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Rússia: Centro de Língua Portuguesa promove apresentação de A Saga dos Portugueses na Rússia
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- Criado em 15 Dezembro 2011
A apresentação do ensaio intitulado A Saga dos Portugueses na Rússia (Edições da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2011) do historiador e jornalista José Milhazes juntou largas dezenas de estudantes, jornalistas, amigos da lusofonia, no dia 11 de dezembro, no café-clube Tsvet Nochi (Cor da Noite) na capital russa. A iniciativa foi do Centro de Língua e Cultura Portuguesas Portugues.Ru, única instituição privada especializada no ensino do português na Rússia. O encontro com presença do autor proporcionou um animado debate em torno das relações históricas luso-russas, cujos alicerces foram lançados por surpreendentes episódios e laços científicos, amorosos, de ódio, que envolveram notáveis vultos históricos de ambas as nações, laços esses que levariam mais tarde ao estabelecimento de relações diplomáticas. O protagonismo do primeiro chefe do Departamento Geral da Polícia de São Petersburgo, António Manuel de Vieira, na corte de Pedro I, a influência do médico e pensador António Ribeiro Sanches, a quem a futura Czarina Catarina II ficou a dever a vida, a paixão do poeta russo Alexandre Pushkin por uma das filhas do primeiro Cônsul-Geral de Portugal na Rússia, José Celestino Velho, o ódio que o poeta despertou na neta da Marquesa de Alorna, Idália Polétika, instigadora do duelo que levaria à morte do escriba russo, são alguns dos momentos que José Milhazes levou ao conhecimento dos presentes. Sem esquecer o registo de descrições de ilustres viajantes russos que passaram por Portugal e por territórios do seu antigo império. As influências dos movimentos liberais e portugueses no movimento dezembrista na Rússia, foram só mais um exemplo da erudição do estudioso português, formado na Universidade Estatal de Moscovo. Questionado sobre as semelhanças entre o povo russo e o português, respondeu que «os russos e os portugueses têm muito em comum, até nos provérbios (ao ‘Bog Dast’ corresponde literalmente o nosso ‘Deus dará’, a título de exemplo)». Ambos os povos, de acordo com o autor, são «extremamente sentimentais e dados ao romantismo». Acrescentou que «se pegarmos na romança russa (canção tradicional russa de carácter sentimental) Ia ehala domoi (de regresso a casa) e se em vez de a interpretarmos ao piano a acompanharmos com guitarra portuguesa, então obtemos um fado perfeito». As semelhanças estendem-se à forma de festejar. Segundo ele, «quando ambos os povos festejam, festejam a valer».
O promotor desta iniciativa, director do centro de Língua e Cultura Portuguesas Portugues.Ru, Stanislav Mikos, declarou que era «primordial dar a conhecer ao público russo a obra de referência sobre estas matérias.»
José Milhazes reside na URSS/Rússia há 34 anos. Para além de correspondente da Agência Lusa, do canal televisivo SIC, e RDP, é o mais conceituado estudioso da presença portuguesa na Rússia, desde os seus primórdios.
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