Us pórques levem a nôte toda a gurnir’)HHá-des – Verbo ‘haver’ na 2ª pessoa do singular: (e: ‘É hei-de cá vir um dia; tu há-des cá vir um dia…’)II-di – E daí (Ex: ‘O Carles assebiu, i-di caiu.’)Impertante – Importante. (Ex: ‘Iste é um assunte munt’impertante’)Inclusiver – Forma de expressar que percebemos de um assunto, ou não percebemos de todo! (Também existe a variante ‘Inclusivel’. Ex: ‘E digue ainda más: É inclusiver ache este assunte munte impertante.’)LLambarêre – Pessoa que não consegue guardar um segredo. (Ex: ‘A Améla é uma lambarêra’)Ladêra – Descida acentuada (Ex: ‘Filha, tem cuidade a descer a ladêra pra na caíres’)Lagues – LagosLariar a pevide – Passear sem permissão para tal, vadiar (Êx: ‘O Manel anda a lariar a pevide’)Larada – Algo provável de se encontrar nas fraldas dos bebés. (ex: ‘Ah mon, a Beatriz chêra tã mal c’até parece que tem uma larada nas fraldas’)Laruêre – Pessoa que anda sempre a laruar, ou seja, na boa vida, sem prestar contas a ninguém. Semelhante a lariar. (Ex: ‘Aquele Tonhe Jaquim e´um laruêre’)Legues – LagosLêra – forma de talhar a terra para o cultivo. (Ex: ‘Chique, vai cavar a lêra das couves.’)Liquidazinha – O mes moque “nitidazinha”. Diz-se que a ‘omaja tá munte liquidazinha’ quando pretendemos indicar que a televisão tem uma imagem muito bem definida. (Ex: ‘Ó vezinha, a sua tlevezão tem uma omaja munte liquidazinha’)Lógues – LagosLuzescús – Pirilampos (Ex: ‘Esta nôte tá tude chê de luzescús’)MMacheia – Uma mão cheia. (Atualmente usa-se muito o termo “bué” Ex: ‘Jaquim, hoje vi uma macheia de combois a passar.’)Madronhe – Aguardente de medronho (Ex: ‘Este madronhe é même du bom’)Magane – Vendedor ambulante comparável a um cigano (Ex: ‘Aquele magane das camisas é um maldeçoade!’)Magala – Idêntico a magano.Maline – Maligno, mau, teimoso (Ex: ‘U Humberte é même maline’)Má que jête? – Mas que de jeito? Expressão muito popular utilizada para mostrar indignação num diálogo perante um tema ou assunto relativamente insólito. (ex:‘Manel, atã tu na vás danças com a Jaquelina? -Eu? Má que jête?’)Maldeçoade – Almaldiçoado (Ex: ‘Ah moce maldeçoade, tira-te já daqui, pra qu’é na te veja na minha frente!’)Marafade – Irritado, zangado, teimoso ou com garra. No Sotavento algarvio diz-se marfadu (Ex: ‘Ha moce marafade!’)Marcade – Mercado (Ex: ‘Ontem foi o marcade d’Odeáxere’)Marcar – Comprar, vender, negociar, conforme o contexto.Más – Mais (Ex: ‘É na sê quem foi, más iste chêra-ma’esturre’.)Mate – Mato (Ex: ‘Us cãs abuscarem os coelhes no mê do mate’.)Matrafona – Mulher feia e gorda. Boneca de trapos. (Ex: ‘A filha do Alberte tá fêta matrafona’)Mázi – Mas e (ex: ‘Ó ti Manel, mázi comé c’avera de ser isse?’)Mé – Meu (Ex: ‘Que jête u mé cão ter pulgas?’)Meceia – Vossemecê (Ex: ‘Cumadre, agora na posse falar co’meceia, porque tenhe que tender o pão’)Mechas – Expressão usada para demonstrar aborrecimento (eufemismo de ‘merda’) (Ex: ‘Mechas que já dexê cair os oves’)Melanças – Melancias (geralmente usado apenas no plural. Ex: ‘Cumprade, na tem aí adube prás melanças?’)Miga – Amigo ou amiga em ato muito familiar (ex: ‘Miga, passa-mu pão.’)Minduim – Aperitivo para descascar e acompanhar uma cerveja bem geladinha na taberna. O mesmo que alcagoita.Moss – Moço (Ex.: ‘Moss, deslarga-me da mão’)NNa dou fête – Não consigo fazer. Diz-se quando não se consegue fazer algo ou desempenhar determinada tarefa. (Ex: ‘Moce, é na dou fête isse!’)Nha – Assim como Mon, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? (Ex: ‘A ‘nha mãe é que sabe, n’é a tua!’)Númaro (Também com a vertente ‘númbaro’) – Número. (Ex: ‘Ah mon, qual é o númaro do té tlefone?’)OOmaja – Tradução algarvia para Imagem. (Ex: ‘Ó Chique, percebes de tlevesons? A minha na dá omaja…’)Óme – Homem (Ex: ‘Adés óme, pr’ónd’é que vás?’)Ontre-dias – Há pouco tempo (Ex: ‘Ontre-dias, passou por aqui o Zeferine’)Oves – OvosPPciclete – Veículo de duas rodas sem motor (Pode também referir-se aos com motor. Ex: ‘Maldeçoades, ondé que meterem a minha pciclete?’)Pêche – Peixe (Ex: ‘Hoje fui à praça, ma ná’via pêche’)Parteleira – Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.Patiar – Pisar, patinhar, geralmente onde não se deve. (Ex: ‘Sai daí Jaquim, tu na vêz que tás-ma patiar u chã tode?’)Patochadas – Tolices (ex: ‘Aqueles plitiques só dizem patochadas’)Perssunal – O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. (Ex.:‘Sou perssunal de futebol’ – Dica: deve ser articulada de forma rápida.)Pial – Banco de taipa (construção de barro e pedras) encostado à parede da entrada das casas onde as pessoas se sentavam a conversar ao fim da tarde. (Ex:‘Compadre assente-se aí no pial’)Pitaxio – Aperitivo da classe do ‘mindoím’.Pitróle – Petróleo (ex: ‘Hoje na tenhe dinhêre nem pó pitróle’)Pliça – Polícia (ex: ‘Per cása daquele maldeçoade, tive que chamar a pliça’)Plitique – Político (ex: ‘Aqueles plitiques só dizem patochadas’)Pôce – Poço (Ex: ‘Brune, tira-te daí c’ainda cais no pôce!’)Pôrre – Uma queda (Ou caír um…) Caír uma queda. (Ex: ‘Caí um pôrre no chão e fiz sãingue’)Precura – Ato de perguntar (Ex: ‘Deixa-me fazer-te uma precura…’)Pregue – Prego (Ex: ‘Vítor, dá-m’aí u pregue’)Prenha – Mulher grávida (Ex: ‘A maria anda prenha’)Prontes – Pronto (Ex.: ‘Prontes, já tá a barreca armada’.)Percása – Por causa (Ex: ‘Ah, mon, atã na vês quiste caiu percása daquile?’)QQuáje – Semelhante à palavra muito apreciada pelos nossos pseudo-intelectuais “quaise”. (Ex: ‘Ontem, fui atravessar a estrada, e quáje qu’era atropelade pr’um carre’.)Quebra-jum – Pequeno almoço (Ex: ‘Filhe, antes de t’ires embora, na te esqueças do quebra-jum’)Que jête? – De que jeito? O mesmo que ‘Má que jête?’Quemer – Comer (Ex: ‘É vou quemer, laranjas e bananas’)RRenda – O mesmo que crochê (ex: ‘Cumadre, que beles trabalhes de renda’)SSarveja – Cerveja (Ex: ‘Já tá o Tonhe Jaquim enfrascade na sarveja’)Sãingue – Sangue (Ex: ‘Caí um pôrre no chão e fiz sãingue’)Sequinhe/a – Pessoa magra de fraca aparência, lingrinhas. (Ex: ‘O Manel anda même sequinhe’)Stander – Local de venda com especial destaque para o ’stander de carres’. (Ex:‘Quere comprar um carre nove, mas ainda na fui ó stander’.)TTãinque – Tanque (Ex: ‘Us moces maldeçoades forem ôtra véz tomar banhe pó tãinque’)Talego – Saco de tecido de fecho com cordão de correr pela boca que se usava para transportar o farnel ou para guardar o pão na cozinha. Também pode designar as mangas de tecido que são enchidas para produzir farinheiras algarvias (de Monchique). Por vezes as próprias farinheiras são chamadas de talegos.Té – Teu (Ex: ‘U té pai teve aqui ontre-dias’)Té-diéb – Muito semelhante a Diébe. Muito usado para monstrar indignação perante alguém. (Ex: ‘Té dieb, nam’apoquentes, moce!’)Tem avonde – Já chega. Diz-se que ‘tem avonde’ quando se quer dizer que uma medida qualquer já é suficiente. (Ex: ‘Jaquim, já tem avonde de sarveja!’)Teste – tampa de panela.Tendal – Lençol onde se coloca o pão a descansar antes de ir para o forno.Tender – Estender a massa do pão andes da cozedura no forno. (Ex: ‘Cumadre, agora na posse falar co’meceia, porque tenhe que tender o pão’)Tiosque – Quiosque. Hoje em vias de extinção, era outrora o local onde se podiam comprar jornais, revistas, pitaxios, etc.Tipe – Juntamente com o ‘É assim’, faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. (Ex: ‘É assim… Tipe, táza ver?’)Tlevezão – Tradução algarvia para televisão (Ex: ‘Caluda, c’u primêre menistre vai falar na tlevezão’)Tonhe – António (ex: ‘U Tonhe já anda metide no madronhe outra vez’)Tosquia – Ato de cortar o cabelo. Ex: ‘O chique foi à tosquia’)Tôca do forne – Esfregona feita com trapos velhos com que se limpam os fornos de lenha antes cozer o pão.Tramôces – Tremoços (Ex: ‘Ti-Tonhe, dê-m’aí uns tramôces pra companha da sarveja’)Trinca-espinhas – Pessoa magra de fraca aparência, lingrinhas. Pior que ‘Sequinhe’. (Ex: ‘O Afonse foi sempre um trinca-espinhas’)Treuze – Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.Tu-nouves? – Tu não ouves? (Ex: ‘Ó Meguel, atã tu-nouves é’chamar per ti?’)UU – O (Ex: ‘U presidente vem cá despôs d’amanhã’)VVossemeceia – O mesmo que Meceia, vossemecê (Ex: ‘Compadre, vocemesseia na tem adube pás melanças?’)ZZorra – Raposa ou mulher elegante mas matreira. (Ex: ‘A Mari-Luísa é cum’uma zorra’)
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